O Brasil está batendo recordes sobre recordes na exportação de café.
Segundo dados oficiais do governo federal, as exportações brasileiras de café no acumulado dos últimos 12 meses (Nov/Out), considerando todos os tipos, verde, solúvel e torrado, totalizaram US$ 11,3 bilhões, o que corresponde, em moeda nacional, a R$ 65,4 bilhões, um aumento de 40% sobre o ano anterior.
Deste total, 92,5% foram exportados na forma crua, em grão verde, outros 7% como solúvel, e apenas 0,3% como torrado.
O câmbio utilizado é de R$ 5,78, conforme apurado no dia 18 de novembro de 2024.
Os principais destinos do café brasileiro continuam sendo os países desenlvovidos do chamado Primeiro Mundo, especialmente Europa e EUA, que juntos importam 72% de todo o café exportado pelo Brasil.
Apenas a Europa responde por 57% de todo o café brasileiro exportado.
Mas as exportações para outros destinos no Sul Global tem aumentado de maneira expressiva.
Merece destaque a explosão de vendas de café brasileiro para a China. As exportações brasileiras de café para a China cresceram incríveis 2.732% em 10 anos, chegando a R$ 1,5 bilhão nos 12 meses até outubro. O aumento em apenas 2 anos foi de 534%!
Segundo dados do Comtrade, o banco de dados da ONU, o Brasil tem respondido, nos últimos 3 anos (2021 a 2023) por aproximadamente um terço das exportações mundiais de café verde. Em segundo lugar vem a Colômbia, com cerca de 15% do comércio global do produto. Nenhum outro país da lista tem mais de 7% das exportações mundiais.
Quando se analisa as exportações de café torrado, no entanto, chama atenção o fato de que os principais vendedores não são produtores, como Suíça, Itália, Alemanha, França e EUA. Esses países compram o grão verde de paises como o Brasil, industrializam-no e o revendem no mercado externo.
A Suíça lidera as exportações mundiais de café torrado, com vendas chegando a US$ 3,36 bilhões (R$ 19 bilhões) em 2023, segundo o Comtrade, em virtude de sediar a Nestlé, maior fabricante global de café industrializado, seja solúvel, torrado ou em cápsulas para sua marca Nespresso.
De acordo com a Organização Internacional do Café (OIC), o Índice Composto de Preço (I-CIP), que representa o preço internacional do café, ficou numa média de 250,56 centavos de dólar por libra em outubro de 2024.
Esse valor foi 3,2% menor do que o registrado em setembro de 2024. O índice variou entre 241,70 e 263,96 centavos de dólar por libra e apresentou um valor mediano de 249,99 centavos de dólar por libra.
Em comparação com outubro de 2023, todavia, o índice subiu 64,9%. A média móvel dos últimos 12 meses foi de 202,92 centavos de dólar por libra, enquanto em novembro de 2023 o índice foi de 161,53 centavos de dólar por libra.
Resumo do mercado global de café para 2024/25
As informações a seguir são baseadas no mais recente relatório do Serviço Estrangeiro de Agricultura do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), atualizado em junho de 2024, e consiste na estimativa de oferta e demanda para o ano safra 2024/25, iniciado em setembro.
A produção mundial de café para 2024/25 está prevista para se recuperar em 7,1 milhões de sacas em relação ao ano anterior, totalizando 176,2 milhões de sacas. Isso se deve principalmente à recuperação contínua no Brasil e ao aumento na produção na Indonésia. Com o aumento da oferta, as exportações globais devem subir 3,6 milhões de sacas, alcançando 123,1 milhões, impulsionadas principalmente pelos fortes embarques do Brasil e da Indonésia. O consumo global deve crescer 3,1 milhões de sacas, chegando a 170,6 milhões. Os estoques finais estão previstos para aumentar 1,9 milhão de sacas, totalizando 25,8 milhões, após três anos de declínio.
