Você acorda cedo, por volta das 6h30, todos os dias. Quando chega no sábado, pensa que finalmente poderá dormir até um pouco mais tarde, quem sabe até as 10h? Mas, mesmo com todos os alarmes desligados, você ainda acorda cedo. Seu primeiro pensamento? A culpa é do relógio biológico.
No entanto, um novo experimento revelou que a percepção do tempo funciona diferente para cada pessoa e o “relógio biológico” pode não ser tão simples assim.
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Como funcionou o experimento
O Dr. Martin Wiener e colegas da Universidade George Mason, em Virgínia (Estados Unidos), recrutaram 170 pessoas.
Então, eles dividiram os testes em quatro experimentos. Cada voluntário participou apenas de dois dos quatro.
Primeira parte dos experimentos
- Os dois primeiros experimentos focaram em como o tamanho de uma cena e quão clara ou confusa ela é afeta a percepção do tempo de uma pessoa;
- Nele, participantes foram apresentados a fotografias de diferentes espaços, como banheiros, auditórios ou um terminal de aeroporto. Os ambientes tinham tamanhos diversos e cada um tinha uma quantidade de “bagunça” diferente;
- Essas imagens ficaram na tela entre 300 e 900 milissegundos. Quando desapareceram, os participantes tiveram que classificar se cada imagem foi “curta” ou “longa” em relação ao tempo.
A conclusão é que os usuários acreditaram que olharam por mais tempo as imagens de ambientes maiores e menos bagunçados do que realmente fizeram.
Os pesquisadores chamaram esse efeito de dilatação do tempo. Segundo o IFLScience, isso também explica porque algumas pessoas sentem que o tempo passa mais devagar quando estão entediadas.
Segunda parte dos experimentos
Os dois próximos experimentos focaram na interação entre a dilatação do tempo e a capacidade de memorização.
Vale destacar que a memorabilidade não é bem compreendida pelos cientistas, mas eles acreditam que ela tenha a ver com quão distintiva uma imagem é. O Dr. Weiner deu um exemplo: a cor vermelha fica na memória por mais tempo que a azul.
- Durante o experimento, os participantes foram solicitados a fazer o mesmo procedimento da primeira etapa: observar imagens e classificá-las como “longas” ou “curtas”;
- No entanto, as imagens da vez já tinham sido previamente estudadas e continham uma pontuação de memorabilidade. Além disso, eles tinham que pressionar um botão durante o tempo em que estivessem vendo a imagem;
- Os participantes foram para casa e, quando voltaram no dia seguinte, tiveram um teste surpresa: eles tiveram que recordar quais imagens tinham visto no dia anterior.
A conclusão é que as imagens mais memoráveis também tiveram uma dilatação no tempo (eles acreditaram que olharam por mais tempo para ambientes maiores e menos bagunçados do que realmente fizeram).
As imagens classificadas como “longas” (que os voluntários acharam que passaram mais tempo olhando) foram lembradas com mais precisão no dia seguinte.
O que tudo isso tem a ver com o relógio biológico?
Uma das conclusões do experimento é que apenas sentir que está olhando para uma imagem por mais tempo pode fazer uma pessoa memorizá-la melhor. Ou seja, a percepção do tempo é influenciada pelo envolvimento sensorial de um indivíduo com seu ambiente.
Ao aplicar esse conhecimento na nossa realidade, talvez o “relógio biológico” não passe de uma resposta do indivíduo ao cenário em que ele está.
Claro, a pesquisa deve continuar para ter conclusões mais claras, mas vale tentar arrumar o quarto antes de ir dormir, não?
O post “Relógio biológico” pode não passar de um mito, mostra estudo apareceu primeiro em Olhar Digital.
Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/04/22/medicina-e-saude/relogio-biologico-pode-nao-passar-de-um-mito-mostra-estudo/