23 de novembro de 2024
Respostas para o futuro das mudanças climáticas podem estar na
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Um estudo de 15 anos realizado na Bolívia pode ajudar a prever os efeitos das mudanças climáticas no Planeta Terra. O artigo recém-publicado traz dados inéditos que recriam o ecossistema de quase 13 milhões de anos atrás na Bacia Quebrada Honda, onde a temperatura era até quatro graus Celsius mais quente do que atualmente.

A pesquisa foi liderada por uma equipe internacional da Case Western Reserve University, de Cleveland, Ohio, nas montanhas dos Andes no sul do país. Os cientistas encontraram fósseis da época Miocena, quando o planeta se recuperou do resfriamento anterior, favorecendo temperaturas elevadas e o desenvolvimento da biodiversidade.

“Sítios como este na Bolívia são essenciais para nos ajudar a calibrar modelos climáticos”, disse Darin Croft , professor de anatomia na Escola de Medicina da Case Western Reserve, que liderou a equipe. “Nossa compreensão das mudanças climáticas é baseada em modelos, e esses modelos são baseados em informações do passado. Estamos entrando em território desconhecido em termos de clima, e você tem que ir mais fundo no tempo para obter condições semelhantes.”

Escavação para determinar tempo geológico das rochas (Imagem: CWRU/Divulgação)

O estudo busca melhorar a compreensão sobre como as plantas e os animais mudaram ao longo de milhões de anos em resposta à movimentação de continentes, elevação de cadeias de montanhas e mudanças no clima global. “Essas informações, por sua vez, podem ser usadas para fazer previsões mais precisas sobre as distribuições de espécies no futuro e formular melhores estratégias para conservar espécies onde elas correm maior risco de extinção.”

A escolha pela América do Sul tem a ver com a história geográfica incomum durante os últimos 66 milhões de anos: a região teve pequenos intervalos de conexões com outros continentes no período. Por isso, os mamíferos evoluíram principalmente de forma isolada, o que significa que seus fósseis podem ser usados ​​para testar ideias únicas sobre evolução e adaptação. 

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O que o estudo descobriu?

A Bacia Quebrada Honda fica a 3.500 metros acima do nível do mar, mas os fósseis encontrados sugerem que a montanha era mais baixa, com 1.000 metros. Até então, estudos usando conceitos da geoquímica sugeriram que o local era relativamente alto há 13 milhões de anos, com 3.000 metros. 

No entanto, a nova pesquisa indica que a elevação dos Andes ocorreu mais recentemente do que se pensava. A principal descoberta que levou a essa hipótese foram os fósseis de animais de sangue frio, incluindo uma tartaruga gigante, uma tartaruga de pescoço lateral e uma cobra. São espécies que, de acordo com os hábitos atuais, viveram em um ambiente montanhoso abaixo de 1.000 metros.

Também foram identificados ossos e dentes de mamíferos e outros vertebrados, restos microscópicos de plantas, solos antigos e rastros e vestígios de insetos e outros invertebrados.

Fóssil de tatu (Imagem: CWRU/Divulgação)

Com base nas análises dos fósseis, a equipe concluiu que a Bacia Quebrada Honda era uma floresta seca ou savana arborizada com palmeiras e bambus — que crescem em altitudes mais baixas — sem nenhuma similaridade com qualquer ecossistema moderno.

Uma das pesquisadoras comparou os fitólitos fossilizados — pedaços microscópicos de sílica encontrados nas paredes celulares das plantas — com aqueles encontrados na vegetação contemporânea para identificar a mistura de vegetação no local

“Camadas de cinzas vulcânicas e assinaturas magnéticas em rochas permitiram que os fósseis fossem datados com precisão. A diversidade de material preservado permitiu que a equipe fizesse reconstruções detalhadas das plantas e animais e suas condições de vida”, diz um comunicado da universidade.

Pesquisadora em campo na Bolívia (Imagem: CWRU/Divulgação)

Além de dar um passo na construção do modelo climático, a pesquisa nomeou 13 novas espécies de mamíferos fósseis com base em restos do local, incluindo marsupiais, mamíferos ungulados, roedores e tatus. A maioria das espécies não foi encontrada em nenhum outro lugar da América do Sul e não tem descendentes modernos.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/11/06/ciencia-e-espaco/respostas-para-o-futuro-das-mudancas-climaticas-pode-estar-na-bolivia/