Mais um capítulo no agravamento das tensões no Oriente Médio se deu na última terça-feira (1), quando o Irã lançou entre 180 e 200 mísseis balísticos contra Israel. A ação gerou preocupação global, com temores de que o conflito na região possa evoluir para uma guerra em larga escala.
Esta não foi a primeira ofensiva iraniana em 2024. Em abril, Teerã já havia retaliado um ataque israelense contra sua embaixada em Damasco, na Síria, disparando mísseis e drones sobre Israel. No entanto, a ação desta semana é considerada mais grave e alarmante, tanto pelo volume quanto pelos alvos atingidos.
De acordo com o G1, a maioria dos mísseis foi direcionada a Tel Aviv. O espaço aéreo israelense ficou restrito por cerca de uma hora, com os moradores buscando abrigo em bunkers subterrâneos.
Irã usou quatro tipos de mísseis contra Israel
Com mais de três mil unidades, o Irã detém o maior arsenal de mísseis balísticos do Oriente Médio, sendo conhecido por sua avançada capacidade de produção de mísseis de longo alcance, apesar de ainda empregar tecnologias mais antigas em outras áreas da defesa.
Após analisarem imagens dos locais atingidos, especialistas identificaram que Teerã usou variantes do míssil “Shahab-3” (Meteoro-3 em persa) – um foguete de 17 metros de comprimento, base dos mísseis balísticos de médio alcance (MRBM) iranianos.
O “Shahab-3” pode carregar ogivas de 750 kg a 1.200 kg e ser lançado de plataformas móveis ou bases fixas. Embora esteja em uso desde 2003, as versões empregadas no ataque contra Israel são modelos mais recentes e com sistema de orientação e navegação mais aprimorados, levando a uma maior precisão.
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De acordo com o site The Wall Street Journal, as variações usadas foram os mísseis Emad e Ghadr, os mesmos utilizados para atacar Israel em abril.
O Emad pode transportar uma carga útil de 750 kg por 1.700 km, com uma precisão de alvo de 10 m. Ele usa um novo design de cone de nariz, que é diferente do Shahab-3 original. O design alterado pode possibilitar que a ogiva detone bem acima de um alvo, o que a torna mais adequada para uma explosão de ar química, biológica ou detonação de armas nucleares, bem como para ataques de pulso eletromagnético nuclear.
Por sua vez, o Ghadr-110, uma versão atualizada do Shahab-3A, também conhecido como Ghadr-101, tem um alcance de 1.800 a 2.000 km. Esse míssil tem uma capacidade de manobra maior e um tempo de configuração mais curto do que o antecessor – seu tempo de configuração é de 30 minutos, enquanto o Shahab-3 mais antigo leva várias horas. Ele foi fabricado inteiramente no Irã, no ultrassecreto Complexo das Indústrias de Mísseis Hemmat.
Além dessas variantes, o Irã utilizou os mísseis “Kheibar Shekan” e “Fattah”, projetados para escapar de sistemas de defesa aérea com manobras em alta velocidade e de atingir alvos com alcance e raio de quase 1.500 km.
O Kheibar Shekan é um MRBM de estágio único usado pelo Irã desde 2022. Sua configuração da ogiva é do tipo Tri Conic, que é usada para manter a estabilidade durante manobras pesadas. Quando sua ogiva de Veículo de Reentrada Manobrável (MARV) atravessa a atmosfera terrestre, não há sinais de queima de propelente, o que torna possível driblar os Sistemas de Defesa Aérea adversários. O lançador usado para esse míssil é montado em um chassi de 10 rodas que também pode ser camuflado como um veículo comercial.
Com velocidade Mach 5 (cinco vezes a do som), o Fattah não é considerado um míssil hipersônico por alguns especialistas, que argumentam que ele é, na verdade, uma ogiva com veículo de reentrada controlável, capaz de manobras, mas sem atender aos critérios para ser classificado como um verdadeiro míssil hipersônico.
Mesmo assim, a arma representa uma ameaça significativa ao sistema antimísseis israelense “Domo de Ferro”, destacando os avanços militares do Irã, apesar das suas limitações tecnológicas.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/10/03/ciencia-e-espaco/conheca-os-misseis-usados-pelo-ira-no-ataque-a-israel/