Antes cuidadosos ao abordar a eleição de 2026, aliados de Eduardo Paes (PSD) começaram a falar abertamente sobre a possível candidatura do prefeito do Rio ao governo do estado. Durante a campanha deste ano, vencida no primeiro turno, Paes negou a intenção de encarar a empreitada, o que vem repetindo desde então. Agora, até o principal parceiro dele na política, o deputado federal Pedro Paulo (PSD), vaticina a candidatura.
— O Eduardo não terá alternativa: ele terá de ser candidato ao governo do estado — disse ao Agenda do Poder.
A declaração de Pedro Paulo, presidente estadual do PSD, vai ao encontro do que a classe política tem percebido nos bastidores há um mês, desde a reeleição. O núcleo duro de Paes já não esconde, em conversas com outros atores políticos, o movimento do prefeito.
Reconduzido no primeiro turno com 60% dos votos válidos dos cariocas, Paes virou o prefeito com o maior número de vitórias na história da cidade: são quatro mandatos conquistados. A partir de janeiro, será o comandante local que mais tempo passou à frente da prefeitura.
Falta de lideranças
O “pulo” para o estado é visto como natural, sobretudo em uma conjuntura marcada pela falta de lideranças. O grupo do governador Cláudio Castro (PL) pena para encontrar um nome a ser lançado na disputa de 2026.
— Que quadro temos hoje no estado do Rio? O governador Cláudio Castro está em sua fase final e já disse que deixará a política, não será candidato a nada nas próximas eleições. Há um enorme vazio. O Eduardo não vai ter o direito de dizer não — afirmou Pedro Paulo.
O desafio do prefeito, como sempre martela a classe política fluminense, é avançar sobre áreas populosas fora da capital, além de conseguir atrair partidos com capilaridade no estado, como PP e MDB. Hoje, junto com o União Brasil e o próprio PL, essas siglas são as principais a dar sustentação ao governo Castro.
Diante da boa avaliação que tem na capital e do vácuo de quadros no grupo do governador, contudo, Paes é visto como candidato forte, especialmente se Castro seguir impopular.
Fora do núcleo duro do prefeito, quem também fala agora sobre 2026 é o deputado federal Otoni de Paula (MDB), ex-aliado de Jair Bolsonaro (PL) que abraçou Paes na campanha deste ano. Segundo o parlamentar evangélico, o novo aliado é o nome mais preparado para assumir o Palácio Guanabara e vai encarar o “desafio”.
— Eu acredito que o Eduardo Paes é um homem movido a desafios, e que tudo que ele tinha que prestar à cidade do Rio de Janeiro, como bom gestor que sempre foi, já prestou. Agora o desafio é colocar o estado do Rio nos trilhos. Para isso, é necessário um choque de gestão. E hoje nós não temos ninguém mais competente que Eduardo Paes para isso — afirmou ao GLOBO.
À esquerda, quadros como o presidente da Embratur, Marcelo Freixo (PT), também já defenderam que Paes concorra. Em entrevista ao GLOBO no mês passado, o político de esquerda, que disputou a eleição de 2012 contra o prefeito, o classificou como a principal liderança capaz de derrotar o grupo que hoje comanda o Rio, além de pintá-lo como um palanque fundamental para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2022, o petista foi derrotado por Bolsonaro em solo fluminense, inclusive na capital.
Outra sinalização forte veio do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Em dois momentos, antes e depois das eleições municipais, o dirigente do partido de Paes disse ao GLOBO que gostaria de ver o prefeito na disputa estadual, missão que considera natural.
Temas em debate
Não só da candidatura em si falam os aliados do prefeito. O aspecto programático sobre o estado também começa a entrar em cena, como fica evidente no crescimento do foco em segurança pública nos comentários de Paes. À segurança, Pedro Paulo soma a dívida do Rio com a União na lista de principais problemas no horizonte do futuro governador — e vê o aliado como alguém com “tamanho e dimensão política” para enfrentá-los.
— Nós precisamos ter em 2026 um governador preparado para construir um acordo com o governo federal para enfrentar o principal problema, que é a dúvida com a União, o estoque da dívida — apontou. — Outro desafio é a segurança pública: pôr fim ao domínio territorial, principal câncer do estado. Esses dois problemas precisam ser encarados por alguém que tenha tamanho e dimensão política. Não é uma coisa só de bom gestor. Precisa de alguém com força política para se movimentar em Brasília, com capacidade de juntar as instituições.
Dois dias depois de eleito, Paes disse em entrevista ao GLOBO que “uma pessoa que tentou duas vezes não pode dizer que não quer” ser governador. Negou, porém, que vá deixar o mandato no meio em 2026, apesar de ter se recusado a assinar um “documento” bem-humorado apresentado pela Ema Jurema, blogueira de pelúcia do jornal Extra, com o compromisso de ficar até o fim do mandato.
Com informações de O Globo
Fonte: https://agendadopoder.com.br/aliados-de-paes-fazem-ofensiva-publica-por-candidatura-ao-governo-do-estado-em-2026/