28 de dezembro de 2024
Hubble revela imagem mais detalhada já registrada de um quasar
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Astrônomos usaram o Telescópio Espacial Hubble para observar de perto um quasar – um buraco negro supermassivo que brilha intensamente à medida que consome material em seu entorno. 

As imagens do Hubble – as mais detalhadas já feitas de um objeto do tipo – revelaram estruturas fascinantes ao redor do quasar 3C 273, situado a 2,5 bilhões de anos-luz de distância. 

O que você vai ler aqui:

  • O Telescópio Hubble observou o quasar 3C 273, localizado a 2,5 bilhões de anos-luz da Terra;
  • Esse objeto emite uma luminosidade muito maior que galáxias gigantes, causada pela radiação gerada pelo buraco negro central;
  • Usando um coronógrafo, o Hubble bloqueou a luz intensa do quasar para estudar discos de gás e poeira próximos ao buraco negro;
  • O telescópio também observou um jato de material, com 300 mil anos-luz de extensão, disparado do quasar quase à velocidade da luz;
  • Essas observações ajudaram a entender a formação dos quasares e as fusões galácticas, além de fornecer novas informações sobre buracos negros supermassivos.

Liderados por Bin Ren, astrofísico do Observatório Côte d’Azur e da Universidade Côte d’Azur, em Nice, na França, os cientistas envolvidos no trabalho observaram bolhas de vários tamanhos e uma estrutura filamentar misteriosa, em forma de “L”. Esses objetos podem ser pequenas galáxias sendo atraídas pelo buraco negro, alimentando sua intensa radiação.

Uma imagem do Telescópio Espacial Hubble do quasar 3C 273, localizado a 2,5 bilhões de anos-luz de distância – o primeiro quasar (objeto quase-estelar) descoberto, em 1963. Crédito: NASA, ESA, Bin Ren (Université Côte d’Azur / CNRS); Agradecimento: John Bahcall (IAS); Processamento de imagem: Joseph DePasquale (STScI)

Quasar observado pelo Hubble foi o primeiro a ser identificado na história

O quasar 3C 273 foi o primeiro a ser identificado, em 1963. Desde então, ele tem sido um dos principais objetos de estudo para entender a origem das imensas quantidades de energia que os quasares emitem. 

Segundo um comunicado da NASA, sua luminosidade é mais de 10 vezes maior que a de galáxias elípticas gigantes, o que levou os cientistas a concluírem que sua energia vem do material que se acumula no buraco negro centra, gerando radiação intensa.

Com sua capacidade de observação detalhada, o Hubble usou um dispositivo chamado coronógrafo para bloquear a luz intensa do quasar e permitir que os cientistas observassem áreas mais próximas ao buraco negro. 

Esse método ajuda a estudar discos de poeira e gás ao redor das estrelas e a entender melhor as galáxias que hospedam os quasares. Graças a essa técnica, os astrônomos puderam examinar estruturas ao redor do 3C 273 com uma clareza sem precedentes.

Uma das descobertas mais impressionantes foi a observação de um jato de material que se estende por 300 mil anos-luz a partir do quasar. Esse jato se move a quase a velocidade da luz e é uma característica comum em muitos quasares. O Hubble conseguiu medir a velocidade do jato, revelando que ele acelera à medida que se afasta do buraco negro. Essa observação oferece novas informações sobre a dinâmica dos jatos e ajuda os cientistas a entenderem melhor como eles interagem com o ambiente galáctico.

Imagem em luz visível do quasar 3C 273, obtida pelo Hubble em 2003. Crédito: NASA e J. Bahcall (IAS) Imagem ACS: NASA, A. Martel (JHU), H. Ford (JHU), M. Clampin (STScI), G. Hartig (STScI), G. Illingworth (UCO/Observatório Lick), a Equipe Científica da ACS e AEE

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Cientistas puderam compreender as características da galáxia hospedeira

A análise do quasar 3C 273 também proporcionou uma visão detalhada das interações galácticas no seu entorno. A equipe de Ren descobriu sinais de fusões entre galáxias e a presença de detritos que caem em buracos negros supermassivos. Esse processo de alimentação de buracos negros gigantes é o que impulsiona a emissão de radiação intensa característica dos quasares. 

As observações do 3C 273 permitiram que os cientistas identificassem características de sua galáxia-mãe, fornecendo pistas sobre como esses objetos se formam e evoluem. Esse tipo de pesquisa é fundamental para entender o papel dos quasares no Universo e como eles influenciam as galáxias ao seu redor.

Estima-se que haja cerca de um milhão de quasares no céu, e eles são especialmente úteis para estudos de observação astronômica. No passado, os quasares eram mais abundantes, especialmente em um período próximo ao Big Bang, quando as colisões galácticas eram mais frequentes.

Em operação há mais de 30 anos, o telescópio Hubble segue sendo uma das ferramentas mais importantes da astronomia moderna. Ele tem permitido descobertas inovadoras sobre o cosmos, revelando detalhes antes inimagináveis de fenômenos cósmicos (como os quasares). Segundo a NASA, em breve, observações do quasar 3C 273 com o Telescópio Espacial James Webb podem fornecer ainda mais dados sobre esse fascinante objeto.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/12/09/ciencia-e-espaco/hubble-revela-imagem-mais-detalhada-ja-registrada-de-um-quasar/