“Rodrigo Bacellar, Thiago Pampolha e Washington Reis são hoje os principais nomes”, afirmou o governador Cláudio Castro (PL) em entrevista ao jornal O Globo no último domingo. Esta foi a primeira declaração mais direta do governador sobre os possíveis nomes que poderá apoiar para sua sucessão em 2026.
Após um ano de especulações envolvendo diversos nomes, a disputa começa a se concentrar entre três figuras de peso: o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, do União Brasil; o vice-governador Thiago Pampolha; e o ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, ambos do MDB. Esse cenário deverá influenciar as articulações políticas ao longo do próximo ano.
Embora nos bastidores os três admitam que podem se lançar candidatos, eles condicionam essa decisão ao desempenho do governador Cláudio Castro. Mesmo com a maior coligação, amplo tempo de TV e forte apoio na Baixada Fluminense e no interior, os possíveis candidatos avaliam que não será vantajoso entrar na disputa sem que a popularidade de Castro melhore.
Pesquisas encomendadas tanto pelo governador quanto pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), que também pode ser candidato ao governo estadual, indicam que a avaliação de Castro, sobretudo na capital, está em baixa. Esse desgaste é atribuído, principalmente, à percepção negativa da população em relação à segurança pública, um tema que o próprio governador reconheceu como um desafio em sua entrevista recente.
Para reverter o quadro, o governo aposta em uma injeção significativa de recursos, estimada em cerca de R$ 20 bilhões, na capacidade de investimento do estado ao longo dos próximos dois anos. Metade desse montante virá da renovação da concessão do gás e a outra metade do Programa de Refinanciamento da Dívida dos Estados (Propag), recentemente aprovado pelo Senado.
Aliados de Castro acreditam que essa ampliação do orçamento pode gerar efeitos semelhantes aos da privatização da Cedae, que foi crucial para viabilizar obras e programas estratégicos antes das eleições de 2022. Essa estratégia pode se tornar um trunfo decisivo para melhorar a imagem do governador e influenciar positivamente o cenário político às vésperas da próxima disputa eleitoral.
Embora seja o mais cotado pela classe política devido ao poder acumulado na presidência da Alerj, Bacellar balança entre o risco do voo mais alto e a segurança de garantir uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE), que será aberta este ano. Quando não era cotado para a sucessão, o deputado sempre disse que o seu sonho era virar conselheiro.
Logo depois da eleição municipal, Bacellar e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), Paes trocaram farpas. Tudo começou, quando em entrevista ao Globo, o prefeito afirmou que o presidente da Alerj fazia “extorsões” e “ameaças” em sua relação com Castro. Bacellar, por sua vez, chamou Paes de “vagabundo” e disse que a Assembleia não era “puxadinho” do governo como a Câmara Municipal.
Não é a primeira vez que Bacellar aparece ligado a escândalos. Ele aguarda um julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo suposto uso eleitoreiro da Fundação Ceperj e Uerj entre 2021 e 2022. Parentes de vereadores de Campos dos Goytacazes, seu reduto eleitoral, teriam sido beneficiados.
Já Washington Reis tem angariado apoio entre evangélicos nas últimas semanas, embora a sua inelegibilidade ainda esteja mantida. Em 2016, foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 7 anos de prisão por crime ambiental e loteamento irregular. Apesar da sentença, ele nunca cumpriu a pena, motivo que o obrigou a abandonar a chapa de Castro em 2022.
O emedebista é o candidato preferido do pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e do ex-deputado federal Eduardo Cunha, hoje mandachuva do Republicanos no Rio. Seu cacife político aumentou em outubro ao eleger o sobrinho Netinho Reis como seu sucessor em Caxias. Recentemente, contudo, a família Reis foi alvo de uma operação da Polícia Federal que apurava um suposto esquema de compra de votos em Duque de Caxias, seu reduto eleitoral, e São João de Meriti.
Pampolha é o mais subestimado na corrida eleitoral daqui a dois anos, embora esteja certo de que assumirá o governo em 1 de abril de 2026 caso Castro seja mesmo candidato ao Senado, como voltou a cogitar na semana passada. O emedebista passou o ano rompido com o governador. As rusgas se deram após ele ter deixado o União Brasil, sem ter comunicado Castro.
O clima de tensão entre os dois fez com que passassem o carnaval em camarotes separados e se dividissem, também, nas eleições municipais. Enquanto o governador esteve com Alexandre Ramagem (PL), Pampolha subiu no palanque de Paes.
Neste fimde ano, os dois ensaiaram uma aproximação e voltaram a conversar. Eles participaram recentemente de um café da manhã em que ambos pediram desculpas por atos passados e, posteriormente, Castro chegou a elogiar o trabalho de Pampolha publicamente. Se Bacellar e Washington Reis não se viabilizarem, o vice entra de novo no páreo, com a vantagem de poder disputar a eleição na cadeira de governador.
Com informações de O Globo.
Fonte: https://agendadopoder.com.br/castro-define-tres-nomes-como-possiveis-candidatos-para-sua-sucessao-ao-governo-do-estado-em-2026/