Em um ato carregado de emoção e significado histórico, manifestantes se reuniram na manhã deste sábado (11), na Praça Lamartine Babo, na Tijuca, para exigir o tombamento do prédio do 1º Batalhão de Polícia do Exército, onde funcionou o DOI-Codi, centro de repressão e tortura da ditadura militar, onde 49 pessoas, como Rubens Paiva de “Ainda estou aqui”, foram assassinadas durante a ditadura militar. O evento, promovido pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI), pelo Grupo Tortura Nunca Mais RJ e pela ONG Rio de Paz, marca também os 40 anos de fundação do Tortura Nunca Mais, em abril de 1985.
Jorge Antônio Barros, jornalista e sócio da ABI, foi o mestre de cerimônia do evento, que contou com depoimentos de ex-presos políticos, familiares de vítimas e representantes de movimentos sociais.
— Este ato é histórico porque simboliza a união de entidades que lutam pela memória, pela verdade e pela justiça. Não podemos permitir o apagamento do que aconteceu aqui — afirmou.
Durante o protesto, o presidente da ABI, Octavio Costa, destacou a relevância do prédio como símbolo da resistência à opressão.
— Duas cenas do filme Ainda Estou Aqui foram filmadas na ABI. Agora as pessoas estão procurando visitar os lugares onde o filme foi filmado, mas este roteiro histórico precisa incluir o quartel da Polícia do Exército. Como tijucano, sinto vergonha ao passar aqui todos os dias e ver este quartel ainda ativo. Exigimos o tombamento do local e a criação de um museu que mantenha viva a memória das atrocidades que ocorreram aqui.
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O DOI-Codi, instalado no local entre 1970 e 1979, foi palco de torturas, assassinatos e desaparecimentos forçados durante a ditadura militar. Segundo a Comissão Nacional da Verdade, ao menos 49 presos políticos foram mortos ali, e muitos corpos nunca foram localizados.
O evento também destacou o papel da arte na preservação da memória. O filme Ainda Estou Aqui, que retrata os horrores da ditadura, foi citado como uma “verdadeira aula de história”. Para os organizadores, a arte tem o poder de impulsionar debates políticos e manter vivas as lições do passado.
— Não adianta o negacionismo. Não vamos abrir mão da democracia, da liberdade e da justiça social, que são os sonhos daqueles que morreram aqui. Ditadura nunca mais, tortura nunca mais — disse Octávio Costa.
Entre as demandas do ato, estão o tombamento do quartel pelo IPHAN, a criação de um museu de memória no local e o encerramento das atividades do 1º Batalhão.
— Um quartel ativo aqui é um deboche. Exigimos seu fechamento e a preservação deste espaço como um local de reflexão e aprendizado para as futuras gerações — declarou Octávio.
Com informações de O Globo
Fonte: https://agendadopoder.com.br/protesto-exige-tombamento-de-quartel-onde-rubens-paiva-desapareceu-retratado-em-ainda-estou-aqui/