A produção no Vietnã está estimada em 29,0 milhões de sacas, com mais de 95% da produção concentrada no café robusta. Apesar de um início tardio da estação chuvosa e temperaturas acima da média que afetaram os rendimentos, estratégias sustentáveis estão sendo implementadas para enfrentar desafios de longo prazo, como a escassez de água subterrânea e a redução da cobertura florestal. Cerca de 30% da área de cultivo já atende aos padrões de sustentabilidade.
No Brasil, a colheita combinada de arábica e robusta está prevista para subir 3,6 milhões de sacas, atingindo 69,9 milhões. A produção de arábica deve crescer 3,3 milhões de sacas, chegando a 48,2 milhões, enquanto o robusta deve aumentar 300 mil sacas, totalizando 21,7 milhões. As exportações brasileiras de grãos estão previstas para subir 1,0 milhão de sacas, alcançando 42,5 milhões, com os estoques finais aumentando em quase 700 mil sacas.
Na Colômbia, a produção de arábica está prevista para crescer 200 mil sacas, totalizando 12,4 milhões, apesar de infestações crescentes do bicho-broca. As exportações devem atingir 10,8 milhões de sacas, principalmente para os Estados Unidos e a União Europeia.
Na América Central e México, a produção deve crescer 300 mil sacas, totalizando 16,6 milhões, com a maior parte do aumento vindo da Nicarágua, que deve adicionar 300 mil sacas. As exportações da região estão previstas para subir 500 mil sacas, alcançando 13,4 milhões.
Na Indonésia, a produção de robusta está projetada para aumentar 2,7 milhões de sacas, atingindo 9,5 milhões, devido às condições favoráveis no Sul de Sumatra e Java. A produção de arábica deve crescer ligeiramente para 1,4 milhão de sacas. As exportações estão previstas para aumentar 2,2 milhões de sacas, alcançando 6,5 milhões.
Na Índia, a produção combinada de arábica e robusta está prevista para cair 100 mil sacas, totalizando 6,0 milhões, devido à redução das chuvas pré-monsônicas.
As importações na União Europeia devem aumentar 2,0 milhões de sacas, alcançando 47,5 milhões, com os principais fornecedores sendo Brasil, Vietnã, Uganda e Honduras. Os estoques finais devem subir 2,1 milhões de sacas, totalizando 11,6 milhões. Nos Estados Unidos, as importações estão previstas para crescer 900 mil sacas, totalizando 24,5 milhões, impulsionadas pelo aumento do consumo. Os principais fornecedores incluem Brasil, Colômbia, Vietnã e Guatemala. Os estoques finais devem permanecer inalterados em 5,7 milhões de sacas.
Qual a importância da produção de café para o Brasil?
O café é o quinto produto na pauta de exportações do Brasil, movimentando R$ 64 bilhões até este momento, em 2024, segundo o Ministério da Agricultura (MAPA).
A cafeicultura brasileira ocupa uma área de 2 milhões de hectares, cultivados por cerca de 300 mil cafeicultores, com predominância de pequenas e médias propriedades. Os 1900 municípios produtores estão principalmente nos estados de MG, ES, SP, BA, RO, PR, RJ, GO, MT, AM e PA.
A produção de café arábica é concentrada nos estados de MG, SP, ES e BA, responsáveis por cerca de 85 % da produção nacional. Cerca de 95 % da produção de conilon é oriunda dos estados do ES, BA e RO.
De acordo com dados da FIESP (2022) a cadeia produtiva do café gera cerca de 585 mil empregos diretos, considerando campo, indústria e comércio. Na indústria são 1050 unidades de beneficiamento e 826 estabelecimentos comerciais atacadistas especializados em café. No ano de 2021 foram mais de R$ 68 milhões gerados pelo campo e pela indústria.
Fonte: https://www.ocafezinho.com/2024/11/18/exclusivo-exportacoes-brasileiras-de-cafe-chegam-a-r-65-bilhoes-em-12-meses-novo-recorde-historico/