A prisão de Braga Netto aumentou a pressão nos bastidores para que personagens centrais da trama golpista sigam o caminho de Mauro Cid e contem o que sabem aos investigadores, informa o blog da Andréia Sadi, no portal g1.
Entre militares e até investigadores, hoje, não há crença de que Braga Netto venha a aderir a uma delação premiada, pois ele teria “lealdade militar”, nas palavras de uma pessoa que acompanha a investigação.
Além disso, o general acha que tem com apoio político, como de senadores — que já saíram em sua defesa nos últimos dias. Braga Netto recebeu, inclusive, um aceno público de Bolsonaro após a prisão, questionando a medida do ministro Moraes.
“Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?”, publicou Bolsonaro em suas redes sociais, sem citar o general.
Para o entorno militar, a postagem de Bolsonaro é um gesto a Braga Netto para que ele não delate. Na visão de investigadores ouvidos pela reportagem, a delação de Braga Netto é possível, mas difícil — embora ele só tivesse a ganhar. Lembram da negociação para que Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle, delatasse — e comparam dizendo que também parecia impossível, mas ocorreu.
Um dos motivos que leva policiais e integrantes do Judiciário a avaliar que as novas delações de generais poderão ser possíveis é de que estão sendo avisados e fazendo conta de quanto tempo passarão na cadeia.
Em alguns casos, a depender da idade, ”vão ficar o resto da vida presos”, nas palavras de um investigador. Enquanto a delação de Braga Netto parece mais distante, a de Mario Fernandes é considerada uma possibilidade por militares que o conhecem por pressão da família.
O advogado de Mario Fernandes, Marcus Vinicius Figueiredo, nega que ele cogite uma delação premiada.
Esses generais avaliam que Mario Fernandes pode contar como se deram os encontros com Bolsonaro para apresentar o plano Punhal Verde e Amarelo — inclusive, pode esclarecer se há algum rabisco do presidente em documentos golpistas, por exemplo.
Golpistas comparados ao PCC
No STF, ministros já observavam que Braga Netto era personagem central do governo Bolsonaro, mas se dizem surpresos com a extensão e gravidade das ações investigadas pela PF. Afirmam que sempre esperavam ações agressivas da família Bolsonaro — mas estão espantados com a quantidade de generais e militares com carreira, que sempre prezaram valores, se envolvendo com o crime, incluindo plano de assassinato.
“Se comportaram como gente do PCC e do Comando Vermelho”, disse um ministro do STF.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/aceno-de-bolsonaro-a-braga-netto-e-visto-como-recado-para-evitar-delacao-ministro-do-stf-compara-militares-ao-pcc/
