23 de novembro de 2024
Após eleições, Boulos avalia que esquerda não precisa se ‘travestir
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Depois da derrota na disputa pela Prefeitura de São Paulo para Ricardo Nunes (MDB), o deputado Guilherme Boulos (PSOL) afirmou que não acredita que a esquerda precise se “travestir de centro” para conquistar sucesso eleitoral. Em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, Boulos disse que adaptar-se ao centro seria ceder a uma visão de “utopia de sociedade sem esquerda” promovida por alguns setores.

Embora ciente das dificuldades da campanha, o parlamentar admite ter sentido frustração com a margem de derrota, que alcançou 19%, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No entanto, ele acredita que sua derrota reflete um projeto maior, voltado para as eleições presidenciais de 2026. Segundo ele, sua candidatura foi prejudicada por uma aliança entre setores econômicos, políticos e midiáticos interessados em promover um “bolsonarismo moderado” como alternativa para derrotar Lula e a esquerda no futuro.

Boulos enxerga a recente vitória da extrema-direita nas eleições de 2024 como um sinal de que a esquerda precisa desenvolver uma nova estratégia. Ele destaca que a direita usou uma abordagem ideológica e cultural, deixando a esquerda na defensiva. Para ele, essa tendência se reflete até dentro do PT, onde uma ala minoritária argumenta que a esquerda perdeu porque não se “movimentou” para o centro o suficiente.

Contrapondo-se a essa visão, Boulos acredita que ainda há espaço para a esquerda no Brasil. Contudo, para ele, o caminho é o fortalecimento do diálogo e uma disputa estratégica pelas visões de mundo no país, ressaltando a importância de entender melhor as necessidades e aspirações do povo.

O pleito municipal deste ano mostrou que, além do bolsonarismo, a direita possui nomes com impacto eleitoral, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil). Diante deste cenário, especialistas passaram a defender a tese de que uma das razões para o enfraquecimento da esquerda no Brasil seria a falta de novas lideranças.

Mas Boulos rebate essas críticas, ao destacar nomes como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). Por outro lado, Tabata Amaral (PSB), que declarou voto nele no segundo turno, não se encaixa como uma liderança de esquerda na avaliação do parlamentar.

— Ela se consolida como uma liderança nova. Eu a respeito. Declarou voto em mim no segundo turno. Agora, nós temos projetos diferentes. O projeto da Tabata é reconstruir o campo tucano, desse centro que está muito enfraquecido. O meu é fortalecer a esquerda brasileira na disputa de futuro.

Com informações de O Globo.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/apos-eleicoes-boulos-avalia-que-esquerda-nao-precisa-se-travestir-de-centro-para-conseguir-exito-eleitoral-em-2026/