24 de setembro de 2024
Compartilhe:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o primeiro chefe de Estado a discursar na 79⁠ª sessão da Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (24). O evento é realizado na sede das Nações Unidas, em Nova York.

Por tradição, o Brasil é o primeiro país a tomar a palavra na cerimônia.

Lula abordou os conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia, criticando o crescente gasto com ativos militares mundialmente. O presidente pontuou que o “uso da força sem amparo no direito internacional está se tornando regra”.

“Na Ucrânia, é com pesar que vemos a guerra se estender sem perspectiva de paz. O Brasil condenou de maneira firme a invasão do território ucraniano. Já está claro que nenhuma das partes conseguira atingir todos os seus objetivos pela via militar”, comentou.

Sobre a guerra no Oriente Médio, o petista ressaltou que “em Gaza e na Cisjordânia, assistimos a uma das maiores crises humanitárias da história recente e que agora se expande perigosamente para o Líbano”.

Nos últimos dias, Israel tem realizado ataques contra o Líbano, que deixaram centenas de mortos e aumentaram a tensão por uma guerra regional mais ampla.

“O que começou com ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes se tornou uma punição coletiva do povo palestino”, disse, adicionando que “o direito de defesa se tornou em direito de vingança”.

Mais dinheiro para o meio ambiente

O presidente Lula também cobrou que países mais pobres tenham auxílio financeiro para combater o avanço das mudanças climáticas.

— Estamos condenados à interdependência da mudança climática. O planeta já não espera para cobrar da próxima geração e está farto de acordos climáticos que não são cumpridos, está cansado de meta de redução de emissão de carbono, negligenciada do auxílio financeiro aos países pobres que nunca chega — disse Lula.

Lula reafirmou o seu compromisso com a redução do desmatamento na Amazônia, e afirmou que o deflorestamento na região será erradicado até 2030

— O meu governo não terceiriza responsabilidade nem abdica de sua soberania, já fizemos muito mas sabemos que é preciso fazer muito mais. Além de enfrentar o desafio da crise climática, lutamos contra quem luta com a degradação ambiental, não transigirem com litígio ambiental, com o garimpo ilegal e com o crime organizado. Reduzimos o desmatamento da Amazônia em 50% no último ano e vamos erradicá-lo até 2030 — garantiu o presidente.

O discurso de Lula acontece em meio às queimadas no Brasil, que segundo ele, já queimaram 5 milhões de hectares em agosto.

— No sul do Brasil tivemos a maior enchente desde 1941, a Amazônia está atravessando a pior estiagem em 45 anos, incêndios florestais se alastraram pelo país e já devoraram 5 milhões de hectares apenas no mês de agosto.

Plataformas digitais “acima da lei”

Lula criticou as plataformas digitais que “se julgam acima da lei”. Sem citar a plataforma X, o presidente brasileiro afirmou que “a liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras”.

A fala ocorre momento em que a rede social X, do bilionário Elon Musk, está suspensa no Brasil após descumprir ordens em série do Supremo Tribunal Federal (STF).

— O futuro de nossa região passa sobretudo por construir estado sustentável, eficiente, inclusive e enfrente todas as formas de discriminação. Que não se intimida ante indivíduos, corporações e plataformas digitais que se julgam acima da lei. A liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras. Elementos essenciais da soberania incluem o direito de legislar, julgar disputas e fazer cumprir as regras dentro de seu território, incluindo o ambiente digital — afirmou Lula.

O que é a Assembleia Geral da ONU?

A Assembleia Geral da ONU é o principal órgão de formulação de políticas da organização.

A assembleia ocupa “uma posição central como o principal órgão deliberativo, de formulação de políticas e representativo das Nações Unidas”, segundo a própria instituição.

Além disso, desempenha um papel importante para o desenvolvimento da lei internacional.

Com informações da CNN Brasil e O GLOBO.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-critica-genocidio-em-gaza-na-abertura-da-assembleia-da-onu-direito-de-defesa-virou-direito-de-vinganca/