Os Estados Unidos voltaram a produzir poços de plutônio, elemento essencial para a fabricação de armas nucleares, após um intervalo de 35 anos. Os primeiros esses componentes foram concluídos no Laboratório Nacional de Los Alamos (LANL), no Novo México, mesmo local onde uma bomba atômica utilizada em Hiroshima e Nagasaki foi desenvolvida. O poço será utilizado em ogivas nucleares, segundo a Administração Nacional de Segurança Nuclear (NNSA).
De acordo com um comunicado da NNSA, divulgado no início de outubro, o objetivo é produzir ao menos 80 poços de plutônio por ano até 2030. Essa retomada visa modernizar o arsenal nuclear dos EUA, uma vez que muitas das ogivas atuais contêm plutônio fabricado antes de 1989, considerado técnico defasado.
O desenvolvimento desse primeiro poço envolveu mais de oito anos de trabalho por parte de especialistas de todo o país, que colaboraram com a NNSA para garantir a certificação e qualificação permitida para a produção. O poço foi projetado para ser integrado à ogiva nuclear W87-1, que faz parte do arsenal de mísseis balísticos intercontinentais do Departamento de Defesa dos EUA. A meta inicial é que o Laboratório Nacional de Los Alamos produza 30 poços por ano, com uma previsão de que mais 50 sejam fabricados anualmente em uma instalação na Carolina do Sul, até 2030.
Durante a Guerra Fria, os EUA produziram centenas de poços de plutônio anualmente. No entanto, com o término desse período, a produção foi interrompida em 1989, e as capacidades de produção enfraqueceram. A decisão de retomar a fabricação de plutônio surge da necessidade de atualizar os sistemas de defesa nuclear do país.
Marvin Adams, gerente dos Programas de Defesa da NNSA, destacou que o primeiro poço fabricado desde 1989 cumpre todas as exigências militares e representa um marco importante na modernização do arsenal nuclear norte-americano. “Este feito é um avanço crucial no processo de restauração da capacidade da NNSA de produzir poços de plutônio conforme as instruções para atender aos requisitos de defesa do Departamento de Defesa”, declarou Adams.
O que são poços de plutônio?
Os poços de plutônio são os núcleos das armas nucleares, responsáveis por gerar a explosão inicial. Esses componentes, que têm formato esférico, são comprimidos por explosões químicas, desencadeando a fissão nuclear do plutônio. Esse processo gera uma energia que provoca uma “explosão primária”, responsável por iniciar a fusão dos isótopos de hidrogênio, resultando em uma explosão termonuclear muito mais intensa.
O isótopo geralmente utilizado em armamentos nucleares é o plutônio-239, que é produzido a partir da irradiação de urânio em reatores nucleares.
Com esse marco, os EUA entram em uma nova fase de modernização de seu poder nuclear, reforçando suas capacidades estratégicas para o futuro.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2024/10/eua-retomam-fabricacao-de-plutonio-para-armas-nucleares-apos-35-anos/