Dois espetáculos terão como palco o céu do anoitecer nesta quinta-feira (17): a Superlua do Caçador e a passagem do cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS), que se tornou popularmente conhecido como “Cometa do Século” – embora não tenha realmente alcançado o brilho do atual detentor do título.
Caso as condições de visibilidade na sua região não sejam favoráveis ou se você não puder sair hoje à noite para observar o par em extremos opostos do céu (a Superlua a leste e o cometa a oeste), não se preocupe.
Uma transmissão online foi programada pelo Projeto Telescópio Virtual, um serviço prestado pelo Observatório Astronômico Bellatrix, com sede em Roma, na Itália. Com início às 14h30 (pelo horário de Brasília), no YouTube, a live será apresentada pelo astrônomo Gianluca Masi, líder do projeto.
Sobre o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS):
- No nome, a letra “C” indica que é um cometa não periódico, ou seja, ele se origina na Nuvem de Oort e pode passar pelo Sistema Solar apenas uma vez ou demorar milhares de anos para retornar;
- A designação “2023 A3” revela que foi o terceiro objeto desse tipo descoberto na primeira quinzena de janeiro de 2023, enquanto o sufixo Tsuchinshan-ATLAS faz referência às instituições envolvidas na sua descoberta;
- O apelido “do Século” é controverso, já que há especialistas que não acreditam que seu brilho vai superar o do cometa McNaught, que passou em 2007 com magnitude de -5.5;
- Atualmente, sua magnitude é de 3.1, já tendo passado pela luminosidade do Sol, o que poderia ter provocado um surto de brilho no objeto;
- Lembrando que quanto mais brilhante um corpo parece, menor é o valor de sua magnitude (relação inversa). O Sol, por exemplo, que é o objeto mais brilhante do céu, tem magnitude aparente de -27;
- Após voltar a aparecer no céu, o cometa passou a ser um objeto noturno, observável nos primeiros minutos após o anoitecer a oeste, próximo ao horizonte.
É exatamente nesse mesmo horário que, do outro lado do céu, o outro espetáculo da noite atinge seu auge: a Superlua do Caçador.
Mas, por que esse nome?
Embora alguns digam que a última Superlua de 2024 será em novembro, se for seguir à risca a concepção acordada do termo, isso na verdade acontece esta noite – quando estará no céu a maior lua cheia do ano, a Lua do Caçador.
De acordo com o Old Farmer’s Almanac (Almanaque do Velho Fazendeiro), uma das publicações mais tradicionais dos EUA voltadas à vida no campo, a lua cheia de cada mês do ano tem uma designação própria.
No caso de outubro, ela é conhecida como Lua do Caçador, porque antigamente esta era uma época do ano para ir à caça e se preparar para o longo inverno no Hemisfério Norte. A lua cheia de outubro nasce mais cedo, logo após o pôr do Sol, o que daria aos caçadores um luar brilhante para atingir as presas durante as primeiras horas da noite.
Além disso, os agricultores terminavam as colheitas de seus campos sob a luz da Lua da Colheita, em setembro. Quando chegava a lua cheia seguinte, os terrenos estavam limpos, o que permitia aos caçadores ver facilmente os animais rondando em busca de comida.
De acordo com o guia de observação astronômica InTheSky.org, no momento em que atingiu a fase cheia, o satélite estava a uma distância de cerca de 357 mil km da Terra. Esta foi a maior aproximação entre os dois corpos neste ano – o que pode resultar em uma Lua imensa e alaranjada despontando no horizonte no fim da tarde.
Nome de cada lua cheia do ano:
- 25 de janeiro de 2024: Wolf Moon (Lua do Lobo)
- 24 de fevereiro de 2024: Snow Moon (Lua de Neve)
- 25 de março de 2024: Worm Moon (Lua de Minhoca)
- 23 de abril de 2024: Pink Moon (Lua Rosa)
- 23 de maio de 2024: Flower Moon (Lua das Flores)
- 21 de junho de 2024: Strawberry Moon (Lua de Morango)
- 21 de julho de 2024: Buck Moon (Lua dos Cervos)
- 19 de agosto de 2024: Sturgeon Moon (Lua do Esturjão)
- 17 de setembro de 2024: Harvest Moon (Lua da Colheita) (super)
- 17 de outubro de 2024: Hunter’s Moon (Lua do Caçador) (super)
- 15 de novembro de 2024: Beaver Moon (Lua do Castor)
- 15 de dezembro de 2024: Cold Moon (Lua Fria)
Outros nomes para a lua cheia de outubro
Povos nativos americanos atribuem outros nomes tradicionais às luas de outubro, como:
- Lua da Migração (ou Lua da Viagem), por ser o período em que as aves migram para regiões mais quentes;
- Lua Congelante (ou Lua de Gelo), marcando o início das primeiras geadas;
- Lua das Folhas Caindo, quando as folhas das árvores começam a cair;
- Lua da Grama Morrendo, em referência à vegetação que começa a secar com a chegada do frio.
