O governo federal decidiu suspender a criação da Fundação IBGE+, iniciativa que desencadeou uma crise interna no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e gerou forte resistência dos servidores. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (29) pelo Ministério do Planejamento, que afirmou que a decisão foi tomada “em comum acordo” com a direção do instituto.
A criação da IBGE+, uma fundação de direito privado para apoiar a inovação científica e captar recursos externos, foi interpretada por parte dos funcionários como um risco à independência do órgão, levando a protestos e a um racha na gestão do presidente Marcio Pochmann (foto). A insatisfação se intensificou ao longo dos últimos meses, culminando na saída de quatro diretores em janeiro.
“O Ministério do Planejamento e o IBGE resolvem, em comum acordo, suspender temporariamente a iniciativa da Fundação de Apoio à Inovação Científica e Tecnológica do IBGE (IBGE+), proposta apoiada pelo MPO para o desenvolvimento institucional e a ampliação das fontes de recursos para o IBGE”, diz a nota oficial.
Servidores criticam falta de diálogo
Servidores criticavam a falta de diálogo na construção do projeto e alertavam para riscos de interferência de interesses privados nos trabalhos do instituto. No mesmo comunicado, o Planejamento afirmou que está avaliando “modelos alternativos” para fortalecer o IBGE sem comprometer sua autonomia, o que pode incluir mudanças legislativas.
A crise teve repercussões dentro e fora do instituto. Em Brasília, durante um evento de apresentação do Plano de Trabalho 2025, Pochmann tentou minimizar as críticas e negou qualquer interferência na produção de dados, como no cálculo do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor). Enquanto isso, no Rio de Janeiro, servidores do IBGE realizaram um protesto em frente à sede da instituição, reafirmando as queixas de falta de transparência e consulta prévia às decisões da gestão.
Além da controvérsia sobre a IBGE+, Pochmann enfrenta desgaste após a publicação de um documento oficial do instituto com inserções publicitárias do governo de Pernambuco e do Banco do Nordeste, o que foi interpretado por opositores como uso político da instituição. A polêmica levou o senador Rogério Marinho (PL-RN) a acionar o Tribunal de Contas da União (TCU) pedindo o afastamento do presidente do IBGE.
Apesar das pressões, o governo federal ainda não sinalizou mudanças na presidência do instituto. Nos bastidores, Pochmann tem buscado interlocução com ministros do governo Lula para garantir sua permanência no cargo e reforçar o orçamento da entidade.
Com informações da Folha de S.Paulo
Fonte: https://agendadopoder.com.br/governo-recua-e-suspende-criacao-da-fundacao-do-ibge-apos-crise-com-servidores/