Caio de Santis (Da equipe do blog em Brasília)
O discurso emocionado do deputado federal Glauber Braga, nesta quarta-feira, no qual chorou no plenário da Câmara dos Deputados enquanto renunciou à presidência da Comissão de Legislação Participativa, teve como pano de fundo o processo de cassação que responde no Conselho de Ética por ter agredido um membro do MBL. Na ocasião, Glauber também anunciou que não apresentará mais testemunhas de defesa no Conselho de Ética. Isto, dizem pessoas próximas, pode ajudá-lo a escapar da cassação neste ano.
Isso porque ao não apresentar as testemunhas, o Conselho de Ética já poderia votar o parecer final do processo em dezembro, o que seria favorável a ele. Por um lado, correligionários do PSOL acreditam que o texto será favorável a Glauber por uma questão de isonomia, já que a última vez em que o colegiado se reuniu para avaliar uma cassação, esta era de Chiquinho Brazão, acusado de arquitetar o assassinato de Marielle Franco. Embora todos concordem que Glauber rompeu com o decoro parlamentar ao agredir uma pessoa nas dependências do Congresso, a avaliação interna é que esta gestão do Conselho de Ética não poderia colocar o caso na mesma régua de Brazão. Logo, ainda há esperanças de Glauber sequer ser julgado pelo plenário da Casa.
Por outro lado, ainda que o Coética o puna, Glauber contaria com um constrangimento causado a Lira, que teria que colocar o caso de Brazão ao lado do dele, na pauta do plenário. Em qualquer uma das hipóteses, ao não apresentar a defesa, Glauber faz com que o Conselho de Ética apresente um desfecho neste ano.
Nesta quarta, Glauber Braga contou com o discurso da deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) durante sessão do Conselho de Ética. Decana da Câmara e parlamentar mais idosa dessa legislatura, Erundina defendeu o correligionário.
“Quero, antes que termine o meu tempo na história, apreciar o exercício da democracia. Trata-se de um mandato popular, Glauber foi eleito por votos dos eleitores do Rio de Janeiro. Um Conselho de Ética não pode existir em um contexto de perseguição e confronto. É muito triste, nesta idade, ter que defender isto. Os eleitores dele têm que ser ouvidos, precisamos saber o que eles acham”, disse a deputada eleita por São Paulo.
Glauber Braga reforça que tem sido perseguido por ser uma voz combativa na Câmara, frequentemente criticando o presidente da Casa, Arthur Lira. O parecer da relatoria do Conselho de Ética já se mostrou favorável à punição de Glauber pelo ocorrido com o membro do MBL.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/a-estrategia-de-glauber-braga-para-escapar-da-cassacao-ainda-neste-ano/
