31 de janeiro de 2025
Amostra do asteroide Bennu contém “sementes” da vida na Terra
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Um artigo publicado na revista Nature Astronomy nesta quarta-feira (29) revela que  amostras do asteroide Bennu, coletadas pela missão OSIRIS-REx, da NASA, contêm amônia e matéria orgânica rica em nitrogênio. A descoberta reforça a teoria de que rochas espaciais podem ter trazido os blocos fundamentais da vida para a Terra há bilhões de anos.

Asteroides são corpos rochosos que vagam pelo Sistema Solar e, eventualmente, acabam caindo na Terra como meteoritos. Durante esse processo, eles podem acabar sendo contaminados pela umidade e pela atmosfera, dificultando a análise de sua composição original. 

Diagrama representando todos os compostos descobertos na amostra do asteroide Bennu coletadapela missão OSIRIS-REx. Crédito: NASA

Por isso, amostras coletadas diretamente no espaço são fundamentais para entender a química desses objetos. Até agora, apenas o Japão e os Estados Unidos conseguiram trazer esse tipo de material à Terra. 

Uma dessas missões foi a OSIRIS-REx, que retornou 121,6 gramas de Bennu em setembro de 2023 – a maior amostra desse tipo já recuperada.

Todas as bases nitrogenadas que compõem o DNA estão presentes no asteroide Bennu

A pesquisa recente revelou que Bennu contém todas as cinco bases nitrogenadas que compõem o DNA e o RNA: adenina, guanina, citosina, timina e uracila. Além disso, foram encontradas outras substâncias importantes, como xantina, hipoxantina e ácido nicotínico (vitamina B3). Essas moléculas foram detectadas por cientistas japoneses que participaram da análise, fortalecendo a ideia de que compostos fundamentais para a vida podem ter chegado ao nosso planeta por meio de asteroides.

Para garantir que os resultados não fossem afetados por contaminação terrestre, as amostras foram mantidas em um ambiente de nitrogênio. Uma pequena fração de 17,75 mg foi analisada na Universidade de Kyushu, no Japão, por meio de espectrometria de massa de alta resolução. A equipe de pesquisa inclui cientistas das universidades de Hokkaido, Kyushu, Tohoku e Keio, além do Instituto JAMSTEC e do Centro de Voos Espaciais Goddard, da NASA. 

Asteroide Bennu
Asteroide Bennu, investigado pela sonda OSIRIS-Rex, da NASA. Crédito: joshimerbin/Shutterstock

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Os resultados indicaram que o asteroide Bennu possui uma concentração de N-heterociclos – moléculas orgânicas contendo carbono e nitrogênio – de aproximadamente 5 nmol/g, um valor até 10 vezes maior do que o encontrado no asteroide Ryugu, estudado anteriormente.

Os pesquisadores também compararam Bennu com meteoritos antigos, como Murchison e Orgueil. Eles descobriram que a proporção entre purinas (adenina e guanina) e pirimidinas (citosina, timina e uracila) é menor nas amostras de Bennu. Isso pode indicar que o asteroide se formou em uma região fria de nuvens moleculares, onde as condições favoreceram a formação de pirimidinas.

Esses achados fornecem novas pistas sobre a evolução química no espaço e o papel dos asteroides na origem da vida. Além disso, as análises servirão como referência para a reavaliação de meteoritos já armazenados em coleções científicas ao redor do mundo.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/01/29/ciencia-e-espaco/amostra-do-asteroide-bennu-contem-sementes-da-vida-na-terra/