Em um discurso proferido ontem na Cúpula do Futuro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo por mais “ambição e ousadia” por parte dos líderes mundiais para proteger o planeta. Segundo ele, o progresso nas metas de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 da ONU está ocorrendo de maneira lenta. A crítica de Lula é reforçada pelo Relatório Anual de Lacuna de Emissões 2023 do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que aponta uma dificuldade crescente de alcançar os objetivos do Acordo de Paris. Caso o cenário atual persista, o planeta poderá aquecer até 3°C até o fim do século
“O desenvolvimento sustentável foi um dos maiores esforços diplomáticos da última década, mas pode se tornar nosso maior fracasso coletivo. No ritmo atual, apenas 17% das metas da Agenda 2030 serão alcançadas”, destacou o presidente na abertura da Cúpula, realizada no plenário da ONU, em Nova York, para discutir o futuro global
Lula ressaltou que para limitar o aquecimento global a 1,5°C, conforme estipulado no Acordo de Paris, seria necessária uma redução de 42% nas emissões de gases de efeito estufa até 2030. Se esse número for reduzido para 28%, o aquecimento atingirá 2°C. No entanto, a expectativa é que as emissões venham a ser
Durante seu discurso, Lula também lembrou o balanço feito na COP28 sobre a implementação do Acordo de Paris, enfatizando que os atuais níveis de redução de emissões e o financiamento climático são insuficientes para garantir a segurança do planeta.
Com um cenário climático cada vez mais incerto, o presidente anunciou a construção de um balanço ético global como parte da preparação para a COP30, que ocorrerá em Belém, em novembro de 2025. “Em parceria com o secretário-geral da ONU, António Guterres , trabalharemos para criar esse balanço, envolvemos diversos setores da sociedade civil para discutir a ação climática com foco em justiça e solidariedade”, afirmou
O documento, denominado Pacto para o Futuro, abordará, de forma inédita, temas como a dívida dos países e a tributação internacional. “A criação de um espaço de diálogo entre líderes globais e instituições financeiras pode reposicionar a ONU no debate econômico mundial”, afirmou Lula.
O presidente também destacou a importância do Pacto Global Digital para a governança inclusiva do setor digital e a redução das desigualdades provocadas pela economia baseada em dados e novas tecnologias, como a inteligência artificial. A Aliança Global contra a Fome, proposta do Brasil durante a presidência do G20, foi outro ponto de destaque no discurso.
Ao tratar dos organismos multilaterais, Lula criticou a falta de autonomia dessas instituições para que suas resoluções sejam impostas pelos países, e lamentou a prevalência de interesses individuais entre os membros permanentes do Conselho de Segurança da Segurança.
Lula também destacou que o Brasil buscará manter uma postura neutra em relação à crise na Venezuela, com o objetivo de atuar como mediador nas negociações entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição. Contudo, ele identificou as dificuldades em avançar nas conversas e reafirmou que as relações diplomáticas com o país vizinho não serão interrompidas
A agenda do presidente da ONU coincide com a divulgação de um novo relatório de direitos humanos sobre a Venezuela, apontando graves visíveis no período eleitoral, com repressões violentas a protestos e a morte de 25 manifestantes
Fonte: https://oimparcial.com.br/mundo/2024/09/lula-acusa-lideres-globais-de-negligencia-na-preservacao-ambiental/