24 de novembro de 2024
Por trás das câmeras: a magia visual de Os Anéis
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A segunda temporada da série O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, do Prime Video, que ganhou seu último episódio nesta quinta-feira (3), tem se destacado não apenas pela narrativa, mas também pelo uso inovador de tecnologias visuais.

Em uma entrevista recente ao Olhar Digital, Charlotte Brändström, diretora de cinco episódios da segunda temporada (os três primeiros e os dois últimos), e Alex Disenhof, o diretor de fotografia da série, discutiram detalhes sobre como a série combina efeitos práticos e CGI, além de técnicas de filmagem que trazem à vida o rico mundo da Terra-média.

Equilíbrio entre efeitos práticos e CGI

Efeitos práticos são técnicas usadas em produções audiovisuais que envolvem a criação de elementos físicos no set de filmagem, como explosões, maquiagem, animatrônicos, miniaturas e cenários reais. Esses efeitos são manipulados diretamente durante as gravações, proporcionando uma sensação tangível e realista.

Já o CGI (Computer-Generated Imagery) refere-se à criação de imagens e efeitos digitais por meio de computadores. É usado para gerar elementos que seriam difíceis, caros ou impossíveis de criar fisicamente, como criaturas fantásticas, ambientes extensos, explosões elaboradas ou cenas perigosas. Em produções modernas, o CGI é amplamente utilizado para complementar ou substituir efeitos práticos.

Charlotte Brändström começou explicando como a mistura de efeitos práticos e CGI é crucial para manter a sensação de realidade em um universo repleto de fantasia.

Uma Grande Águia fez aparição na segunda temporada de Os Anéis de Poder. (Imagem: Prime Video / Divulgação)

É muito importante misturar os dois para torná-lo real. Então, eu acho que é uma regra geral que sabemos que tudo que está perto da câmera, que está em primeiro plano e toca os atores, estamos tentando torná-lo real em efeitos especiais reais. Depois podemos usar alguns quando precisamos estender os cenários, para torná-los maiores, e também para criar certos monstros, que se tornam efeitos visuais e ficam em segundo plano.

Charlotte Brändström, diretora

Ela enfatizou a necessidade de colaboração entre os diferentes departamentos, destacando a importância de trabalhar com uma equipe que deseje cooperar.

Colaboração e estilo visual

A diretora também ressaltou a colaboração entre ela e o diretor de fotografia Alex Disenhof, que foi fundamental para definir o estilo visual dos episódios. “Nós passamos muito tempo juntos, pré-produzindo. Alex vem a todos os ensaios com os atores para ver como eles estão, e isso o ajuda a planejar o que vamos fazer. Ele me mostra como está iluminando e me dá ideias de como poderíamos fazer visualmente a cena”, disse ela.

A diretora destacou a importância de ter um gosto estético alinhado. “É muito importante para a colaboração entre o diretor de fotografia e o diretor que você tenha o mesmo gosto, porque algumas pessoas podem ser talentosas, mas não gostam das mesmas coisas”.

A diretora Charlotte Brändström com os atores Robert Aramayo (Elrond) e Owain Arthur (Príncipe Durin IV)
A diretora Charlotte Brändström passa instruções para Robert Aramayo (Elrond) e Owain Arthur (Príncipe Durin IV). (Imagem: Prime Video / Divulgação)

Tecnologias de câmera e iluminação

Alex Disenhof abordou as tecnologias utilizadas para capturar a variedade de ambientes visuais da série. “Usamos câmeras do sistema ARRI, que eu amo e usei por anos. Em termos de iluminação, usamos todo tipo de ferramenta que você pode imaginar. Usamos luzes de tungstênio antigas, e também LEDs novos que ainda não foram lançados no mercado”, explicou.

Ele comentou ainda sobre a vantagem de trabalhar em uma produção do nível de Os Anéis de Poder, onde fornecedores desejam mostrar suas tecnologias, permitindo que a equipe teste novos equipamentos.

Disenhof acrescentou que muitos efeitos de iluminação interativos foram implementados devido às criaturas na série, como um certo demônio que dá as caras no episódio final. “É realmente importante, ao trabalhar com efeitos visuais, criar efeitos de iluminação interativos em nossos atores e no nosso ambiente”.

Efeitos de iluminação interativos referem-se à técnica de iluminação no set que reage e se adapta à ação ou aos elementos da cena, especialmente quando há interação entre a iluminação e os efeitos visuais ou os atores.

Esses efeitos criam uma sensação mais realista e imersiva ao iluminar o ambiente e os personagens de maneira que simule a luz de elementos digitais, como explosões, criaturas ou magia, que serão adicionados posteriormente na pós-produção.

prime video
Uma cena de dublê realizada durante as filmagens da segunda temporada. (Imagem: Prime Video / Divulgação)

Filmagem em ambientes de baixa luz

Alex Disenhof também abordou os desafios de filmar em ambientes de baixa luminosidade, um aspecto essencial em várias cenas da série.

É sempre uma linha tênue quando você está trabalhando em cenas escuras, sabendo que o seu público não está necessariamente assistindo em um cinema escuro, embora eu ache que, como cineasta, você espera que eles assistam em um ambiente que seja propício, como uma sala escura com uma boa TV.

Alex Disenhof, diretor de fotografia

Ele ainda destacou que a iluminação deve parecer motivada por elementos do cenário e que é fundamental não superiluminar as cenas. “Acho que o pecado capital de muitas produções é exatamente isso. Então, novamente, Charlotte e eu olhamos a imagem juntos e dizemos: ‘Isso parece certo?’. Se sim, nós seguimos com isso”, concluiu.

Uso da cor e efeitos digitais

Em relação ao uso de cores, Disenhof mencionou as mudanças que ele fez para refletir o tom mais sombrio da segunda temporada. “Eu fiz uma reformulação da ciência da cor na câmera que estávamos usando. Você pode projetar como a câmera vê as cores diante dela. Uma coisa que eu queria fazer, porque a história começa a ficar mais sombria na segunda temporada, foi tirar as cores primárias da primeira temporada e criar um pouco mais de tons terrosos e pastéis”.

Gavi Singh Chera como Merimac, Megan Richards como Poppy, Markella Kavenagh como Nori e Tanya Moodie como Gundabel na segunda temporada de Os Anéis de Poder.
Gavi Singh Chera como Merimac, Megan Richards como Poppy, Markella Kavenagh como Nori e Tanya Moodie como Gundabel na segunda temporada de Os Anéis de Poder. (Imagem: Prime Video / Divulgação)

Ele explicou que isso envolveu colaboração com o departamento de figurino, onde o designer de figurinos, Luca Mosca, foi essencial para escolher tecidos que capturassem bem a luz.

Desafios da modernização de Tolkien

Charlotte Brändström também falou sobre os desafios de modernizar o universo de Tolkien para um público contemporâneo.

“Eu me baseio muito nas pessoas ao meu redor, que são especialistas e que sabem muito sobre isso. Eu realmente tento trabalhar na parte visual tanto quanto faço pesquisa. Temos, obviamente, os roteiros, e depois temos conselheiros ou pessoas a quem podemos sempre fazer perguntas”, afirmou a diretora.

Morfydd Clark como Galadriel na segunda temporada de Os Anéis de Poder.
Morfydd Clark como Galadriel na segunda temporada de Os Anéis de Poder. (Imagem: Prime Video / Divulgação)

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/10/03/cinema-e-streaming/por-tras-das-cameras-a-magia-visual-de-os-aneis-de-poder/