31 de janeiro de 2025
Tragédia em Estreito: Léo Cunha confisca balsas para transporte
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O desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek (JK), ocorrido em 22 de dezembro de 2024, desencadeou uma crise sem precedentes na conexão entre o Maranhão e o Tocantins. A estrutura, que era um dos principais eixos de integração logística da região Norte e Nordeste, colapsou tragicamente, causando oito mortes confirmadas, deixando nove pessoas desaparecidas e afetando diretamente mais de 19 mil moradores de comunidades adjacentes. Além disso, o Rio Tocantins foi gravemente contaminado com 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de defensivos agrícolas, resultando em danos ambientais de larga escala.

A gravidade do desastre foi reconhecida pela Defesa Civil de Estreito, que classificou o evento como de nível II, o que indica impactos severos que requerem esforços coordenados entre diferentes esferas de governo. Contudo, a resposta das autoridades federais tem sido considerada insuficiente por lideranças locais, como o prefeito de Estreito, Léo Cunha.

Em meio à crise de mobilidade que já se arrasta há mais de 30 dias, o prefeito de Estreito decidiu agir de forma unilateral, assinando nesta sexta-feira (24) o Decreto Municipal nº 006/2025. O documento oficializa a requisição administrativa de duas balsas pertencentes à empresa PIPES, que estavam estacionadas no município. Segundo a administração municipal, as embarcações serão utilizadas para garantir o transporte de veículos pesados e cargas, restabelecendo minimamente o fluxo de mercadorias e serviços essenciais entre o Maranhão e o Tocantins.

O prefeito destacou que a decisão foi tomada para atender ao interesse público, uma vez que as negociações entre a empresa PIPES e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para operar na região não avançaram. Em vídeo divulgado nas redes sociais, Léo Cunha justificou a medida, afirmando que a interrupção da interligação entre Estreito e Aguiarnópolis já ultrapassou um mês e que a população não pode mais esperar por uma solução federal. “É uma decisão necessária e emergencial. Não podemos permitir que essa situação se arraste indefinidamente enquanto as famílias e a economia local sofrem. As balsas requisitadas operarão sem custos para os usuários até que uma solução definitiva seja implementada”, declarou.

Impactos econômicos e sociais para os dois estados

O colapso da Ponte JK não apenas isolou comunidades inteiras, mas também afetou drasticamente a economia regional. Caminhões carregados de grãos, combustíveis e produtos industriais, que antes cruzavam a ponte diariamente, agora enfrentam longos desvios ou estão paralisados, resultando em prejuízos milionários para produtores e comerciantes. A travessia improvisada por balsas, enquanto necessária, não tem a mesma capacidade de escoamento, agravando o gargalo logístico.

Foto: Divulgação

Além dos prejuízos econômicos, a crise está impactando o dia a dia de milhares de pessoas que dependem da interligação para acesso a serviços de saúde, educação e comércio. Moradores relatam dificuldades para transportar pacientes em estado grave e para garantir o abastecimento regular de alimentos e medicamentos em cidades isoladas.

Tocantinópolis adota medidas restritivas para preservar infraestrutura

Do outro lado do Rio Tocantins, a Prefeitura de Tocantinópolis também precisou adotar medidas drásticas para lidar com o aumento significativo do tráfego de veículos pesados na região. A interdição da Ponte JK forçou caminhões de grande porte a buscarem rotas alternativas, muitas das quais passam pelo perímetro urbano de Tocantinópolis.

Para preservar sua malha viária e garantir a segurança dos moradores, a prefeitura proibiu o tráfego de veículos com peso bruto acima de 25 toneladas dentro da cidade. A medida, anunciada nesta sexta-feira (24), estabelece exceções apenas para transportes essenciais, obras públicas e situações emergenciais autorizadas. A administração municipal afirmou que, sem essas restrições, o impacto na infraestrutura local seria insustentável.

Desafios ambientais e humanitários

Além dos desafios logísticos e econômicos, os danos ambientais causados pelo desabamento da ponte colocaram em risco a saúde e o sustento de comunidades ribeirinhas. A contaminação do Rio Tocantins comprometeu a pesca e o abastecimento de água em várias localidades. O impacto ambiental do vazamento de produtos químicos ainda está sendo avaliado por especialistas, mas a expectativa é que a recuperação do ecossistema seja um processo demorado e caro.

Por outro lado, as famílias diretamente afetadas pelo desastre enfrentam o luto pelas perdas humanas e a incerteza sobre o futuro. A mobilização de recursos municipais, estaduais e federais, possibilitada pelo estado de emergência declarado em 27 de dezembro de 2024, tem sido crucial para mitigar os impactos imediatos. No entanto, líderes comunitários e representantes locais continuam a cobrar maior agilidade e comprometimento por parte do Governo Federal para implementar uma solução definitiva, que inclua a reconstrução da ponte e a recuperação ambiental.

A urgência de uma resposta estruturada

O colapso da Ponte JK evidenciou não apenas a fragilidade da infraestrutura rodoviária brasileira, mas também a necessidade de respostas mais rápidas e coordenadas em situações de desastre. Enquanto medidas emergenciais, como a requisição de balsas e a restrição ao tráfego pesado, ajudam a aliviar a crise, elas estão longe de oferecer uma solução abrangente. A reconstrução da ponte será essencial para restaurar a normalidade na região, mas especialistas alertam que isso pode levar anos. Até lá, o impacto sobre a mobilidade, a economia e o meio ambiente continuará a ser um desafio persistente para os estados do Maranhão e Tocantins.

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Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2025/01/tragedia-em-estreito-leo-cunha-confisca-balsas-para-transporte/