15 de outubro de 2024
James Webb consegue observar exoplaneta antes que ele desaparecesse
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O Telescópio Espacial James Webb (JWST, na sigla em inglês) correu contra o tempo e conseguiu fotografar um exoplaneta que só reaparecerá em dez anos. A fotografia foi realizada de forma direta.

Exoplaneta aparece de dez em dez anos; James Webb foi rápido!

  • O exoplaneta em questão é AF Leporis b (AF Lep b) e já estabeleceu recordes anteriormente, como relembra o Space.com;
  • Em 2023, ele se tornou o planeta de menor massa fora de nosso Sistema Solar a ser descoberto por observação direta;
  • Além disso, tornou-se o planeta de menor massa e que foi medida por “astrometria”, técnica que monitora o movimento de estrelas ao longo de vários anos, com vistas a identificar “oscilações” causadas pelo puxão gravitacional de um planeta em órbita;
  • O AF Lep b tem cerca de 23 milhões de anos, segundo os cientistas, considerado um planeta jovem (a Terra tem em torno de 4,6 bilhões de anos);
  • Sua massa é de em torno de 3,2 vezes a de Júpiter e largura de cerca de 1,2 meses do planeta gasoso.

“O AF Lep b está bem na borda interna de ser detectável. Embora seja extraordinariamente sensível, o JWST é menor do que nossos maiores telescópios no solo. E estamos observando em comprimentos de onda maiores, o que tem o efeito de fazer os objetos parecerem mais difusos. Torna-se difícil separar uma fonte da outra quando elas parecem tão próximas”, disse o pesquisador Kyle Franson, da Universidade do Texas em Austin (EUA), em declaração.

Mas como o exoplaneta observado está a 88 anos-luz da Terra, ele aparenta, na foto do JWST, pouco mais do que uma mera partícula.

Ilustração do AF Leb b (Imagem: Reprodução)

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Exoplanetas

O primeiro exoplaneta foi descoberto na década de 1990. Hoje, já são mais de seis mil. Contudo, pouquíssimos foram fotografados de forma direta. Boa parte deles é identificada a partir de seu efeito sobre a estrela hospedeira, tanto quando bloqueiam a luz ao cruzar a face estelar, como por conta das forças gravitacionais que exercem sobre ela.

Isso se dá, pois, a separação angular entre exoplanetas e estrelas hospedeiras, quando vista de muitos anos-luz de distância, se torna pequena, ficando difícil distingui-los e ficam sobrecarregados pelas luzes estelares.

Mas o Webb leva vantagem para observar os exoplanetas e suas estrelas, pois ele tem o coronógrafo, instrumento que bloqueia a luz estelar para facilitar a observação dos planetas. E o AF Lep b é um bom candidato, pois, já que é um planeta bem jovem, seu “brilho de vaga-lume” é forte.

O intuito dos pesquisadores ao estudar esse exoplaneta era o de saber mais sobre sua atmosfera, pois mundo como o AF Lep b, que possuem massas similares às de nossos vizinhos gasosos, são raros.

A corrida contra o tempo, contudo, foi necessária, já que o exoplaneta encontra-se, atualmente, a cerca de oito vezes a distância entre Terra e Sol de sua estrela, mas a órbita dele vem se aproximando da estrela, bem como de nossa perspectiva.

Atualmente, o coronógrafo do JWST bloqueia 90% da luz do AF Lep b, dada a distância atual entre planeta e estrela. Conforme eles forem se aproximando, vai chegar um momento no qual o exoplaneta não poderá mais ser visto pelo Webb.

Até seria possível que os astrônomos esperassem que o AF Lep b ressurgisse do outro lado de sua estrela, mas sua órbita é de 25 anos terrestres, o que levaria mais de uma década até que ele ressurgisse.

A sabedoria convencional tem sido que o JWST é mais sensível a planetas de menor massa em órbitas amplas do que instalações terrestres, mas, antes de seu lançamento, não estava claro se ele seria competitivo em pequenas separações. Estamos realmente levando a instrumentação ao limite aqui.

Brendan Bowler, membro da equipe e astrônomo da Universidade do Texas em Austin (EUA), em declaração

Imagens do exoplaneta AF Lep b visto pelo Webb
Imagens do AF Lep b visto pelo James Webb em outubro de 2023 e janeiro de 2024 (Imagem: K. Franson., et al./The Astrophysical Journal Letters)

Descobertas

A partir das observações, a equipe descobriu que o exoplaneta tem atmosfera muito ativa, com correntes de convecção misturando elementos entre seus níveis mais altos e baixos.

Também foi detectado, em torno do AF Lep b, bem mais monóxido de carbono que o esperado. A hipótese levantada para esclarecer a situação é de que fortes correntes ascendentes seriam a única forma de levar o gás para a atmosfera superior do planeta.

No panorama geral, esses dados foram obtidos no segundo ano de operações do JWST. Não se trata apenas dos planetas que conhecemos agora. Trata-se também dos planetas que [iremos] descobrir em breve. Isso está prenunciando alguns dos trabalhos empolgantes que veremos nos próximos anos. Há muito mais por vir.

Brendan Bowler, membro da equipe e astrônomo da Universidade do Texas em Austin (EUA), em declaração

A pesquisa foi publicada no Astrophysical Journal.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/10/14/ciencia-e-espaco/james-webb-consegue-observar-exoplaneta-antes-que-ele-desaparecesse/