O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro durante um comício em Camaçari, na Bahia, nesta quinta-feira (17), acusando-o de “inventar” ser evangélico e de não acreditar em Deus. A declaração acontece em meio a uma série de acenos de Lula ao segmento evangélico, tradicionalmente alinhado ao bolsonarismo.
No evento, o presidente enfatizou a importância de que não se repitam os erros de 2018, quando Fernando Haddad foi derrotado por Bolsonaro, que, segundo Lula, enganou a população.
“A gente não pode cometer o erro de 2018, quando ao invés de votar no companheiro com a qualidade do Haddad, votou numa coisa, votou numa coisa que ninguém conhecia, a não ser por contar mentira e pregar o ódio. Inventou até que é evangélico. Ele não acredita em Deus e não acredita em Deus porque o comportamento dele é de quem não acredita”, afirmou Lula.
“Ninguém foi mais de esquerda do que Jesus Cristo”
A fala de Lula foi direcionada ao público evangélico, ressaltando sua visão de que Bolsonaro não segue os princípios cristãos. O comício aconteceu em apoio à candidatura de Luiz Caetano à prefeitura de Camaçari, cuja vice é uma pastora. Lula destacou que essa escolha reforça a representatividade feminina e negra, além de unir partidos de esquerda. Ele também relacionou a figura de Jesus Cristo ao pensamento de esquerda, afirmando que “ninguém foi mais de esquerda do que Jesus Cristo”.
“Ninguém. Ninguém. Ninguém brigou mais pelos pobres do que Jesus Cristo. É exatamente por brigar pelos pobres, de cuidar dos doentes, de atender aos mais necessitados que os ricos da época mandaram crucificar Jesus Cristo, e não podemos esquecer isso”, declarou Lula.
Malafaia acusa Otoni de traição por apoiar Lula
Ao longo da semana, o presidente sancionou a lei que cria o Dia da Música Gospel, durante um evento no Palácio do Planalto ao lado do deputado federal Otoni de Paula, aliado de Bolsonaro e vinculado à comunidade evangélica. O parlamentar gerou polêmica entre os líderes religiosos após orar por Lula e elogiá-lo. O pastor Silas Malafaia, um dos principais críticos de Otoni de Paula, o acusou de traição política.
Na ocasião, Otoni elogiou a gestão de Lula, lembrando que o presidente foi responsável pela sanção, em 2003, da Lei de Liberdade Religiosa, que deu personalidade jurídica às igrejas. “As igrejas e organizações religiosas passaram, graças ao senhor, a ter personalidade jurídica, fazendo correções jurídicas no Código Civil, permitindo que as igrejas deixassem de ser simples personalidades, como entidade de classe ou clubes de futebol”, disse o deputado.
Após o discurso, Lula fez uma provocação, ressaltando o reconhecimento de suas ações em prol dos evangélicos: “O deputado foi lá e fez uma declaração dizendo que não votou em mim, que muitos evangélicos não votaram em mim, mas que reconhece que tudo para os evangélicos foi feito por mim. Deu vontade de perguntar: se você reconhece isso, por que votou no Bolsonaro?”, ironizou o presidente.
Com informações de O Globo
Fonte: https://agendadopoder.com.br/lula-critica-bolsonaro-por-inventar-ser-evangelico-e-questiona-apoio-religioso-ao-ex-presidente/