O novo prefeito que os niteroienses vão escolher em 27 de outubro vai encontrar uma Câmara Municipal mais à direita do que a atual, e com o PL superando o PDT com a maioria das cadeiras. O partido do ex-presidente Jair Bolsonaro e do candidato à prefeitura Carlos Jordy elegeu quatro vereadores contra três do PDT, legenda do atual prefeito, Axel Grael, e de Rodrigo Neves, rival de Jordy na disputa. Além do PDT, outro partido de esquerda que perdeu uma cadeira foi o PSOL. Paulo Eduardo Gomes, vereador desde 2001, não conseguiu se reeleger.
Além dele, perderam o cargo Adriano Boinha (PDT), Casota (MDB), Emanuel Rocha (União), Folha (PP) e Paulo Velasco, que não se candidatou. Ele foi substituído pelo filho: o novato Gabriel Velasco (PSD), que conquistou uma vaga de vereador. Dos 21 vereadores de Niterói, apenas seis não se reelegeram.
Reeleito pelo PL, Douglas Gomes se tornou o vereador mais votado da história da cidade, com mais de 16 mil votos. Ele superou a marca de Felipe Peixoto, escolhido por pouco mais de oito mil eleitores em 2008. E teve mais do que o dobro de votos que o segundo mais votado, o Professor Túlio (PSOL).
Aliados do vereador atribuem a vitória de Douglas ao perfil fiscalizador de seu mandato. Conservador, o “vereador de Bolsonaro”, como se autodenomina o político, teve como característica o esforço para ser uma pedra no sapato de Axel Grael nos últimos quatro anos.
— Fui candidato (a deputado estadual) em 2022, tive 28.280 votos no estado, 15.608 em Niterói. Através do nosso trabalho conseguimos ser reconhecidos — comenta Douglas.
Além dele, Daniel Marques também garantiu a reeleição para o terceiro mandato, o primeiro pelo PL. O parlamentar está otimista quanto a uma eventual vitória de Carlos Jordy no segundo turno, mas, quando questionado sobre a possibilidade de uma derrota nas urnas, destaca que a oposição elegeu sete vereadores (quatro do PL, dois do PSOL e um do Podemos, partido de Bruno Lessa, ex-candidato a prefeito e crítico da atual gestão). Se não houver deslocamento de nenhum desses sete para a base do governo, o número é suficiente para abertura de CPIs contra o prefeito.
— Em uma perspectiva ruim de o Rodrigo ganhar, que não é o que acreditamos, esses sete parlamentares representam um terço da Casa na oposição. Esperamos que quem se elegeu falando sobre os problemas da cidade não mude de ideia até janeiro. Com sete vereadores podemos levar muitas votações, derrubar vetos… — ressalta Daniel.
Renovação pela direita
Allan Lyra, candidato a prefeito em 2020, é outro dos nomes do PL que passam a figurar nas plenárias a partir do ano que vem. Vereador em primeiro mandato, Lyra não tomou a vacina contra Covid-19, por considerá-la “experimental” e com riscos de efeitos colaterais. Católico de uma ala tradicional da Igreja em Niterói, ele é contrário ao que chama de ensino de ideologia de gênero às crianças e é favorável ao movimento Escola Sem Partido. A pauta da educação é considerada fundamental em seu futuro mandato.
— O recorde do Douglas é um recado para a classe política: a sociedade niteroiense está cansada do escárnio que fazem com a nossa fé. Meu mandato será em defesa das famílias e do direito de Deus de se impor na sociedade através dos fiéis. Queremos uma escola sem doutrinação, sem sexualização das crianças — defende Lyra, acrescentando outros problemas que pretende enfrentar, como falta de creches e de vagas nos colégios.
O outro nome do PL que estreia é Fernanda Louback.
A força demonstrada pela legenda nas urnas deu estofo para que a sigla tente conquistar espaço em outras frentes: após a votação recorde, Douglas Gomes admitiu ter dado início a conversas para disputar a presidência do Legislativo de Niterói, atualmente presidido por Milton Cal (União), que deve concorrer à reeleição.
Novos nomes
Além dos vereadores do PL e do filho de Paulo Velasco, a Câmara terá outros dois estreantes: Sylvio (PT) e Michel Saad Neto (Podemos). Saad é considerado o fiel da balança que vai definir a capacidade da oposição de pressionar Rodrigo Neves nos próximos anos em caso de vitória do pedetista. Durante a campanha, ele fez duros ataques à prefeitura de Axel Grael, aliado de Rodrigo.
Outro vereador eleito que retorna ao cargo é José Antonio Fernandez, o Zaf, que teve mandato entre 2005 e 2008. Zaf foi secretário de Meio Ambiente (2009-2011) e do Idoso (2021-2024).
Dança das cadeiras
Apesar de afirmar que almeja o cargo de presidente da Casa, o destino de Douglas Gomes pode ser outro. O deputado estadual Dr. Serginho (PL) foi eleito prefeito de Cabo Frio, abrindo caminho para Douglas, seu suplente, no cargo de deputado estadual, na Alerj.
— Hoje sou o primeiro suplente. Existe a possibilidade de a vaga surgir, mas hoje estamos preocupados em fazer um bom trabalho na Câmara — afirma o vereador.
Já Paulo Eduardo Gomes espera o resultado do segundo turno em Petrópolis, disputado entre Hingo Hammes (PP) e o deputado estadual Yuri (PSOL). Em caso de vitória de Yuri, sua suplente Benny Briolly seria alçada à Alerj e substituída por Paulo Eduardo na Câmara.
Apesar do cenário improvável — Hammes não venceu no primeiro turno por pouco mais de cem votos e é favorito —, o vereador em fim de mandato mantém as esperanças.
— Segundo turno é outra eleição. Tudo pode acontecer — disse Paulo Eduardo.
Em relação à própria vereadora Benny Briolly, o futuro também é incerto. Informações de bastidores dão conta de que ela pode deixar o PSOL nos próximos meses, mas o destino ainda é uma incógnita. Questionada, Benny não negou a possibilidade de mudança e demonstrou insatisfação com a performance da sigla na disputa em Niterói.
— Mas eu ainda estou no PSOL — lembra.
Com informações do GLOBO.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/bolsonarismo-avanca-em-niteroi-e-supera-pdt-na-camara-municipal/
