27 de novembro de 2024
Observatório de raios-X detecta “buraco negro oculto” devorando estrela
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Lançado em setembro de 2023, o observatório XRISM, liderado pela Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA), registrou o espectro mais detalhado de Cygnus X-3, um sistema binário localizado a cerca de 32 mil anos-luz, na constelação de Cygnus. Este sistema é composto por uma estrela Wolf-Rayet, uma das mais massivas e raras que existem, e um objeto compacto que aparenta ser um buraco negro.

De acordo com Ralf Ballhausen, pesquisador da Universidade de Maryland e do Centro Goddard da NASA, o que torna Cygnus X-3 único são os intensos ventos estelares emitidos pela Wolf-Rayet. “Esses ventos removem gases da superfície da estrela, que são aquecidos pela interação com o objeto compacto, gerando emissões de raios-X”, disse o cientista em um comunicado.

Uma visualização científica da espaçonave XRISM no espaço. Crédito: Goddard Space Flight Center Conceptual Image Lab da NASA

Os dados foram obtidos por um instrumento do XRISM (sigla para Missão de Imagem e Espectroscopia de Raios-X) chamado Resolve, um espectrômetro de alta precisão, que analisou o sistema por 18 horas em março. 

Visão de raios-X do sistema binário Cygnus X-3, onde uma estrela massiva está sendo lentamente devorada por um buraco negro companheiro ou estrela de nêutrons. Créditos: Raio-X: NASA/CXC/SAO/M.McCollough et al – Rádio: ASIAA/SAO/SMA

Monitoramento contínuo pode confirmar natureza do buraco negro

Cygnus X-3 já foi amplamente estudado em outras faixas de luz, como rádio, infravermelho e raios gama, mas as novas observações em raios-X trouxeram informações inéditas sobre os fluxos de gás ao redor do binário. A proximidade entre os dois corpos, que completam uma órbita em apenas 4,8 horas, cria uma região turbulenta onde o gás é iluminado e ionizado pela radiação.

O espectro registrado mostrou emissões e absorções de raios-X com características deslocadas de suas posições normais, um efeito causado pelo movimento rápido do gás. Enquanto os gases que se movem em direção à Terra atingem velocidades de até 1,5 milhão de quilômetros por hora, os que se afastam exibem emissões mais fracas.

Segundo Timothy Kallman, astrofísico da NASA, ventos estelares são responsáveis por absorver uma ampla gama de energias, gerando esse comportamento assimétrico.

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Brian Williams, cientista do projeto, ressalta que o detalhamento obtido só foi possível graças ao monitoramento contínuo do sistema ao longo de várias órbitas. Esses dados poderão ajudar a confirmar se o objeto compacto de Cygnus X-3 é, de fato, um buraco negro.

Os resultados, que serão publicados no The Astrophysical Journal, reforçam a capacidade do XRISM em desvendar fenômenos complexos do universo. A missão, conduzida em parceria pela JAXA, NASA e (Agência Espacial Europeia) ESA, destaca a relevância de tecnologias avançadas como o espectrômetro Resolve para explorar sistemas estelares dinâmicos e pouco compreendidos.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/11/26/ciencia-e-espaco/observatorio-de-raios-x-detecta-buraco-negro-oculto-devorando-estrela/