A popularização do mercado online também tem aspectos negativos. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos mostrou que a minoria dos produtos disponíveis para compra na internet contém informações nutricionais e de ingredientes, uma exigência para as embalagens tanto por lá quanto no Brasil.
Especialistas acreditam que esses dados ajudam a população a fazer escolhas mais saudáveis, além de possibilitar que pessoas com dietas específicas ou com alergias a certos ingredientes possam se informar antes de fechar a compra.
Mercado online não respeitou exigências de informação
O estudo foi publicado esta semana na revista Public Health Nutrition e chamou atenção para a falta de informações nutricionais dos produtos no mercado online.
Segundo Julia Sharib, primeira autora da pesquisa, a ausência de rótulos de forma acessível tem consequências para a saúde pública. Isso porque as informações são exigidas por um motivo: que as pessoas saibam o que estão consumindo. No entanto, as regras que valem para varejos físicos parecem não se englobar para o mercado online.
Essa não é uma constatação nova por parte do grupo de pesquisa. Em 2022, eles já haviam realizado um estudo piloto analisando dez produtos alimentícios em nove supermercados online. Na ocasião, eles destacaram a ausência de informações nutricionais, lista de ingredientes e alérgenos (exigidas pela FDA, órgão regulador dos EUA), e o excesso de campanhas de marketing dos produtos.
Eles ampliaram a análise este ano. Veja como foi:
- A equipe estudou 60 produtos alimentícios de dez varejistas de alimentos online;
- Os produtos foram escolhidos para representar a variedade presente em supermercados e com base em fórmula usada para administrar programas de assistência alimentar;
- Eles acreditavam que, desde o último estudo, o mercado online teria se atualizado para atender as exigências da FDA. Não foi o que aconteceu;
- Os resultados mostraram que as informações exigidas pelo órgão regulador estavam presentes em apenas 35,1% dos produtos analisados;
- Já 83,7% dos produtos continham campanhas de marketing. Ou seja, era mais fácil encontrar a propaganda do item do que as informações reais sobre ele.
Por que isso é preocupante?
Porque o mercado online está crescendo. De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), 80% das pessoas fez compras de alimentos na internet por lá nos últimos três anos. O preço dos produtos online também está caindo (pelo menos nos EUA), o que facilita essa forma de consumo.
Para Sharib, há mais problemas: a falta de acesso às informações corretas sobre os alimentos aumenta o risco dos compradores desconhecerem a salubridade do que estão consumindo. Isso fica ainda mais preocupante para pessoas que têm dietas específicas, seja em calorias ou em quantidades de proteína, sódio ou gordura, ou aquelas que têm alergias graves e precisam consultar os ingredientes.
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Como solucionar isso ao fazer mercado online?
Ainda de acordo com Sharib, a FDA está considerando uma ação regulatória para exigir que lojas de mercado online também apresentem as informações obrigatórias nos sites. Vale lembrar que, no Brasil, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) também obriga a sinalização da lista de ingredientes e informação nutricional nas embalagens.
Enquanto isso, a pesquisadora recomenda que os consumidores olhem diretamente nos sites das empresas responsáveis pelos alimentos.
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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/10/18/medicina-e-saude/estudo-aponta-aspecto-negativo-de-fazer-mercado-online/