O diretório municipal da Rede Sustentabilidade de Bauru solicitou ao Ministério Público Eleitoral uma investigação sobre a demissão de Adriana dos Santos Oliveira, candidata a vereadora pelo partido, pelas lojas Havan. O caso foi denunciado como perseguição política. Adriana trabalhava na Havan há 11 anos e foi dispensada sem justificativa. Ela relatou que, após sua candidatura ser conhecida, enfrentou atitudes de desdém e teve suas funções reduzidas até ser demitida.
A Rede alega que o histórico de assédio eleitoral da empresa, que já foi condenada a pagar R$ 85 milhões em indenizações por pressões semelhantes durante a campanha de 2018, reforça a suspeita de perseguição política. Segundo relatos, Luciano Hang, dono da Havan, questionou os votos de seus funcionários em reuniões e afirmou que uma vitória de Lula resultaria em 15 mil demissões.
A candidata nega ter feito campanha no ambiente de trabalho e afirma que a divulgação de sua candidatura começou apenas nas redes sociais. Ela também mencionou que nunca foi advertida por comportamento inadequado relacionado à campanha eleitoral.
A Havan, por sua vez, afirmou que mantém neutralidade política no ambiente de trabalho e que qualquer violação dessas regras pode resultar em medidas disciplinares. Em resposta às alegações, a empresa divulgou um vídeo em que Adriana aparece acenando para os colegas e balançando um sino após a demissão, sugerindo que ela estaria comemorando. Contudo, Adriana explicou que o gesto era uma forma de tranquilizar seus colegas, demonstrando que estava bem após o ocorrido.
Especialistas em direito eleitoral, como Carlos Augusto Medrado, reforçam que a demissão de um empregado devido à candidatura política pode ser considerada perseguição e a falta de justificativa clara para a demissão pode fortalecer essa interpretação.
Para ele, o precedente de assédio eleitoral deve ter peso na análise, mas não é determinante. “É preciso que sejam avaliadas as circunstâncias da situação.”
“A atitude pública de desconsideração é uma forma de punir o funcionário”, diz o professor de direito do trabalho da USP Antonio Rodrigues de Freitas Junior.
Além da interação com a gerente, Oliveira cita que a rotina de trabalho na Havan era norteada pelas preferências ideológicas de Hang e deu o seguinte exemplo: “Não podíamos falar o número 13 e, quando esse número estava presente, era substituído por uma bandeira do Brasil.”
“O 13 é inadmissível na Havan, assim como é uma candidatura de centro-esquerda”, acrescenta Oliveira.
Para Freitas Junior, mesmo as “práticas caricaturais que expressam um ponto de vista do empregador” podem configurar um abuso de poder do empregador. “O patrão não pode punir ou premiar quem se comporta de acordo com preceitos políticos, religiosos ou para obter favores sexuais, o que é crime.”
De acordo com o coordenador da Rede em Bauru, Edilson Marciano, Oliveira decidiu entrar no partido após ver uma chamada pública para candidatos a vereador divulgada nas redes sociais.
“Eu já a conhecia, sabia que ela trabalhava na Havan, e, em determinado momento, ela teve suas dúvidas e insegurança, mas a gente estimulou ela”, afirma Marciano. A demissão foi uma surpresa negativa, segundo o dirigente local.
Com informações da Folha de S. Paulo.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/diretorio-da-rede-em-bauru-pede-investigacao-sobre-demissao-de-funcionaria-da-havan-candidata-a-vereadora-que-alega-assedio-eleitoral/