8 de fevereiro de 2025
Novos sinais orgânicos são identificados no segundo mundo mais aquático
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Pesquisadores do Instituto de Astrofísica da Andaluzia (IAA-CSIC), na Espanha, identificaram evidências de um reservatório interno de compostos orgânicos em Ceres, maior objeto do cinturão de asteroides e corpo espacial com mais água no Sistema Solar depois da Terra.

A equipe mapeou 11 regiões no planeta anão que reforçam a hipótese de uma origem endógena para esses materiais, um indício que pode apontar para processos biológicos em seu interior. Os resultados da pesquisa foram relatados em um artigo publicado recentemente na revista The Planetary Science Journal.

Em 2017, a sonda Dawn, da NASA, projetada para estudar os planetas anões Ceres e Vesta, detectou compostos orgânicos no hemisfério norte de Ceres. Na época, acreditava-se que esses materiais poderiam ter vindo de impactos de cometas ou asteroides ricos em carbono. 

Mapa da distribuição dos orgânicos alifáticos no planeta anão Ceres. Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA/ASI/INAF/MPS/DLR/IDA

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Materiais orgânicos de Ceres se formaram dentro do planeta anão

No entanto, o novo estudo sugere que os compostos podem ter se formado dentro do objeto, permanecendo protegidos da radiação solar em um reservatório subterrâneo. “Se confirmada, essa descoberta indica que Ceres possui fontes internas de energia capazes de sustentar processos biológicos”, disse Juan Luis Rizos, autor principal do estudo, em um comunicado.

Com mais de 930 km de diâmetro, Ceres é considerado um mundo oceânico devido à presença significativa de água, tanto em forma de gelo quanto, possivelmente, em estado líquido sob sua superfície. Esse cenário torna o planeta anão um candidato interessante para futuras missões espaciais, especialmente no contexto da exploração de recursos hídricos para viagens interplanetárias.

A técnica adotada pelos cientistas foi a Análise de Mistura Espectral (SMA), que permitiu examinar a composição química da superfície de Ceres com maior precisão. Inicialmente, a equipe analisou a cratera Ernutet, identificando assinaturas orgânicas, e expandiu a investigação para o restante da superfície utilizando imagens de alta resolução capturadas pela Câmera de Enquadramento 2 (FC2) da sonda Dawn.

A análise revelou que a maioria das novas regiões ricas em compostos orgânicos está próxima ao equador, uma área mais exposta à radiação solar do que a cratera Ernutet. A exposição prolongada aos ventos solares pode explicar os sinais mais fracos detectados, já que a radiação degrada gradualmente as assinaturas espectrais desses compostos.

Para validar os resultados, os pesquisadores utilizaram o espectrômetro VIR (sigla em inglês para Cartografia Visível e Infravermelha) da missão Dawn, que oferece alta resolução espectral, embora com menor precisão espacial.

Imagem da sonda Dawn, da NASA, mostra as grandes crateras Urvara (acima) e Yalode (abaixo) no planeta anão Ceres. Crédito: NASA / JPL-Caltech / UCLA / MPS / DLR / IDA

A combinação dos dados FC2 e VIR pôde confirmar a presença dos compostos orgânicos. Entre as áreas investigadas, uma região entre as bacias de impacto de Urvara e Yalode apresentou as evidências mais robustas, sugerindo que o material orgânico está misturado a detritos gerados por antigos impactos.

Esse estudo reforça os resultados de uma pesquisa publicada em setembro na revista Science, conduzida por cientistas italianos, que descobriram que compostos orgânicos se degradam mais rapidamente sob radiação do que o previsto, sugerindo que grandes quantidades desse material devem estar preservadas sob a superfície de Ceres.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/12/05/ciencia-e-espaco/novos-sinais-organicos-sao-identificados-no-segundo-mundo-mais-aquatico-do-sistema-solar/