21 de setembro de 2024
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O sudoeste da Amazônia se tornou a região do mundo que mais emitiu gases do efeito estufa nos últimos cinco dias, segundo dados do programa Copernicus da União Europeia. A informação foi divulgada pelo biólogo e pesquisador Lucas Ferrante, da USP e da Universidade Federal do Amazonas, em entrevista à CNN.

De acordo com Ferrante, o aumento alarmante das emissões está diretamente relacionado à concentração de queimadas, principalmente no eixo das rodovias BR-163, BR-364, BR-230 (Transamazônica) e BR-319, que liga Porto Velho a Manaus.

Incêndios criminosos e seus impactos

O pesquisador ressalta que esses incêndios são, em sua maioria, de origem criminosa e estão ocorrendo em uma escala desproporcional, que o governo federal não está conseguindo controlar.

A fumaça já se espalha para países vizinhos como Peru e Bolívia, além de afetar as regiões Sul e Sudeste do Brasil.

“Nós estamos falando da maior floresta tropical úmida do mundo, que tem essa seca intensificada pelas mudanças climáticas, e por conta desses incêndios criminosos, ela começa a emitir essa fuligem, monóxido de carbono e aerossóis, dióxido de carbono, afetando toda a população do Brasil”, explica Ferrante.

Rodovias e desmatamento

O pesquisador critica a decisão do governo de avançar com obras em trechos de rodovias na Amazônia, especialmente a BR-319, argumentando que essas ações podem agravar ainda mais a situação.

Segundo ele, estudos mostram que não há contingente suficiente no Brasil para fiscalizar as queimadas e o desmatamento caso a rodovia seja pavimentada.

“O desmatamento gerado de 2015 até esse ano, apenas pela licença de manutenção da rodovia, abriu mais de seis vezes a extensão da rodovia de ramais ilegais. Para a gente fiscalizar essa área demoraria mais de quatro anos”, afirma.

Riscos à saúde pública

Ferrante também alerta para os riscos à saúde pública associados ao desmatamento na região. Em um estudo recente publicado na revista The Lancet, ele e sua equipe demonstraram que o bloco de floresta afetado é o maior reservatório zoonótico do planeta.

“Se ele for aberto, nós vamos ter contato com uma quantidade enorme de patógenos. Bactérias, fungos, príons. Então isso pode dar origem não só a uma nova pandemia, a uma sequência de novas pandemias globais”, adverte o pesquisador.

Diante deste cenário crítico, Ferrante defende a suspensão imediata das obras e das licenças de manutenção das rodovias na região, além de uma fiscalização mais rigorosa para conter o avanço do desmatamento e das queimadas na Amazônia.

Os textos gerados por inteligência artificial na CNN Brasil são feitos com base nos cortes de vídeos dos jornais de sua programação. Todas as informações são apuradas e checadas por jornalistas. O texto final também passa pela revisão da equipe de jornalismo da CNN. Clique aqui para saber mais.

Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/pesquisador-explica-a-cnn-causas-e-efeitos-das-queimadas-no-amazonas/