31 de janeiro de 2025
Correntes do Atlântico estão fracas? Estudo responde, especialistas discutem
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Quando o assunto é correntes fundamentais do Oceano Atlântico, há consenso e debate na ciência. O consenso: elas vão enfraquecer ao longo das próximas décadas por conta das mudanças climáticas. O debate: se elas já enfraqueceram ou não ao longo dos últimos 60 anos. A discordância continua mesmo após a publicação recente de um estudo sobre a questão.

A pesquisa, publicada na revista Nature Communications em janeiro de 2025, apontou que a circulação do Atlântico está estável desde a década de 1960. Isso sugere que o sistema pode ser mais resistente ao aquecimento do que cientistas pensavam. Mas os resultados são controversos.

Pesquisa investiga sistema de correntes do Atlântico que pode causar perturbações climáticas globais

O estudo em questão investigou o passado da Circulação de Revolvimento Meridional do Atlântico (AMOC, na sigla em inglês). A AMOC é um sistema crucial de correntes oceânicas – entre elas, está a Corrente do Golfo, que transporta calor para o Hemisfério Norte.

  • Por que isso importa: se a AMOC enfraquecer, pode resfriar o norte da Europa, além de causar perturbações climáticas globais.
Dispositivo CTD rosette mede condutividade, temperatura e profundidade do oceano ao coletar amostras de água (Imagem: Woods Hole Oceanographic Institution)

Observações diretas da AMOC começaram apenas em 2004. Por isso, os cientistas dependem de “impressões digitais” climáticas, como temperatura e salinidade da superfície do mar, para inferir tendências de longo prazo.

A pesquisa em questão utilizou modelos climáticos atualizados para analisar a AMOC. Após testarem 24 modelos, os pesquisadores observaram que a temperatura da superfície do mar, um indicador comum, tem relação mais fraca com a AMOC do que se acreditava. Por isso, eles focaram no “fluxo de calor ar-mar”, que mede a troca de calor entre o oceano e a atmosfera.

O que o estudo diz: não houve declínio na transferência de calor no Atlântico Norte nos últimos 60 anos. Isso sugere que a AMOC permaneceu estável durante esse período, como mencionado no começo desta matéria.

  • Os autores do estudo ressaltam que isso não implica que a AMOC não enfraquecerá no futuro, mas que mudanças significativas ainda não ocorreram.

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Debate em torno do estudo

Ilustração de correntes do Oceano Atlântico numa imagem da Terra vista do espaço
Especialistas argumentam que modelos climáticos usados no estudo sobre correntes do Oceano Atlântico podem ser imprecisos (Imagem: NOAA)
  • Críticas aos modelos climáticos: Especialistas argumentam que os modelos climáticos podem não ser totalmente precisos ao simular fluxos de calor ar-mar devido à dependência de dados observacionais incompletos e à influência de fatores como temperatura do ar, vento e cobertura de nuvens, que tornam as estimativas imprecisas;
  • Questionamentos sobre a reconstrução da AMOC: Stefan Rahmstorf, oceanógrafo do Instituto Potsdam, questionou a confiabilidade dos modelos climáticos mais recentes para reconstruir a AMOC, destacando sua sensibilidade e dificuldade em reproduzir eventos oceânicos passados;
  • Reconhecimento da abordagem inovadora: Apesar das críticas, David Thornalley, da University College London, reconheceu que o foco no fluxo de calor ar-mar é uma abordagem inovadora e útil por oferecer nova perspectiva sobre a estabilidade da AMOC nas últimas décadas;
  • Impacto nas projeções futuras: Maya Ben-Yami, pesquisadora climática, destacou que as incertezas sobre o enfraquecimento passado da AMOC não afetam as projeções futuras – isso porque a maioria dos cientistas concorda que a ela enfraquecerá no devido às mudanças climáticas.

(Os especialistas citados acima foram consultados pelo LiveScience e não estavam envolvidos no estudo em questão. Você encontra mais detalhes sobre a pesquisa neste comunicado, em inglês.)

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/01/30/ciencia-e-espaco/estudo-responde-se-correntes-do-atlantico-estao-fracas-e-especialistas-discutem/