24 de novembro de 2024
Caracol “blindado” evoluiu para sobreviver nas profundezas do oceano
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O Chrysomallon squamiferum, popularmente conhecido como caracol-do-vulcão, é uma espécie de molusco gastrópode que vive nas profundezas do oceano. Descoberto em 2001, o caracol recebeu esse nome por conta de uma característica muito marcante: para sobreviver ao ambiente mortal onde vive, a evolução fez com que sua concha ficasse repleta de escamas tão resistentes que até parecem uma armadura. 

Entenda:

  • Para sobreviver às profundezas do oceano, uma espécie de caracol chamada Chrysomallon squamiferum – ou caracol-do-vulcão – desenvolveu uma concha repleta de escamas;
  • O mecanismo serve para proteger o caracol de si mesmo, já que, por se alimentar através de quimiossíntese, ele é exposto a substâncias tóxicas;
  • Ao serem expelidas, essas substâncias viram um composto de ferro alojado na parte externa do corpo do molusco;
  • Além da camada de ferro, a concha conta com outras duas camadas: uma feita de perióstraco orgânico, e outra de um material conhecido como aragonita;
  • Apesar dos mecanismos de defesa, a espécie está ameaçada de extinção desde 2019;
  • Com informações do IFLScience.
(Imagem: Nakamura et al, PLOS ONE 2012 (CC BY 2.5))

O C. squamiferum é encontrado principalmente no campo hidrotermal Kairei, no oceano Índico, mas uma expedição realizada em 2011 também mostrou uma população da espécie vivendo ao redor do campo Longqi, no sudoeste da Índia.

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Concha do caracol ajuda a protegê-lo de ameaças

A concha do caracol-do-vulcão é formada por três camadas com diferentes níveis de durabilidade. A primeira, na parte externa, é a que mais se destaca, e consiste em uma estrutura de sulfeto de ferro. A segunda camada, feita de perióstraco orgânico, também é bem rígida, mas mais macia do que a anterior, e pode ser vista em outras espécies de moluscos com conchas. A terceira e última camada é composta por um material conhecido como aragonita, que está entre os tipos de formas cristalinas do carbonato de cálcio.

Ao contrário do que se possa imaginar, a “armadura” do caracol-do-vulcão não é para protegê-lo de predadores, mas de si mesmos. Isso porque a espécie é autotrófica – ou seja, possui a habilidade de criar seu próprio alimento. O processo acontece por quimiossíntese: bactérias que vivem nas gargantas dos caracóis convertem produtos químicos presentes na água em energia, mantendo-os alimentados.

(Imagem: Chong Chen/IUCN)

Mas o processo gera grandes quantidades de enxofre, que é altamente tóxico para o caracol. Por isso, a espécie desenvolveu as escamas, cuja estrutura consegue afastar o enxofre e deixá-lo como um composto de ferro na parte externa do corpo do molusco.  

Mesmo com tantas camadas de defesa, o caracol-do-vulcão não consegue sobreviver à atividade humana, e, em 2019, foi adicionado à lista de espécies ameaçadas de extinção da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/04/24/ciencia-e-espaco/caracol-blindado-evoluiu-para-sobreviver-nas-profundezas-do-oceano/