A Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados e de Resseguros (Fenacor) formalizou um pedido à Superintendência de Seguros Privados (Susep) para a suspensão das atividades da Loovi Seguros, empresa que tem como investidor o ex-candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB). A entidade alega que a companhia se apresenta como seguradora de veículos sem possuir o devido registro para operar no setor.
Segundo a Fenacor, a Loovi não possui credenciamento na Susep e, na realidade, atua apenas como representante de seguros, sem autorização para comercializar determinados produtos. A federação denuncia que a empresa vende serviços não regulamentados, o que comprometeria a segurança dos consumidores. Em caso de problemas na cobertura de sinistros, os clientes não teriam respaldo legal.
Reclamações e Denúncia
Trechos da representação obtidos pelo blog da jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, apontam que a Fenacor também acusa a Loovi de propaganda enganosa e descumprimento de contratos. Nas redes sociais da empresa, são frequentes as reclamações de clientes relatando dificuldades para acionar os serviços contratados.
O pedido da Fenacor à Susep inclui, no mínimo, a suspensão da comercialização dos produtos da Loovi até que as denúncias sejam analisadas. Caso a autarquia não acate a solicitação, a federação pede uma investigação formal sobre as atividades da empresa.
Expansão e Marketing com Influenciadores
A Loovi ganhou popularidade com divulgação em redes sociais e propagandas na TV aberta. A empresa foi promovida por figuras conhecidas como Whindersson Nunes, Celso Portiolli e o influenciador Renato Cariani, que também é sócio de Marçal. A estratégia de marketing enfatiza preços reduzidos, prometendo seguros “50% mais baratos” e aprovação rápida, sem avaliação presencial do veículo ou intermediação de corretores.
Vínculos Empresariais e Regulatórios
Embora se apresente como seguradora, a Loovi opera sob o nome fantasia da CW Technology Ltda. e não está registrada como seguradora junto à Susep. De acordo com a Fenacor, a empresa apenas revende produtos da LTI Seguros, companhia do mesmo grupo econômico. A LTI, por sua vez, obteve credenciamento como sandbox regulatório, um regime temporário de flexibilização das exigências do setor, com validade até 2025.
Apesar disso, a Loovi se promove como uma seguradora plenamente estabelecida, o que, segundo a federação, pode induzir consumidores a erro. Pablo Marçal, em vídeos divulgados em suas redes sociais, chegou a chamar a empresa de “Netflix das seguradoras”, reforçando a narrativa de que a companhia opera sob a regulação da Susep.
Resposta das Partes Envolvidas
Procurado pelo blog de Malu Gaspar, Pablo Marçal afirmou ser apenas investidor da Loovi e negou qualquer irregularidade. Segundo ele, a LTI é a empresa devidamente autorizada pela Susep e a Loovi apenas distribui os produtos do grupo.
Em nota conjunta, a Loovi e a LTI negaram qualquer irregularidade e afirmaram atuar dentro das normas do setor:
“A Loovi e a LTI Seguros fazem parte do mesmo grupo econômico, com a LTI devidamente autorizada pela Susep (Portaria nº 8.091/2023) e a Loovi atuando como sua representante na distribuição de seguros. Ambas operam com transparência e em total conformidade com a regulamentação do setor”, afirmou a companhia.
A Susep informou que tem até 30 dias para avaliar a denúncia da Fenacor, com possibilidade de prorrogação, caso necessário.
Destaque nas Redes
Com uma estratégia digital agressiva, a Loovi acumula mais de 344 mil seguidores no Instagram, superando grandes seguradoras como Bradesco Seguros (166 mil), Porto Seguro (65 mil) e SulAmérica (143 mil). No entanto, dados recentes da Susep mostram que a LTI, empresa ligada à Loovi, teve um déficit de aproximadamente R$ 800 mil, com R$ 2,5 milhões em prêmios e R$ 3,3 milhões em sinistros.
A polêmica em torno da Loovi também se intensificou durante as chuvas no Rio Grande do Sul, em 2023. Na época, Marçal promoveu sorteios beneficentes para ajudar vítimas do desastre e afirmou que a empresa cobriria danos de segurados atingidos por eventos climáticos, diferenciando-se das concorrentes. A iniciativa levantou questionamentos sobre a legalidade dos sorteios e a real capacidade da companhia de arcar com os prejuízos prometidos.
A investigação da Susep pode determinar o futuro da Loovi no mercado de seguros, enquanto consumidores e corretores aguardam respostas sobre a segurança dos serviços oferecidos pela empresa.
Com informações de O Globo
Fonte: https://agendadopoder.com.br/entidade-denuncia-empresa-ligada-a-pablo-marcal-por-atuar-como-seguradora-sem-registro/
