8 de fevereiro de 2025
MPF processa Igreja Universal por assédio judicial contra JP Cuenca
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O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro está processando a Igreja Universal do Reino de Deus por assédio judicial contra o escritor e jornalista João Paulo Cuenca, conhecido como J.P. Cuenca. Ele virou alvo de mais de cem processos movidos por pastores da instituição religiosa.

O órgão quer que a igreja pague uma indenização de R$ 5 milhões por danos morais coletivos a projetos de enfrentamento à violência contra jornalistas.

O caso começou em junho de 2020, quando Cuenca publicou nas redes sociais que “o brasileiro só será livre quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último pastor da Igreja Universal”.

A mensagem parafraseava uma citação de Jean Meslier, autor do século 18, cuja versão original afirma que “o homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre”.

Segundo o MPF, o jornalista contabilizou 144 ações judiciais contra ele, todas quase idênticas, protocoladas em Juizados Especiais Cíveis de diferentes cidades e estados do país, que somavam R$ 3,3 milhões em pedidos de indenizações.

Atualmente, só há um processo ativo contra ele —os demais foram extintos, por improcedência ou por desistência dos autores.

Os procuradores Julio Araújo e Jaime Mitropoulos, que assinam a ação civil, afirmam que a Universal fez suposto uso inadequado do Judiciário para silenciar e causar constrangimento a Cuenca e ao “próprio ofício jornalístico”.

Na época, a igreja negou que estivesse coordenando a apresentação das ações e defendeu a adoção de medidas individuais por seus líderes. Procurada pela coluna, a instituição não respondeu.

O MPF defende “a responsabilidade da Igreja Universal do Reino de Deus pela orquestração no ajuizamento das demandas”. A ação foi protocolada na Justiça na segunda-feira (3).

O MPF diz que o movimento contra Cuenca é idêntico ao adotado por pastores da igreja em relação à jornalista Elvira Lobato a partir de 2007. Naquele ano, a Folha publicou reportagem de Elvira com o título “Universal chega aos 30 anos com império empresarial”, que descreveu os negócios ligados à instituição.

Após a veiculação do texto, 111 fiéis, a maioria pastores, apresentaram ações judiciais contra a repórter e a Folha. As causas foram iniciadas em pequenos municípios, o que levou a defesa e jornalistas a se deslocarem para várias regiões do país. Nenhum dos processos foi julgado procedente.

Com informações da repórter Mônica Bergamo na Folha de São Pulo

Fonte: https://agendadopoder.com.br/mpf-processa-igreja-universal-por-assedio-judicial-contra-jp-cuenca-e-pede-indenizacao-de-r-5-mi/