O nome de Wadih Damous, atual titular da Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), tem sido cogitado para assumir a presidência da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Contudo, muitos veem essa possibilidade como um caso de “estranho no ninho”.
Advogado de formação, Damous construiu sua carreira no Direito do Trabalho e foi presidente da OAB-RJ por duas gestões, entre 2007 e 2012. Durante sua administração, a carteira de clientes do plano de saúde da CAARJ (Caixa de Assistência da Advocacia do Estado do Rio de Janeiro), que operava sob regime de autogestão, precisou ser vendida devido a um endividamento crítico. À época, o plano atendia cerca de 55 mil vidas, mas atualmente esse número caiu para menos de 5 mil.
A venda foi feita para a Unimed Rio, uma operadora que, na época, buscava expandir sua participação no mercado, inclusive através de patrocínios esportivos e aquisição de carteiras de concorrentes. No entanto, essa estratégia culminou em graves problemas financeiros, resultando na colocação da empresa sob regime de direção fiscal em 2014, com dificuldades para honrar pagamentos à rede credenciada e repassar recursos a outras unidades.
Críticos apontam que, como presidente da OAB-RJ, a gestão de Damous foi marcada pelo colapso do plano de saúde dos advogados, que acabou tendo que ser repassado a uma operadora em situação financeira delicada. Atualmente, como secretário nacional do consumidor, especialistas do setor e advogados de defesa do consumidor avaliam que ele pouco fez tanto pelo setor quanto pelos consumidores. Essa percepção se intensificou diante da maior crise recente do sistema de saúde suplementar, em que inúmeras pessoas tiveram seus planos de saúde cancelados por operadoras, sem que se observasse uma ação significativa de Damous para proteger os direitos desses consumidores.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/um-estranho-no-ninho/