As informações sobre as exportações brasileiras da indústria de transformação tem vindo contaminadas pela presença de produtos de baixa complexidade, como açúcar refinado e carnes, nos agregados.
Então eu separei os principais produtos da indústria de transformação que carregam, notoriamente, média e alta complexidade, cuja exportação em 2024 ficou acima de 500 milhões de dólares.
São 17 produtos, ou categorias de produtos, cujos nomes simplifiquei para: máquinas, combustíveis, veículos terrestres, ferro e aço, químicos inorgânicos, aparelhos elétricos, aeronaves e partes, plásticos, obras de ferro, químicos orgânicos, químicos diversos, bebidas alcoólicas, instrumentos ópticos, farmacêuticos, calçados, embarcações, e armas e munições.
Os nomes estão em ordem de importância na pauta das exportações nacionais no ano passado.
As exportações brasileiras desses 17 produtos totalizaram US$ 77,39 bilhões em 2024, ou 23% do total das exportações brasileiras.
Ao fazer isso, os gráficos e as análises sobre o desempenho das exportações brasileiras de produtos manufaturados soam menos ufanistas, pois o desempenho e a evolução tem sido bem mais modestos nos últimos anos.
Em outras palavras, as exportações brasileiras da indústria de transformação, se removidos os produtos de baixa complexidade, vem se mantendo relativamente estagnadas desde o início dos anos 2000, embora estejam registrando alguma recuperação nos últimos 3 anos.
Quando se mede a participação percentual dessas 17 categorias de produtos mais complexos no total das exportações brasileiras, há uma tendência dramática de queda nos últimos 25 anos. No início dos anos 2000, esses produtos chegaram a responder por 46% do total das exportações brasileiras, e hoje – em 2024 – correspondem a somente 23%.
Outra conclusão importante desses números é que eles mostram a importância dos mercados vizinhos para nossa indústria.
Somando todas as Américas (do sul, do norte, central e caribe), elas foram responsáveis por 65% de todas as exportações brasileiras dessas 17 categorias de produtos de maior complexidade industrial.
A América do Sul, América Central, Caribe e México, compraram 36% de todas as exportações brasileiras de produtos industriais de alta complexidade. Foram o bloco mais importante para esses produtos. Em segundo lugar vem os EUA, responsáveis por 25%.
Apenas o Mercosul comprou 17% das exportações de industrializados mais complexos.
A União Europeia, por sua vez, respondeu por 10%.
A participação da China, todavia, permanece muito pequena para essa categoria de produtos brasileiros. Em 2024, a China importou apenas US$ 2,5 bilhões de produtos mais complexos. Lembrando: nossos vizinhos da América Latina compraram US$ 28 bilhões desses bens industrializados de maior valor agregado.
Com isso, a China respondeu por apenas 3% das exportações brasileiras de produtos mais complexos.
Ainda considerando apenas as exportações brasileiras para a China, esses produtos mais complexos responderam por apenas 2,5% do total que o Brasil exportou para o gigante asiático.
Conclusão
O Brasil está correto em tratar seus parceiros comerciais das Américas, incluindo o maior deles, os Estados Unidos, com muito cuidado, porque são essenciais para manter a nossa pauta de exportação minimamente diverfisicada, com presença de produtos industriais de maior complexidade.
Apenas os EUA importou US$ 28 bilhões em produtos brasileiros complexos, ou 25% de tudo que o Brasil exportou nessa categoria.
Quase metade das exportações brasileiras para os EUA, ou 48%, vai na forma de produtos complexos.
Os dados são do Comexstat, o banco de dados do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio.
Fonte: https://www.ocafezinho.com/2025/01/15/americas-compraram-65-das-exportacoes-brasileiras-de-maior-complexidade-industrial/
