1 de fevereiro de 2025
Com Motta e Alcolumbre favoritos, votação vai garantir às forças
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A escolha, feita por voto secreto a partir das 10h no Senado e 16h na Câmara, redefinirá a relação do Legislativo com o governo, que enfrenta uma crise de popularidade. A votação também servirá para rearrumar as forças políticas nos espaços de poder do Congresso.

O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e o senador Davi Alcolumbre (União-AP) devem ser eleitos hoje para comandar, respectivamente, Câmara e Senado nos próximos dois anos. O favoritismo de ambos é incontestável entre congressistas, dado o amplo apoio de partidos colhido nos últimos meses, do PT de Luiz Inácio Lula da Silva ao PL de Jair Bolsonaro.

Internamente, os acordos para os cargos na Mesa Diretora e comissões estão adiantados no Senado. Já na Câmara ainda há discordâncias entre os partidos que apoiam Motta para a presidência da Casa.

Como será a eleição no Congresso — Foto: Editoria de Arte

União embaralha costura

A entrada tardia do União Brasil no arco de alianças é o principal empecilho para a finalização da montagem dos espaços. Isso porque Elmar Nascimento (União-BA) demorou a abdicar de sua candidatura e, quando embarcou na frente ampla do favorito, já havia outros partidos com negociação fechada para os cargos mais cobiçados.

Antes de Motta ser ungido pelo atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), Elmar era um dos principais nomes na disputa, ao lado de Antonio Brito (PSD-BA) e Marcos Pereira (Republicanos-PB). Com o avanço das negociações, Motta prevaleceu como única opção de consenso , em uma reviravolta no fim de 2024.

Na véspera da eleição, o principal imbróglio envolve a relatoria do Orçamento, disputada justamente pelo União Brasil e pelo MDB. Esse é um dos cargos mais visados nos últimos anos devido ao aumento do poder do Legislativo sobre contas públicas.

A partir de hoje, o tema será um dos principais objetos de negociação pelos presidentes do Congresso com a articulação política do governo Lula, principalmente após o bloqueio de emendas parlamentares.

O líder do MDB, deputado Isnaldo Bulhões (AL), declarou que não existe acordo para o União assumir a relatoria do Orçamento.

— O acordo sempre foi muito claro: o MDB indicará o relator do Orçamento. Nunca esteve na mesa a discussão de outra ideia. Não disputei nada com o União Brasil e nem eles comigo. Eles vieram (depois) para uma composição comigo, eu já estava aqui (apoiando Motta).

Pelo acordo desenhado, o partido que não conseguir o Orçamento deverá indicar a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa. Se o MDB vencer a queda de braço, portanto, o colegiado seria comandado pelo União. Mas essa disputa só será definida em março, diferentemente dos postos da Mesa Diretora.

— Vamos nos entender — diz o líder do PP, doutor Luizinho (RJ).

Na sexta-feira, os deputados bateram o martelo e resolveram ao menos conceder um prêmio de consolação a Elmar, que deverá ser escolhido para a segunda vice-presidência da Casa. Se for alçado ao posto , ele assumirá a presidência da Casa em caso de ausência do presidente e do primeiro vice.

Ainda na composição da Mesa, os deputados Altineu Côrtes (PL-RJ) e Carlos Veras (PT-PE) deverão ser, respectivamente, primeiro vice-presidente, substituto imediato de Motta, e primeiro-secretário , responsável por questões administrativas da Casa.

Já o PP indicará o deputado Lula da Fonte (PP-PE) para a segunda secretaria, que cuida da relação da Câmara com as embaixadas. As outras duas secretarias, menos relevantes, serão indicadas pelo PSD e pelo MDB.

No Senado, para a primeira e segunda vice-presidência já estão alinhadas, respectivamente, as indicações dos senadores Eduardo Gomes (PL-TO) e Humberto Costa (PT-PE). Eles também substituem o presidente em caso de ausência.

Já as atividades administrativas da Senado devem ser chefiadas pela senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB), como primeria-secretária. Os demais cargos da Mesa devem ser indicados por MDB e PP.

Na sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva exonerou dez ministros que são parlamentares e estavam licenciados dos mandatos, para votarem nas eleições para as Mesas.

Gesto do governo

Apesar de haver poucos riscos para a vitória de Alcolumbre ou Motta, o retorno dos ministros ao Congresso Nacional é considerada um gesto importante para uma boa relação com os novos presidentes.

Na Câmara, foram exonerados três do PT (Alexandre Padilha, Luiz Marinho e Paulo Teixeira); dois do União (Juscelino Filho e Celso Sabino); e um do PP (André Fufuca). No Senado, são dois do PT (Wellington Dias e Camilo Santana); e um do PSD (Carlos Fávaro)

As ministras do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara (PSOL) não foram exoneradas por Lula para votar. A federação partidária das duas tem um candidato próprio para a presidência da Câmara, o Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), o que poderia gerar um constrangimento ao presidente.

Na Câmara, além do deputado do PSOL, concorre Marcel van Hattem (Novo-RS) . Já no Senado, o bolsonarista Marcos Pontes (PL-SP) se lançou à revelia do próprio partido e de Jair Bolsonaro. Também estão na disputa Eduardo Girão (Novo-CE), Marcos do Val (Podemos-ES) e Soraya Thronicke (Podemos-MS), que anunciou sua candidatura na sexta-feira.

Para a votação terminar em primeiro turno, tanto Motta quanto Alcolumbre precisam alcançar maioria absoluta, ou seja, metade mais um do números de cadeiras de cada Casa.

Com informações de O Globo

Fonte: https://agendadopoder.com.br/com-motta-e-alcolumbre-favoritos-votacao-vai-garantir-as-forcas-politicas-espacos-de-poder-nas-mesas-diretoras-e-comissoes/