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O senador e ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) admitiu, em entrevista ao Globo, que durante o governo Bolsonaro houve discussões sobre um golpe para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, classificou a iniciativa como “uma conspiração bem tabajara” e destacou que as conversas não resultaram em ações práticas.
— Em tese, houve reuniões, mas não levaram a nenhuma ação. Na linguagem militar, nós definimos como ‘ações táticas’ tudo aquilo em que há movimento. Não houve nada disso. Houve pensamento, não passou disso. É uma conspiração bem tabajara, conversas de WhatsApp — afirmou Mourão.
O general comparou a trama a outras tentativas de golpe ao redor do mundo, destacando que a ausência de tropas nas ruas ou mobilização efetiva evidencia a fragilidade do plano.
— Vamos combinar: golpe não funciona assim. Golpe é como você viu aí na Síria, na Venezuela, na Turquia. É tropa na rua, é tiro, é bomba — declarou.
Mourão explicou que, para um golpe ser viável, seria necessário o apoio do Alto Comando do Exército, algo que, segundo ele, não aconteceu.
— Como funcionaria um golpe? Fechar o Congresso? Qual objetivo do golpe? Impedir a posse? Não tem nada disso. É um troço sem pé nem cabeça.
Ele elogiou a postura do general Freire Gomes, então comandante do Exército, que, segundo Mourão, agiu com equilíbrio ao manter a instituição nos trilhos da legalidade, legitimidade e estabilidade.
— O Exército não pode ser fator de instabilidade. É óbvio que uma reversão de um processo eleitoral na base da força lançaria o país num caos — afirmou.
Sobre as investigações da Polícia Federal que revelaram um plano de uma ala do Exército para assassinar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes, Mourão as desqualificou.
— O Exército se baliza por três vetores: legalidade, legitimidade e estabilidade. Foi a atitude correta do general Freire Gomes — concluiu.
Com informações de O Globo
Fonte: https://agendadopoder.com.br/mourao-reconhece-intencao-golpista-e-chama-de-operacao-tabajara-sem-adesao-militar/