Vereador reeleito para o sexto mandato, Milton Cal (União Brasil) confirmou que vai buscar a reeleição para a Presidência da Câmara Municipal de Niterói no biênio 2025-2026. No entanto, diferentemente da última vez, quando concorreu em chapa única, ele pode ter um rival na disputa. O atual vice-presidente do Legislativo, Renato Cariello (PDT), vem sendo projetado por um grupo de vereadores para concorrer ao cargo na próxima legislatura.
Informações de bastidores dão conta de que o vereador teria o apoio inicial de sete colegas: Binho Guimarães e Andrigo, ambos do PDT, e Fabiano Gonçalves (Republicanos), além dos parlamentares do PL, que vão ter quatro cadeiras no ano que vem. Há otimismo de que o número de votos possa crescer, mas a disputa é dura. A Câmara conta com 21 vereadores, e 18 votaram em Cal para o biênio que se encerra.
— Não é um movimento do Cariello de se posicionar enquanto presidente da Câmara. É um movimento do próprio partido, de alguns vereadores que querem, de alguma forma, que eu me coloque — destacou Cariello, que reiterou se tratarem de movimentos iniciais que partem de um anseio do grupo por renovação.
Cariello enumerou uma série de fatores que, segundo ele, impulsionam o desejo: fortalecimento institucional, maior autonomia para os vereadores, humanização dos servidores e a aproximação do Legislativo com a população. Problemas infraestruturais dos gabinetes também são alvo de críticas do vereador e de outros parlamentares entrevistados. Cal elogiou o pedetista, a quem chamou de “excelente vereador, companheiro e muito dedicado”. Sobre a possível candidatura de Cariello, Cal contemporizou: “Conversas de bastidores.”
— Vamos manter o diálogo, e provavelmente, até 31 de dezembro, 1° de janeiro, deverá ser só uma chapa — afirmou Cal. — Vamos fazer uma composição, e a bancada governista vai sair unida.
De acordo com o vereador Douglas Gomes (PL) — que se afastou da possibilidade de uma candidatura própria à Presidência —, a pauta da emenda impositiva seria fator determinante para o posicionamento da sigla, mas ele não cravou apoio do PL a nenhum dos lados. Os parlamentares do PL e Fabiano Gonçalves repetidas vezes batem nesta tecla durante as sessões plenárias, pressionando Cal e pedindo avanço na discussão do tema, que permitiria aos vereadores apresentarem emendas na Lei Orçamentária Anual (LOA) do município, com execução obrigatória. Na prática, a medida tornaria os vereadores mais independentes em relação ao Executivo.
Renovação no PL
Cotado para acompanhar Cariello em uma futura candidatura, o PL pode ter uma reformulação completa do quadro de parlamentares na próxima legislatura. Apesar de o partido ter conquistado quatro cadeiras, os dois veteranos podem estar de saída. Além da cogitada ida de Douglas Gomes para a Alerj, substituindo o deputado estadual Dr. Luizinho, prefeito eleito de Cabo Frio, também é ventilado o nome de Daniel Marques na Subsecretaria estadual de Proteção e Bem-estar Animal.
Questionado, Daniel Marques se limitou a dizer que não há “nada de concreto ainda”.
Já Douglas Gomes reiterou que “a possibilidade existe”, tratando-se de uma articulação do deputado federal e presidente do PL no estado Altineu Côrtes. Mas ele demonstrou preocupação em deixar quatro vereadores de primeira viagem como representantes da bancada do PL na Câmara.
— Impossível irmos eu e o Daniel em janeiro ou fevereiro. Caso aconteça, vai ser de forma gradativa. Eu vou, Daniel fica treinando o pessoal e depois vai — definiu Douglas, para quem o processo pode levar até um semestre.
Caso a movimentação ocorra, os dois nomes a assumirem o cargo são os suplentes Eduardo Paiva, policial militar do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), e Wallace Pixote, que já teve conexões com o prefeito eleito Rodrigo Neves no passado. Douglas já afastou possibilidades de indisciplina partidária.
— São bons nomes, de confiança. Não temos esse tipo de preocupação. Mas a permanência dele (Pixote) vai depender de um posicionamento como oposição. Ele fez campanha para o Carlos Jordy (PL) — lembrou o vereador.
Câmara retorna aos trabalhos depois da campanha
Com a casa cheia, a primeira semana de sessões plenárias na Câmara Municipal de Niterói após o segundo turno foi marcada por conversas sobre o domingo de eleição e o avanço em projetos de lei que tramitam no Legislativo.
O resultado eleitoral ainda era um assunto quente. O vereador Fabiano Gonçalves (Republicanos) destacou que não houve questionamentos sobre a legitimidade das urnas eletrônicas no pleito.
— Alguém criticou o resultado das urnas? Disseram que eram violáveis, manipuláveis? No campo do município não teve debate — ressaltou.
O alto índice de abstenção é uma preocupação: o número de pessoas que optaram por não votar foi maior do que o de votos em Carlos Jordy (PL).
— O número alto de abstenções se dá com o descrédito na política — disse Pipico (PT).
Os vereadores aprovaram o parecer da Comissão de Constituição e Justiça em dois projetos, ambos com vetos parciais do Executivo. Um deles classifica a visão monocular como deficiência sensorial, garantindo ao indivíduo os direitos e benefícios previstos no Estatuto da Pessoa com Deficiência, de autoria do vereador Douglas Gomes (PL); o outro, o projeto do Passe Livre Digital, de autoria de Pipico (PT), traria acesso gratuito à internet aos estudantes. Os dois textos seguem tramitando.
O Colégio de Líderes deve se reunir amanhã para pautar o retorno das plenárias para as 16h. Desde o início da campanha, excepcionalmente, os vereadores se encontram às 11h.
A Comissão Permanente de Fiscalização Financeira, Controle e Orçamento marcou a data das audiências públicas que vão discutir a Lei Orçamentária Anual de 2025. A LOA prevê as receitas e fixa as despesas do município para o ano seguinte e deve ser aprovada pelos vereadores até dezembro. As reuniões serão nos dias 18 de novembro e 4 e 10 de dezembro, sempre às 18h.
Com informações de O GLOBO.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/comeca-corrida-pela-sucessao-a-presidencia-da-camara-de-niteroi/