![Dois asteroides podem ser pedaços de planetas perdidos no início](https://gazetadoleste.com/wp-content/uploads/2025/02/Dois-asteroides-podem-ser-pedacos-de-planetas-perdidos-no-inicio-1024x676.jpg)
Astrônomos acreditam ter identificado vestígios de “embriões planetários” no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. Esses objetos, que existiram no início do Sistema Solar, são peças-chave na formação dos planetas rochosos, incluindo a Terra.
Agora, dois asteroides específicos podem ser os remanescentes mais antigos desse processo primordial, de acordo com um artigo publicado na revista Icarus.
O que são embriões planetários?
No início do Sistema Solar, pequenos corpos chamados planetesimais colidiam e se fundiam, formando embriões planetários. Alguns deles continuaram crescendo e se tornaram planetas, enquanto outros foram destruídos ou incorporados a corpos maiores. A existência desses embriões é crucial para entender como os planetas se formaram e adquiriram suas características atuais.
Os cientistas suspeitam que os angritos – um raro grupo de meteoritos encontrados na Terra – sejam fragmentos de um desses embriões perdidos. Esses meteoritos contêm minerais basálticos, ricos em olivina, e possuem assinaturas químicas únicas, como isótopos específicos de oxigênio, magnésio e cromo.
Essas características indicam que eles se originaram no Sistema Solar interno, a região onde os planetas rochosos, como Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, foram formados.
Durante anos, pesquisadores tentaram identificar o corpo celeste de origem dos angritos, mas sem sucesso. O principal desafio é que esses meteoritos são extremamente antigos e podem ter vindo de um corpo que já não existe mais, destruído em colisões há bilhões de anos.
Pesquisa envolveu a análise do reflexo da luz nos asteroides
No novo estudo, cientistas analisaram o espectro de luz refletida por diferentes asteroides e o compararam com a composição dos angritos. Quando a luz incide sobre um material, parte dela é absorvida e outra parte refletida, criando um padrão único – uma espécie de “impressão digital” química. Essa técnica permitiu que os pesquisadores identificassem asteroides cujas características minerais combinavam com as dos angritos.
Entre os 712 asteroides analisados, dois se destacaram: (246) Asporina e (4125) Lew Allen. A composição desses corpos celestes se mostrou surpreendentemente semelhante à dos angritos, sugerindo que eles podem ser fragmentos de um embrião planetário destruído no início do Sistema Solar.
Embora os cientistas não possam afirmar com certeza que esses asteroides pertencem ao mesmo corpo parental dos angritos, a forte semelhança química sugere essa possibilidade.
Asporina, que tem cerca de 50 km de diâmetro, é o maior dos dois e apresenta uma composição quase idêntica ao meteorito angrítico NWA 10463, encontrado na Terra. Isso indica que ele pode ser um pedaço significativo de um corpo muito maior, possivelmente do tamanho da Lua ou até mesmo de Marte.
Lew Allen, menor, também apresenta características consistentes com os angritos. No entanto, as diferenças em suas órbitas sugerem que os dois asteroides podem ter se originado de corpos distintos. Isso levanta a possibilidade de que existiram vários embriões planetários semelhantes no passado, e não apenas um único “planeta angrítico” que se perdeu no tempo.
![](https://olhardigital.com.br/wp-content/uploads/2025/02/asteroide-desintegrando-1024x682.jpg)
O que aconteceu com o corpo original?
Se Asporina e Lew Allen são de fato fragmentos de um embrião planetário, onde estaria o resto desse antigo corpo? Os pesquisadores consideram duas hipóteses principais.
A primeira é que ele tenha sido completamente destruído em colisões catastróficas durante o início turbulento do Sistema Solar. Nesse caso, seus pedaços podem estar espalhados pelo cinturão de asteroides, com muitos fragmentos pequenos demais para serem detectados da Terra.
A segunda hipótese é que o tamanho do corpo original tenha sido superestimado. Alguns asteroides podem ser menores do que se pensava, mas ainda assim grandes o suficiente para sustentar a atividade magmática necessária para formar os angritos. Além disso, meteoritos na Terra passam por processos de intemperismo e oxidação, o que pode modificar suas propriedades químicas e dificultar a correspondência exata com asteroides no espaço.
Leia mais:
- Asteroide Bennu tem pequena chance de atingir a Terra e reconfigurar o planeta
- Ameaça de impacto de asteroide com a Terra aciona sistemas de defesa planetária
- Chance de asteroide cair na Terra daqui 7 anos quase dobra (mas calma)
Por que isso importa?
O estudo desses asteroides e sua relação com os angritos não é apenas uma curiosidade astronômica. Ele ajuda a responder questões fundamentais sobre a formação dos planetas e sobre a história primitiva do Sistema Solar.
Se Asporina e Lew Allen forem de fato remanescentes de embriões planetários, isso reforça a teoria de que planetas como a Terra surgiram a partir da fusão de múltiplos corpos menores.
Além disso, essa pesquisa pode melhorar a compreensão sobre a composição dos asteroides e sua importância na evolução planetária. Muitos desses corpos contêm registros químicos intactos da época da formação do Sistema Solar, funcionando como cápsulas do tempo naturais. Quanto mais soubermos sobre eles, melhor poderemos entender o passado da Terra e dos outros planetas.
O post Dois asteroides podem ser pedaços de planetas perdidos no início do Sistema Solar apareceu primeiro em Olhar Digital.
Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/02/07/ciencia-e-espaco/dois-asteroides-podem-ser-pedacos-de-planetas-perdidos-no-inicio-do-sistema-solar/