24 de novembro de 2024
Telescópio James Webb descobre estrelas bebês na borda da Via
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Desde seu lançamento em 2021, o Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, tem ampliado os limites da astronomia ao observar as galáxias mais distantes, formadas quando o Universo ainda era jovem. 

Agora, o equipamento direcionou o foco para uma região próxima, na periferia da Via Láctea, chamada de “Galáxia Externa Extrema”. Localizada a cerca de 58 mil anos-luz do centro galáctico, essa área revela novos detalhes sobre a formação estelar em ambientes pouco explorados.

Os astrônomos utilizaram o JWST para estudar duas enormes nuvens moleculares chamadas Digel Cloud 1 e Digel Cloud 2. Essas nuvens, compostas principalmente por gás e poeira, abrigam regiões de intensa formação de estrelas. 

Uma versão ampliada da imagem Digel 2S obtida pelo Telescópio James Webb. Crédito: NASA, ESA, CSA, STScI, M. Ressler (JPL)

Usando os instrumentos NIRCam e MIRI do telescópio, a equipe capturou imagens detalhadas de protoestrelas e aglomerados estelares, destacando áreas de “explosões” de nascimento de estrelas.

James Webb flagra jatos de plasma liberados por estrelas bebês

As protoestrelas (ou estrelas bebês) observadas são corpos jovens que ainda estão em processo de acumular massa. Elas se formam em densas nuvens de gás e poeira e, uma vez que atingem uma massa crítica, iniciam o processo de fusão nuclear, tornando-se estrelas plenamente desenvolvidas. No entanto, antes de atingir essa fase, essas protoestrelas passam por eventos caóticos, expulsando jatos de plasma, o que também foi registrado pelas observações do Webb.

Em um comunicado, Natsuko Izumi, da Universidade de Gifu, no Japão, que liderou as investigações, disse que o JWST proporcionou imagens mais detalhadas do que nunca dessas nuvens moleculares. “Antes, sabíamos da existência dessas regiões, mas não podíamos explorar suas propriedades em profundidade”.

Segundo ele, com os dados captados, os astrônomos agora conseguem observar fenômenos como os jatos de material emitidos pelas estrelas em formação e outros detalhes da estrutura dessas nuvens.

Uma característica importante das Nuvens Digel é a composição pobre em elementos mais pesados, os chamados “metais”, como oxigênio e carbono. Essas nuvens, compostas basicamente de hidrogênio e hélio, são semelhantes às condições observadas em galáxias anãs e podem fornecer pistas sobre a formação da Via Láctea em seus estágios primordiais. 

A nuvem Digel 2S vista pelo JWST com setas brancas indicando a direção dos fluxos de saída. Crédito: NASA, ESA, CSA, STScI, Michael Ressler (NASA-JPL)

Assim, o estudo dessas regiões ajuda a entender a evolução da galáxia antes que eventos como a morte de estrelas aumentassem a concentração de metais no cosmos.

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Conforme o artigo que relata a pesquisa, publicado no periódico científico Astronomical Journal, a equipe liderada por Izumi observou quatro aglomerados principais dentro das Nuvens Digel: 1A, 1B, 2N e 2S. 

Em particular, na região 2S, foi detectada intensa atividade de formação estelar, com várias estrelas jovens emitindo longos jatos de material. Além disso, foi identificado um subaglomerado de estrelas em meio a essa região ativa, uma descoberta que surpreendeu a equipe. 

Descoberta ajuda a melhorar a compreensão sobre a evolução do Universo

Mike Ressler, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA, comentou que a diversidade de jatos observada era inesperada: “É como um foguete disparando para todos os lados, algo realmente fascinante”.

A riqueza de detalhes obtida nessas observações permite aos cientistas investigar questões sobre a formação estelar em diferentes ambientes. A equipe também busca entender a abundância de estrelas de várias massas nessas regiões e como as condições locais influenciam o nascimento de diferentes tipos de estrelas. 

Isso poderá fornecer pistas sobre o processo de formação estelar em galáxias mais distantes e ambientes primitivos, contribuindo para o conhecimento sobre a evolução do Universo.

Além disso, a equipe planeja continuar o estudo dos discos de gás ao redor dessas estrelas jovens. Uma questão intrigante é por que esses discos duram menos tempo em regiões como a Galáxia Externa Extrema, quando comparados a áreas mais próximas da Terra.

Outro ponto de interesse são os jatos detectados na nuvem 2S, cuja dinâmica e comportamento ainda precisam ser compreendidos de forma mais aprofundada.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/09/16/ciencia-e-espaco/telescopio-james-webb-descobre-estrelas-bebes-na-borda-da-via-lactea/