28 de dezembro de 2024
O que é puberdade precoce e quais os perigos dela?
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Se tudo parece estar mais acelerado na nossa vida, com as crianças e adolescente não é diferente e pode refletir até no relógio biológico deles como uma puberdade precoce. O que antes era apenas uma fase esperada da adolescência agora desafia especialistas em saúde ao aparecer cada vez mais cedo.

Imagine uma menina de sete anos lidando com a necessidade de um sutiã ou um menino de oito anos enfrentando mudanças de voz. Nos últimos anos, um fenômeno intrigante e preocupante tem chamado atenção no mundo todo, o aumento de diagnósticos de puberdade precoce.

Mais do que uma questão hormonal, essa mudança no relógio biológico das crianças reflete impactos de fatores modernos como estresse, exposição a disruptores endócrinos, alterações na dieta e até o isolamento social vivido durante a pandemia. Este tema vai além dos números e nos força a olhar de perto para como estamos moldando ou pressionando o desenvolvimento das próximas gerações.

(Imagem: Shutterstock)

Que implicações a infância encurtada traz para a saúde física e emocional dessas crianças? É uma questão que a Ciência está estudando e observando o aumento dos casos. Vamos responder algumas dúvidas a seguir.

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O que é puberdade precoce?

A puberdade precoce é uma condição em que os sinais físicos e hormonais da puberdade começam a aparecer antes da idade considerada normal. Para meninas, isso ocorre antes dos 8 anos, e para meninos, antes dos 9 anos.

Ela é caracterizada pelo desenvolvimento prematuro de características sexuais secundárias, como crescimento das mamas, pelos pubianos, aceleração do crescimento ósseo e, em alguns casos, mudanças de comportamento.

Puberdade precoce
Imagem: SewcreamStudio / iStock

Quais exames podem ser feitos para descobrir puberdade precoce?

Para diagnosticar a puberdade precoce, os médicos utilizam uma combinação de exames clínicos, laboratoriais e de imagem. 

Primeiro é feita uma avaliação clínica que investiga o histórico médico, o que inclui informações sobre o desenvolvimento da criança, antecedentes familiares e sinais precoces de puberdade. Em um exame físico, o médico verifica o aparecimento de características sexuais secundárias, como crescimento das mamas, pelos pubianos ou aumento dos testículos.

Em exames hormonais são checados a dosagem de hormônios no sangue: 

  • Hormônio Luteinizante (LH) e Hormônio Folículo-Estimulante (FSH): avalia se o eixo hipotálamo-hipófise-gônadas foi ativado.
  • Estradiol (em meninas) ou testosterona (em meninos): níveis aumentados indicam puberdade precoce.
  • Teste de estímulo com GnRH: mede a resposta do eixo hormonal para confirmar se a puberdade precoce é central.

Outro exame é a radiografia de idade óssea, que analisa as placas de crescimento nos ossos da mão e do punho. Uma idade óssea avançada em relação à idade cronológica é indicativa de puberdade precoce.

Exames de imagem também podem investigar mais a fundo. É o caso da ultrassonografia pélvica (em meninas), para avaliar o tamanho do útero e dos ovários e da ressonância magnética ou tomografia computadorizada, utilizadas para investigar possíveis causas neurológicas, como tumores no hipotálamo ou hipófise.

Em último caso, podem ser pedidos exames específicos, como testes genéticos (em casos associados a condições hereditárias) e dosagem de hormônios tireoidianos para descartar hipotireoidismo, que pode simular puberdade precoce.

(Imagem: Shutterstock)

Esses exames ajudam a determinar se a puberdade precoce é central (relacionada ao eixo hormonal) ou periférica (causada por produção anormal de hormônios) e a identificar sua causa subjacente. Se houver suspeita, o indicado é procurar um endocrinologista pediátrico para avaliação detalhada.

Quais os perigos da puberdade precoce?

A puberdade precoce pode trazer diversos riscos para a saúde física, emocional e social da criança, além de interferir em seu desenvolvimento. Veja alguns:

  1. Impacto na estatura final
  • O estirão de crescimento ocorre mais cedo, mas as placas de crescimento ósseo se fecham antes do tempo, o que pode resultar em uma estatura final abaixo do esperado.
  1. Problemas psicológicos e emocionais
  • Baixa autoestima e sentirem-se diferentes ou inadequadas.
  • Isolamento social, porque a maturação precoce pode dificultar a integração com crianças da mesma faixa etária.
  • Aumento da ansiedade e depressão devido à pressão emocional e ao desconforto com as mudanças.
  1. Riscos de sexualização precoce
  • O desenvolvimento físico pode atrair atenção indesejada ou inapropriada, expondo a criança a riscos sociais, psicológicos ou de abuso.
  1. Alterações hormonais e metabólicas
  • Obesidade: a puberdade precoce está associada a maior risco de sobrepeso e obesidade.
  • Síndrome metabólica: a maturação precoce pode aumentar a predisposição a condições como diabetes tipo 2 e hipertensão.
  1. Problemas de saúde a longo prazo
  • Meninas com menarca precoce podem ter maior probabilidade de desenvolver condições como câncer de mama ou ovário.
  • A maturação óssea acelerada pode comprometer a densidade mineral óssea, aumentando o risco de fraturas mais tarde na vida.
  1. Gravidez precoce
  • Em casos de puberdade precoce em meninas, o início da menstruação pode expor a criança a riscos de gravidez em idades inadequadas, especialmente em situações de vulnerabilidade social.
  1. Impacto na dinâmica familiar
  • Mudanças no comportamento da criança podem causar tensão no ambiente familiar, exigindo suporte psicológico e educacional para pais e responsáveis.

Relato de casos

Pesquisas realizadas pela Universidade de Gênova (Itália) mostraram que o número médio de diagnósticos mensais quase dobrou durante o isolamento social. Antes da pandemia, foram identificados 72 casos entre janeiro de 2016 e março de 2020, enquanto 61 casos foram registrados apenas entre março de 2020 e junho de 2021. O estudo foi publicado no Journal of the Endocrine Society.

No Brasil também o tema tem sido debatido. Durante o 9º Encontro Brasileiro de Endocrinologia Pediátrica, especialistas discutiram como fatores ambientais e comportamentais, como a baixa atividade física e mudanças na alimentação, contribuíram para o aumento dos diagnósticos no Brasil. Além disso, foram mencionados os riscos de obesidade e outros problemas metabólicos associados à puberdade precoce​.

O estudo publicado no Frontiers in Pediatrics abordou como o aumento do tempo de sedentarismo e a alteração nos padrões alimentares durante a pandemia contribuíram para a antecipação da puberdade em meninas.

(Imagem: Shutterstock)

Como minimizar os riscos?

Caso haja sinais de puberdade precoce, é essencial buscar avaliação médica para identificar a causa e determinar o melhor tratamento. Medicações como análogos de GnRH podem interromper a progressão da puberdade, preservando o crescimento e o desenvolvimento psicológico.

O apoio psicológico é fundamental para ajudar a criança a lidar com os desafios emocionais e sociais. E o monitoramento médico deve ser contínuo para prevenir complicações metabólicas e hormonais.

As informações contidas nesta matéria têm caráter exclusivamente informativo e não substituem orientações médicas, diagnósticos ou tratamentos profissionais. Sempre consulte um médico ou profissional de saúde qualificado para esclarecer suas dúvidas e avaliar suas condições específicas.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2024/12/27/medicina-e-saude/o-que-e-puberdade-precoce-e-quais-os-perigos-dela/