24 de novembro de 2024
Rastreador de satélites flagra espaçonaves espiãs dos EUA
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Poucas informações são disponibilizadas ao público sobre o mundo dos satélites espiões – e organizações como a Força Espacial dos EUA, o Escritório Nacional de Reconhecimento (NRO), a Agência Central de Inteligência (CIA) e a Agência Nacional de Inteligência Geoespacial (NGA) preferem que continue assim. 

Essas espaçonaves realizam uma série de tarefas de vigilância, que variam de interceptação de sinais de rádio até a detecção de lançamentos de mísseis. Algumas delas são equipadas com sistemas ópticos de alta precisão, enquanto outras utilizam tecnologia de radar para monitorar a Terra com uma clareza impressionante, mesmo em condições climáticas adversas ou durante a noite.

No entanto, apesar do esforço dessas agências para manter em segredo suas operações, astrônomos amadores ao redor do mundo encontram maneiras de observar esses satélites. 

Felix Schöfbänker, um experiente observador espacial da Alta Áustria, por exemplo, tem utilizado seu telescópio Dobson de 14 polegadas para capturar imagens raras desses objetos a partir de sua própria casa. “Minhas imagens revelaram alguns detalhes que antes eram desconhecidos ou apenas especulados”, contou ele em entrevista ao site Space.com.

Lapso de tempo de imagens de um satélite FIA, também chamado de Topaz, um dos cinco satélites espiões dos EUA que carregam um radar de abertura sintética (SAR). Crédito: Felix Schöfbänker

Satélites equipados com radar são fotografados e medidos

Nos últimos meses, Schöfbänker focou seus esforços em satélites espiões dos EUA. Ele capturou imagens de uma nova geração de satélites de reconhecimento, tanto ópticos quanto de radar, projetados e operados pelo NRO. Essa entidade tem a missão de lançar e gerenciar satélites espiões em nome do governo norte-americano, desempenhando um papel crucial na coleta de inteligência geoespacial.

Entre os satélites observados por Schöfbänker estão os da série FIA (sigla em inglês para algo como “Arquitetura de Imagens do Futuro”), também conhecidos como Topaz. Esses satélites são equipados com radares de abertura sintética (SAR), uma tecnologia avançada que permite a obtenção de imagens detalhadas, mesmo através de nuvens ou durante a noite. 

“Com base nas minhas imagens, concluo que esses satélites têm uma antena parabólica de malha com aproximadamente 12 metros de diâmetro, além de dois painéis solares com cerca de 10 metros de envergadura”, descreveu o austríaco, que também observou outro objeto brilhante entre os painéis solares, que ele acredita ser uma antena de uplink e downlink.

Os satélites SAR operam enviando múltiplos pulsos de radar, que são refletidos de volta à Terra. Esses pulsos são processados por computadores que convertem os sinais em imagens detalhadas. “A antena do radar desses satélites pode ser direcionada tanto para a esquerda quanto para a direita em relação à órbita”, explicou Schöfbänker. Ele observou esses satélites um total de 28 vezes, e em 22 dessas ocasiões a antena estava apontada para a direita, enquanto nas outras seis, para a esquerda.

Capturas de um satélite designado USA 215, que se acredita ser o FIA Radar 1. Crédito: Felix Schöfbänker

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Espaçonaves eletro-ópticas do governo dos EUA também são captadas

Além dos satélites da série Topaz, Schöfbänker também conseguiu registrar imagens de satélites eletro-ópticos KH-11 Kennen, que são utilizados pelo governo dos EUA desde 1976. Essas espaçonaves são frequentemente comparadas ao Telescópio Espacial Hubble, mas, diferentemente dele, que é voltado para o estudo do espaço, os KH-11 foram projetados para monitorar a Terra. Atualmente, existem quatro satélites desse tipo em órbita, cada um de uma geração diferente.

O mais antigo deles – o USA 186 – foi lançado em 2005 e pertence à terceira geração de KH-11. Schöfbänker também observou os satélites USA 224 e USA 245, que fazem parte da quarta geração e foram lançados em 2011 e 2013, respectivamente. O mais recente, USA 314, é da quinta geração e foi lançado em 2021. 

Com base nas suas imagens, Schöfbänker estimou que esses satélites têm aproximadamente 11 metros de comprimento. Ele também sugeriu que o tamanho dos espelhos varia conforme a geração dos satélites. 

Um dos satélites que mais o intrigou foi o USA 290. Embora alguns especulem que essa espaçonave seja mais uma do modelo KH-11, as imagens capturadas pelo astrônomo mostram um design diferente, ostentando um grande painel retangular de aproximadamente cinco metros de comprimento. 

Animação composta por imagens de um satélite designado USA 247, que se acredita ser o FIA Radar 3. Crédito: Felix Schöfbänker

Além disso, seu trajeto é incomum para um satélite KH-11, que normalmente segue uma órbita síncrona com o Sol. Satélites em órbitas síncronas passam sobre uma mesma área da Terra sempre no mesmo horário, o que é ideal para missões de imagem óptica.

Schöfbänker sugeriu algumas teorias sobre a função desse painel retangular. Uma das possibilidades é que ele seja um radiador, usado para resfriar um sistema de imagem infravermelha. Outra hipótese é que seja uma antena matriz em fases, que poderia ser utilizada tanto para imagens SAR quanto para coleta de inteligência de sinais. 

Embora também seja possível que o painel seja solar, Schöfbänker acredita que isso é menos provável, já que ele parece estar fixo à estrutura do satélite. “Se fosse um painel solar, teria que se mover para acompanhar o Sol, o que exigiria que todo o satélite fosse reposicionado”.

Quando questionado sobre a possibilidade de suas observações comprometerem a segurança dos satélites espiões, Schöfbänker minimizou os riscos. “Não acredito que os países estejam muito preocupados com amadores como eu observando seus satélites. As grandes potências têm seus próprios observatórios dedicados a esse tipo de monitoramento, e com certeza eles obtêm imagens de muito melhor qualidade do que eu”, disse ele, que compartilha suas imagens no site dedicado à astrofotografia Astrobin.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/09/19/ciencia-e-espaco/rastreador-de-satelites-flagra-espaconaves-espias-dos-eua/