22 de janeiro de 2025
“Sol artificial” da China mais do que dobra recorde de
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Nesta segunda-feira (20), a China alcançou um novo marco na fusão nuclear com o reator Supercondutor Avançado Experimental Tokamak (EAST, na sigla em inglês), também conhecido como “Sol artificial”. 

Segundo a agência estatal de notícias Xinhua, o reator conseguiu manter um plasma de fusão superquente confinado por 1.066 segundos – feito que aproxima a fusão nuclear de uma aplicação comercial viável e mais do que dobra o recorde anterior de 403 segundos, alcançado pelo próprio EAST.

Os reatores de fusão são apelidados de “sóis artificiais” porque reproduzem o processo de geração de energia do Sol: dois átomos leves se fundem em um mais pesado, liberando grande quantidade de energia. No entanto, enquanto o Sol conta com uma pressão natural gigantesca, os reatores na Terra precisam compensar essa diferença com temperaturas muito mais altas que as do núcleo solar.

Membros da divisão de Física e Operações Experimentais do Tokamak Supercondutor Avançado Experimental (EAST) comemoram o sucesso do experimento. Crédito: Xinhua/Zhou Mu

A fusão nuclear é promissora como fonte de energia praticamente ilimitada, sem emissões de gases do efeito estufa ou grandes quantidades de lixo nuclear – e os cientistas trabalham há mais de 70 anos para superar os desafios dessa tecnologia. A expectativa é que a fusão possa se tornar prática nas próximas décadas, mas os avanços ainda são lentos frente à urgência da crise climática.

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Duplicação da potência de aquecimento garante sucesso do “Sol artificial” da China

Embora o marco do EAST não traga uma solução imediata, é um passo importante. Reatores de confinamento magnético como este aquecem o plasma e o mantêm preso em uma câmara em formato de rosquinha chamada tokamak. Para isso, são usados poderosos campos magnéticos que impedem o plasma superaquecido de tocar as paredes do reator. Apesar do recorde, esses dispositivos ainda não alcançaram a “ignição”, ponto em que a fusão gera sua própria energia de forma autossustentável.

Segundo Song Yuntao, diretor do Instituto de Física de Plasma da Academia Chinesa de Ciências, o objetivo é atingir uma operação estável por milhares de segundos, garantindo a circulação autossustentada de plasma necessária para futuras usinas. 

O recente sucesso do EAST foi possível graças a atualizações como a duplicação da potência do sistema de aquecimento do reator. Ele é um dos reatores de fusão mais avançados, mas ainda consome mais energia do que produz. 

Um avanço importante ocorreu em 2022 nos EUA, quando um reator da Instalação Nacional de Ignição conseguiu a ignição em seu núcleo usando outro método experimental. No entanto, o reator como um todo também consumiu mais energia do que gerou.

Gong Xianzu, chefe da divisão de Física e Operações Experimentais do Tokamak Supercondutor Avançado Experimental (EAST), analisando os dados. Crédito: Xinhua/Du Yu

O sucesso do EAST beneficia não apenas a China, mas outros projetos globais, como o Reator Termonuclear Experimental Internacional (ITER). Esse reator, em construção no sul da França, reúne esforços de dezenas de países, incluindo EUA, Reino Unido e Japão. Previsto para entrar em operação em 2039, o ITER será o maior experimento em fusão nuclear já construído e poderá abrir caminho para aplicações comerciais.

“Esperamos expandir a colaboração internacional e tornar a energia de fusão prática para toda a humanidade”, disse Song. O novo recorde do EAST reforça o papel crucial da cooperação científica na busca por soluções energéticas sustentáveis.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/01/22/ciencia-e-espaco/sol-artificial-da-china-mais-do-que-dobra-recorde-de-fusao-nuclear/