20 de setembro de 2024
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O candidato à Prefeitura de São Paulo, José Luiz Datena, afirmou nesta sexta-feira (6) que considera muito difícil ser eleito, embora tenha elogiado o apoio recebido do PSDB, partido pelo qual concorre. Segundo Datena, o PSDB forneceu todos os recursos necessários para uma boa campanha, apesar de estar enfrentando dificuldades, comparando a situação do partido com a do Corinthians, que luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro.

As declarações foram feitas durante evento na sede da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Adpesp), localizada próximo ao cruzamento das avenidas Ipiranga e São João. Mostrando-se mais animado do que no dia anterior, quando cancelou uma caminhada com apoiadores na Avenida Paulista, Datena comentou de forma bem-humorada: “Não sou Moisés para caminhar todo dia”, justificando a ausência.

Nas pesquisas recentes, o candidato tucano viu suas intenções de voto despencarem, passando de 14% para 7% entre os levantamentos realizados em 7 de agosto e os de quinta-feira (5).

“Mais do que já fiz, está além das minhas forças. Não pensei que uma campanha política fosse tão puxada como é. Tenho a saúde debilitada, cada vez mais. Estou na garra, na força, na luta fazendo campanha política”, disse. Na terça-feira, chegou a passar o dia no Hospital Sírio-Libanês, onde fez exames após passar mal.

Datena fez ressalvas em relação às pesquisas, disse que talvez elas não tenham detectado seus eleitores que, segundo ele, estão na periferia da cidade. Questionou, inclusive, se alguém da imprensa tinha sido entrevistado por pesquisadores. Mas, por fim, admitiu que tem contra si um cenário bastante desfavorável.

“Houve pesquisa reversível? Houve. Houve pesquisa que errou? Houve. Errar por 10 pontos? Acho difícil. Ser eleito prefeito de São Paulo? Acho difícil, pela posição nas pesquisas. Mas não custa nada tentar, porque o único objetivo com as forças que eu tenho é fazer o bem pelo povo de São Paulo”, disse.

Datena também voltou a criticar o fato de que é impedido de falar em seu programa na televisão, enquanto Pablo Marçal (PRTB) é livre para usar as redes sociais, dizendo que a legislação eleitoral está defasada em relação aos comunicadores. Por fim, ainda brincou. “Ah, isso é choro de perdedor, Datena? É”, disse.

Ao comparar a situação atual de seu partido à vivida pelo Corinthians, disse: “A situação do partido, não é vergonha dizer… Parece o Corinthians, o PSDB. Tem camisa, já ganhou campeonatos, foi campeão do mundo”, disse o candidato, que é corinthiano e acompanha o momento dramático do alvinegro, na zona de rebaixamento do Brasileiro e enfrentando uma série de problemas extracampo.

Depois, detalhou o panorama tucano, segundo a sua percepção. “É um partido muito forte, com grande chance de se reerguer, mas que foi prejudicado por muitas vaidades. Pela mosca azul do Machado de Assis, vai, vamos dizer assim (foi atraído pelo poder). Muita gente usou o partido para se promover e vive uma situação complicada não só em São Paulo, mas no Brasil”. afirmou.

A escolha de Datena como candidato à prefeitura provocou, inclusive, trauma dentro do partido, com a expulsão do ex-presidente do diretório municipal do PSDB, Fernando Alfredo, que é apoiador de Ricardo Nunes (MDB) e chegou a afirmar que o apresentador “é o biruta de heliponto da política, que almeja o poder para proveito próprio, para seus prazeres mundanos do ego e da infâmia”.

Apesar do início conturbado, Datena disse nesta sexta que o partido tem cumprido com o que foi prometido. “Tudo que eu precisava, o PSDB cumpriu. Eu queria uma campanha barata, vou continuar fazendo uma campanha barata”, afirmou.

Questionado sobre a reta final, Datena disse que gostaria de tomar um energético para “criar asas”. “O que tenho para dar como político, estou dando”, disse.

“A nossa equipe de trabalho é excelente, de profissionais de qualidade, muito boa, de marketeiros de primeira. Nosso técnicos são ótimos. Tenho um vice-prefeito (José Aníbal) com um nome enorme na política, que participou de campanhas que salvaram esse país”, disse.

A despeito da equipe da qual dispõe, Datena é considerado incontrolável e alguém que foge ao script dos candidatos convencionais, tanto que reforçou nesta sexta qual continuará a ser sua estratégia até o dia da votação. “Eu não saio na rua pedindo votos, eu saio na rua cumprimentando as pessoas e agradecendo pelo carinho. ‘Ah, mas aí suas chances ficam reduzidas’. Que se exploda, cara! Se de repente não quiserem votar em mim, não vão votar em mim”, afirmou.

O fato de ser o candidato mais conhecido da população não tem se transformado em intenção de voto, tanto que já se aproxima daqueles considerados nanicos.

O apresentador também criticou pessoas que o apontavam como favorito por causa da televisão e que falam, agora, sobre a preponderância da internet na eleição, por causa de Marçal. “É como comentarista que, quando o time está ganhando de 2 a 0, diz ‘é o maior time do mundo’. Toma três, perde de virada, e fala ‘é a maior porcaria de time que já vi na minha vida’.”

Datena também voltou a dizer que se arrepende de ter escolhido o pleito no qual estará metido até o dia 6 de outubro. “Não sou gênio para desempenhar papel de político, que eu nunca exerci. Tentei e achei que estava mais certo quando não saí como candidato do que agora que eu estou, para falar com sinceridade. Preferia não ter entrado do que participar de uma campanha tão disputada como essa daí”, disse.

Debates

Datena afirmou que ainda não é bom para se comunicar como político. Voltou a afirmar que se atrapalhou no primeiro debate, mas que depois melhorou.

“Acho que foi tão bom o segundo debate para mim que todos os críticos disseram que ninguém ganhou. Já é um bom sinal, né? Se ninguém ganhou, significa que eu não perdi”, disse.

Ainda sobre os debates, relembrou o encontro do último domingo (1) com os demais candidatos, quando, irritado, chegou a deixar seu púlpito para ficar cara a cara com Marçal. A mediadora inclusive solicitou a presença de seguranças, mas não foi necessária a intervenção.

“Disseram pra mim ‘você deveria ter dado uma porrada naquele cara (Marçal), porque subiria 10 pontos’, mas resolvi não partir para agressão, porque é a pior forma que você tem de se expressar”, afirmou. “Estive perto de agredir aquele sujeito, mas não agredi, porque, realmente, não tenho nem idade e hoje tenho educação suficiente para reconhecer que você tentar resolver fisicamente alguma coisa é difícil”, afirmou.

Com informações do Metrópoles.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/datena-reconhece-dificuldade-para-ser-eleito-e-compara-psdb-ao-corinthians-que-luta-para-nao-ser-rebaixado/