Uma nova pesquisa pode mudar o que sabemos sobre a formação dos planetas. O estudo revelou um exoplaneta alienígena ainda em formação cuja composição química não corresponde ao material presente no disco de gás e poeira que formou ele. A revelação pode indicar que o modelo de formação de planetas visto pelos cientistas até hoje pode ser excessivamente simples.
Chamado de PDS 70b, esse exoplaneta está fora do nosso Sistema Solar, a 369 anos-luz da Terra e é um gigante gasoso, com cerca de três vezes a massa e largura de Júpiter. Esse “bebê” orbita sua estrela a cerca de 20 vezes a distância entre a Terra e o Sol, levando 119,2 anos terrestres para completar uma órbita.
A descoberta foi feita por cientistas da Universidade Northwestern. O estudo revelou que o planeta não é tão parecido com seu disco de formação, é como se o DNA do filho não correspondesse ao dos pais.
“Para astrofísicos observacionais, uma imagem amplamente aceita da formação de planetas provavelmente era simplificada demais”, disse o líder da equipe Chih-Chun “Dino” Hsu da Northwestern University em uma declaração.
“De acordo com essa imagem simplificada, a proporção de gases de carbono e oxigênio na atmosfera de um planeta deve corresponder à proporção de gases de carbono e oxigênio em seu disco natal — assumindo que o planeta acrete materiais por meio de gases em seu disco. Em vez disso, encontramos um planeta com uma proporção de carbono e oxigênio muito menor em comparação com seu disco”, disse Chih-Chun “Dino” Hsu, da Northwestern University, em nota.
Apesar do resultado surpreendente, esse tipo de estudo é relativamente novo, já que até pouco tempo atrás não era possível enxergar um exoplaneta dentro de seu disco de formação.
Leia também:
- DESI: o que é o instrumento e o que ele busca no espaço?
- O que é uma tempestade solar?
- China planeja ser a primeira a trazer amostras de Marte para a Terra em 2031
O disco de formação é uma composição de material que surge ao redor de uma estrela e ao longo de milhares de anos vai sendo moldado em um planeta sob sua própria gravidade, com pedações de gás frio e poeira.
Por isso, os exoplanetas costumam só ficar visíveis a partir do momento em que a “poeira baixa” e os planetas já estão velhos. Mas no sistema do PDS, cujos astros tem idade estimada em 5 milhões de anos, as coisas são diferentes.
“Este é um sistema onde vemos ambos os planetas ainda se formando, bem como os materiais dos quais eles se formaram”, disse o membro da equipe de estudo Jason Wang, professor assistente de física e astronomia na Northwestern.
“Pela primeira vez, conseguimos medir a composição do planeta ainda em formação e ver quão semelhantes são os materiais do planeta em comparação com os materiais do disco”, completou.
A pesquisa da equipe foi publicada no Astrophysical Journal Letters.
Como a composição do planeta foi determinada?
Os pesquisadores usaram o telescópio Keck II do Havaí para monitorar a luz vinda do sistema estelar jovem. Cada elemento químico absorve e emite luz em comprimentos de ondas específicos. Dessa forma é possível determinar a composição desses astros.
O resultado mostrou que a atmosfera do planeta contém muito menos carbono e oxigênio do que o esperado. “Descobrimos que o carbono, em relação ao oxigênio, no planeta era muito menor do que a proporção no disco. Isso foi um pouco surpreendente, e mostra que nossa imagem amplamente aceita da formação do planeta era muito simplificada”, disse Hsu.
Agora, o que causou essa diferença na composição precisa ser estudado. Por enquanto, os cientistas possuem algumas teorias, uma delas de que o exoplaneta começou a se formar antes do disco ficar enriquecido com carbono. Dessa forma, o PDS 70b engoliu matéria sólida ao invés de apenas gases. Mas mais estudos precisam ser feitos para entender isso.
O post Planeta bebê alienígena pode mudar o que sabemos sobre a formação desses astros apareceu primeiro em Olhar Digital.
Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/12/19/ciencia-e-espaco/planeta-bebe-alienigena-pode-mudar-o-que-sabemos-sobre-a-formacao-desses-astros/