Ao receber o prefeito Eduardo Paes (PSD), neste domingo, em um de seus templos na Zona Oeste do Rio, a Igreja Universal do Reino de Deus deu mais um passo no reposicionamento que adotou nas eleições municipais deste ano.
Pela primeira vez desde que criou um braço político, o partido Republicanos, em 2005, a Universal deixou de lançar candidatos a prefeituras de capitais. Priorizou alianças com candidatos de diferentes matizes, como Paes, que voltou a ter portas abertas na igreja após uma década de embates com o ex-prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), bispo da Universal.
Paes, que teve a Universal como aliada nas eleições de 2008 e 2012 e adversária em 2020, reatou com a denominação do bispo Edir Macedo ao se aproximar do articulador político da igreja no Rio, o pastor Deangeles Percy – candidato a vereador pelo PSD, partido do prefeito. Deangeles foi um dos anfitriões de Paes na visita ao templo da Universal em Realengo, no domingo.
— Como eu estaria ministrando uma parte da reunião, convidei o prefeito. Dentro da igreja, não tocamos no assunto eleição. Isso foi feito na rua, onde é permitido – afirmou.
Paes já havia participado de uma solenidade pelos 25 anos da Catedral de Del Castilho, o principal templo da Universal no Rio, em agosto. O evento teve tom institucional e reuniu outras autoridades, como o governador Cláudio Castro (PL).
Desde então, a cúpula da igreja já vinha emitindo sinais, através do pastor Deangeles, de havia decidido embarcar de vez na campanha de Paes. O pastor passou a levar para atividades de sua campanha políticos ligados à Universal, como os deputados Daniel Librelon e Tia Ju. Apesar de serem do Republicanos, partido que está na coligação de Alexandre Ramagem (PL), ambos pediram votos para Deangeles usando adesivos com o número do PSD e em meio a bandeiras com o rosto de Paes.
Tia Ju chegou a ser cotada para vice de Ramagem, mas a igreja proibiu seus integrantes de participarem de chapas à prefeitura neste ano. Até então, desde a fundação do Republicanos, a Universal havia passado as últimas duas décadas tentando governar capitais. Conseguiu com Crivella, eleito no Rio em 2016, e com o pastor Rogério Cruz, que se elegeu em Goiânia em 2020.
Alianças variadas
Crivella e Cruz tiveram gestões mal avaliadas, o que gerou desgaste à igreja. Para concorrer à reeleição, o prefeito de Goiânia teve que se desfiliar do Republicanos e não tem, oficialmente, apoio da Universal. Na capital goiana, igreja e partido fecharam uma adesão à candidatura de Sandro Mabel (União), aliado do governador Ronaldo Caiado, embora haja dissidências em favor de Cruz.
Presidente do Republicanos e bispo licenciado da Universal, o deputado Marcos Pereira (SP) hoje bate na tecla de que igreja e partido seguem lógicas distintas. Candidatos a vereadores apoiados pela cúpula da Universal se espalharam por partidos como PSD e PL. O Republicanos, porém, segue concentrando a maioria deles.
Após terem se alinhado nos últimos anos ao ex-presidente Jair Bolsonaro e acumulado atritos com a esquerda, partido e igreja buscaram diversificar alianças nos maiores colégios eleitorais do país.
No Rio, onde a Universal apoia Paes, que é aliado do presidente Lula (PT), o partido se coligou a Ramagem. O ex-deputado Eduardo Cunha, que hoje comanda o Republicanos na capital carioca, tem instado candidatos ligados à igreja no partido para que se engajem na campanha de Ramagem, mas sem sucesso até aqui.
Em São Paulo, vereadores da igreja apoiam a reeleição de Ricardo Nunes (MDB), aliado de Bolsonaro. Já em Fortaleza, o candidato petista à prefeitura, Evandro Leitão, já foi recebido em um templo da Universal. Nos dois casos, este apoio de integrantes da Universal ocorre em paralelo à adesão do Republicanos às respectivas candidaturas.
Com informações do GLOBO.
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Fonte: https://agendadopoder.com.br/apoio-a-paes-marca-guinada-da-igreja-universal-que-pela-primeira-vez-nao-lanca-candidatos-em-capitais-desde-a-fundacao-do-republicanos/