Outras culturas antigas também nomeavam a lua cheia de outubro de acordo com suas tradições:
- Na China, era conhecida como Lua Gentil.
- Entre os praticantes da Wicca, o nome dado era Lua de Sangue.
- Na África do Sul, chamava-se Lua da Semente.
- No Hemisfério Sul, a lua cheia recebia nomes como Lua do Ovo, Lua do Peixe e Lua da Rosa.
O tom avermelhado ou alaranjado que a Lua assume próxima ao horizonte é porque seu brilho precisa atravessar uma camada mais densa de atmosfera, dispersando os comprimentos de onda azuis e permitindo que os vermelhos prevaleçam, o que lhe confere essa coloração distinta e fascinante.
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E por que Superlua?
De forma bem simples e resumida, uma Superlua ocorre quando o nosso satélite natural chega à fase completa em até 24 horas antes ou depois de atingir sua aproximação máxima com a Terra (ponto chamado de perigeu).
“Mas, sem saber o quão perto a lua cheia precisa estar da Terra, não dá para cravar se esta ou aquela lua cheia é uma Superlua”, explica o colunista do Olhar Digital Marcelo Zurita, que é presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA) e diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon).
Segundo Zurita, até existem algumas tentativas de criar uma definição científica, completa e definitiva para o termo, mas é difícil chegar a um consenso, e talvez isso tenha algo a ver com ele vir da astrologia. “Na astronomia, sua utilização é recente e tem se mostrado uma boa forma de popularizar a ciência, mas muita gente ainda ‘torce o nariz’ para o termo, por considerá-lo um nome mercadológico para ‘vender’ a Lua Cheia no perigeu, que, na prática, não tem nada de super, nem representa nenhum fenômeno de interesse científico”.
Talvez por isso a União Astronômica Internacional (IAU) não demonstrou, até hoje, nenhum interesse em normatizar o termo. “Tudo que temos são as definições informais para a Superlua”, disse Zurita, explicando que, no meio científico, os astrônomos preferem a referência “perigeu-sizígia” ou simplesmente “Lua Cheia no Perigeu”.
A distância da Lua em relação à Terra varia porque sua órbita não é perfeitamente circular – é ligeiramente oval, traçando um caminho chamado uma elipse. À medida que ela atravessa esse caminho elíptico ao redor do nosso planeta a cada mês, sua distância varia entre 356.500 km no perigeu e 406.700 km no apogeu (ponto mais distante).
Seguindo o conceito acima, a Lua precisa entrar na fase cheia em até 24 horas antes ou depois de chegar ao perigeu, certo? Isso aconteceu em setembro e vai se repetir neste mês.
No caso de setembro, a fase cheia se iniciou às 23h34 (horário de Brasília) do dia 17. O perigeu lunar foi alcançado, por sua vez, às 10h22 do dia seguinte. Em outubro, está acontecendo o oposto: a Lua atingiu o perigeu na quarta-feira (16) às 21h50, e ficou totalmente cheia nesta manhã, às 8h26.
Já em novembro, ela chega ao perigeu no dia 14, ficando totalmente cheia quase 34 horas mais tarde. Certamente, o astro estará brilhante e imenso no céu nessa ocasião, mas não oficialmente como uma Superlua.
Sempre que a lua cheia acontece próxima ao perigeu, ela aparece até 14% maior e 30% mais brilhante, se comparada à lua cheia do apogeu.
Dicas para quem prefere ver pessoalmente
Esta noite, a Lua estará observável no céu a partir das 17h30, sumindo de vista no horizonte pouco antes do amanhecer, às 5h34. Depois disso, ela aparece e desaparece cerca de uma hora mais tarde a cada dia.
O tempo do circuito da Lua entre perigeu (ponto mais próximo), apogeu (ponto mais distante) e perigeu novamente é de 27,55 dias – um período de tempo chamado de mês anomalístico. Isso é um pouco mais do que o período orbital do nosso satélite natural (27,322 dias).
E para observar este incrível fenômeno, basta olhar para o céu na direção do horizonte a leste logo após o anoitecer. Por volta das 19h30, a Lua estará em uma declinação de 10° ao norte, na constelação de Peixes. O momento mais alto do astro no céu é em torno de meia-noite e meia de sexta-feira (18), quando estará 50º ao norte. É aconselhável procurar um lugar com menos poluição luminosa possível e campo de visão livre.
Já o cometa estará do lado oposto, sendo que o melhor momento de observação é logo após o pôr do Sol.
O post Superlua e cometa enfeitam o céu nesta quinta-feira (17) – assista ao vivo apareceu primeiro em Olhar Digital.
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