24 de novembro de 2024
“Universo” de bactérias está escondido abaixo do deserto mais quente
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O Deserto do Atacama (Chile) esconde muito mais segredos e mistérios do que imaginávamos. Pesquisadores descobriram abundante vida microbiana quatro metros abaixo de um dos mais áridos e inóspitos solos do planeta.

O Atacama, mesmo sendo o deserto apolar mais seco, contando com apenas 1 mm a 3 mm de precipitação anualmente em certas áreas, incrivelmente tem essa forma microscópica de vida.

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O Atacama é o deserto apolar mais seco do mundo; quem diria que, abaixo deste solo, há vida? (Imagem: Lucas Horstmann/GFZ-Potsdam)

Bactérias vivem no fundo do Deserto do Atacama!

  • Acima do solo, onde as temperaturas variam entre 0 °C (à noite) e 40 °C (durante o dia), basicamente, não há vida;
  • Mas, abaixo disso tudo, estão as bactérias, habitantes de um solo seco, rico em sulfato;
  • Esse habitat curioso, até então inexplorado, encontra-se em região chamada deserto de Yungay, onde os micróbios vivem totalmente isolados do que há acima deles, informa o IFLScience;
  • Em outras pesquisas, os investigadores focaram na superfície; ou seja, o que está abaixo é um mistério completo (até agora).

“Até onde sabemos, isto representa o levantamento microbiano mais profundo e a descoberta de vida microbiana nos solos do Atacama até hoje”, disseram os pesquisadores em seu estudo, publicado na PNAS Nexus.

Descobertas

Os cientistas cavaram 4,2 metros e coletaram amostras regulares do solo antes de utilizar nova abordagem a partir da análise de DNA molecular, de modo a isolar o DNA originário de organismos vivos.

Com este método, eles descobriram verdadeira biosfera oculta, que vai nos ajudar a ampliar nosso conhecimento sobre a biodiversidade do Deserto do Atacama e além.

Nos 80 cm superiores do solo, eles descobriram que a maioria esmagadora de bactérias existentes são as Firmicutes (ou Bacillota), filo de bactérias que inclui a Lactobacillus e a Enterococcus.

Escavações chegaram a mais de quatro metros abaixo do solo desértico (Imagem: L. Horstmann/GFZ)

Porém, a quantidade desse filo decaiu conforme os pesquisadores aprofundavam suas escavações e com o aumento da salinidade do solo, cessando por completo em amostas mais profundas, entre 80 cm e 200 cm.

Curiosamente, abaixo dos 200 cm, elas ressurgem. Só que, ali, outra vida microbiana foi descoberta, dominada pelas Actinobactérias. Os autores do estudo sugerem que elas podem estar por lá há incríveis 19 mil anos, antes de as demais camadas de solo as soterrarem.

A hipótese dos cientistas envolvidos no estudo é que eles podem popular muito além do que 4,2 metros e talvez “representem a extensão superior de biosfera profunda sob solos desérticos hiperáridos”.

Parte superior do perfil do solo (Imagem: Dirk Wagner/GFZ-Pots)

Como essas bactérias sobrevivem estando tão lá no fundo?

As bactérias habitantes dessas profundidades contam com o gesso mineral como fonte de água. E, acredite: isso pode ter implicações em nossa busca por vida fora da Terra.

A exploração de ambientes subterrâneos associados ao gesso no Deserto do Atacama tem relevância direta para a astrobiologia, uma vez que os depósitos de gesso em Marte são […] não apenas evidências de água líquida no passado, mas, também, poderiam servir como fonte de água para a vida microbiana atual. Assim, os dados deste estudo estão nos ajudando a compreender se e como pode existir vida em ambientes semelhantes em outros planetas ou luas de nosso Sistema Solar.

Autores do estudo

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/04/26/ciencia-e-espaco/universo-de-bacterias-esta-escondido-abaixo-do-deserto-mais-quente-e-seco-do-planeta/