12 de fevereiro de 2025
Pix por aproximação estreia com nova função do sistema do
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Uma nova função do Pix vai permitir a partir do dia 28 pagamentos por aproximação ou biometria, sem que seja necessário acessar o aplicativo do banco. A expectativa é que o recurso, que facilita as transações, abra caminho para um crescimento maior no comércio físico e on-line e na prestação de serviços, rivalizando ainda mais com os cartões e com dinheiro vivo.

Agora, será possível incluir o Pix em carteiras digitais nos celulares e pagar as compras encostando o aparelho nas maquininhas, como já ocorre no débito e no crédito. Nos pagamentos pela internet, a finalização das compras com o Pix dependerá de apenas um clique, sem precisar captar o QR Code ou usar o Pix Copia e Cola e ir até o aplicativo do banco para cada operação. Tudo será feito dentro do site da empresa que está vendendo o produto ou serviço.

A novidade vem sendo testada desde novembro com um público restrito. Participam do piloto os maiores bancos e instituições de pagamento do país, algumas “maquininhas” e iniciadoras de transação de pagamento (ITP), as empresas facilitadoras que fazem a ponte entre os lojistas e os bancos, como as carteiras digitais.

A partir do dia 28, os bancos terão de “liberar” as transações iniciadas por uma ITP. A oferta do Pix por aproximação em aplicativos bancários ou carteiras digitais, contudo, é facultativa, assim como a aceitação por maquininhas. Mas a própria competição deve incentivar a participação de variados players.

O BC aconselha que o cliente verifique junto à sua instituição de relacionamento se a funcionalidade já está disponível.

Acordo entre Google e maquininhas

Usuários de celulares Android poderão ter acesso ao serviço no Google Pay, carteira digital do gigante da tecnologia. O Google Pay, que é uma ITP, já vem testando a nova função com um público selecionado desde novembro por meio de parceiros específicos: C6, PicPay e Itaú (e sua maquininha, a Rede).

Outras 11 “maquininhas” já firmaram parceria com a Google e devem estar prontas nos próximos dias para receber pagamentos do Pix por aproximação a partir do lançamento oficial: Cielo, Getnet, Pagbank, Stone, Sumup, Fiserv, Safra Pay, Sicredi, Azulzinha, Mercado Pago e Bin.

Já a Apple não tem registro de iniciador de pagamentos nem solicitou a licença ao BC. Até pouco tempo atrás, a empresa, inclusive, impedia o uso de outras carteiras digitais pelos usuários do Iphone.

Após enfrentar um processo na União Europeia, abriu sua loja de aplicativos para serviços de pagamento rivais ao Apple Pay, mas por enquanto não há opções disponíveis para os usuários. Procurada, a empresa não quis comentar o assunto.

Segurança

Para usar o recurso, os consumidores só terão de cadastrar previamente as chaves Pix na carteira digital ou nos aplicativos e sites de lojas e prestadores de serviços. Essa ação demandará uma autorização junto ao banco — também feita de forma simultânea no ambiente de e-commerce ou na carteira digital.

Por fim, a cada operação, será obrigatória a confirmação via biometria, reconhecimento facial, senha ou chave de segurança, uma camada de proteção adicional.

— O Pix por biometria vai trazer mais segurança para o usuário final, tanto físico quanto digital, porque tem uma camada adicional antifraude. É uma oportunidade de diminuir notícias de fraudes — diz Gustavo Lino, presidente da Associação dos Iniciadores de Transação de Pagamento (Init).

Natacha Litvinov, chefe de Parcerias de Pagamentos do Google Pay, destaca ainda que a nova função traz mais praticidade em pagamentos on-line e até nas transferências entre pessoas.

— Quando a gente pergunta para os usuários onde estão vendo valor, as respostas que mais voltam são: a facilidade de agregar diversos meios de pagamento, a agilidade de fazer o pagamento por aproximação e o fato de que se consegue controlar em que momento quer entrar no aplicativo da sua conta. Tem gente que fica mais segura de em público não abrir a conta do banco — destaca.

O diretor-geral da plataforma de pagamentos Belvo, Albert Morales, destaca que os usuários poderão até excluir o aplicativo do banco do celular, caso queiram.

Expansão no comércio

Com a nova função do Pix, a tendência é o crescimento de sua presença em pagamentos no comércio e pela prestação de serviços. O Pix já é o meio de pagamento favorito dos brasileiros, mas as transferências entre pessoas ainda respondem pela maioria das operações (45%). No comércio, fazer um Pix ainda não é tão fácil.

A quantidade de passos necessários para finalizar uma compra é um desestímulo à escolha do meio de pagamento, na comparação com a praticidade disponibilizada pelos cartões. É preciso abrir o aplicativo do banco, entrar na área do Pix, copiar um código ou usar um QR Code, pagar e então ainda esperar para ver se a compra foi finalizada com sucesso. É comum no comércio on-line, por exemplo, o “abandono do carrinho”.

— Fazer uma transação com o Pix no mundo eletrônico vai ficar melhor. Em uma loja física, no transporte público, em uma feira, é ainda um exercício de paciência usar o Pix. São muitas etapas que atrapalham o processo, exigem atenção e concentração. Imagina isso em uma fila de caixa de supermercado. Era uma deficiência do Pix — avalia Boanerges Freire, presidente Boanerges & Cia Consultoria, especializada em serviços financeiros.

O Banco Central, responsável pelo Pix, destaca que a utilização de pagamentos por aproximação já é amplamente disseminada no mercado brasileiro e que a novidade deve aumentar a presença do Pix. Dados da indústria de cartões mostram que a modalidade já representava 65% de todas as transações presenciais em setembro de 2024.

“Com a obrigatoriedade de adesão das instituições detentoras de conta, esperamos que a oferta de pagamentos no comércio utilizando esse serviço cresça”, disse o BC, em nota.

De bets a doações

Morales, da Belvo, afirma que a fase de testes mostra que o novo recurso aumenta substancialmente o sucesso dos pagamentos iniciados por uma ITP. Dados compilados pelos participantes do Open Finance mostram, por exemplo, que 96% das operações iniciadas na carteira do Google e que envolviam o Itaú foram concluídas com sucesso, segundo a última informação disponível, de 3 de janeiro. A média no mesmo período foi de 38%.

— O lojista perde menos vendas — destaca Morales.

Ele cita ainda a procura pelo serviço de casas de apostas on-line, onde o Pix já é a principal forma de pagamento – os cartões de crédito são proibidos. Há aplicações ainda para facilitar o pagamento em aplicativos de refeições, transportes, de postos de combustíveis.

Marcelo Martins, presidente do Iniciador, acrescenta que sua empresa está desenvolvendo uma solução para fazer doações a ONGs por Pix por biometria.

— Vamos ver o volume e as quantidades de Pix no mundo on-line aumentando exponencialmente e a mesma coisa no mundo físico. A tendência é do pagamento em dinheiro cair ainda mais, e o cartão cair ainda mais — diz Marcelo Martins.

Custo reduzido

Murilo Rabusky, diretor de Negócios na fintech Lina Open X, diz que o Pix por aproximação não deve representar cobranças adicionais para empresas e comerciantes, além dos custos de processamento de pagamentos já praticados atualmente por seus provedores.

— O diferencial do Pix está no custo reduzido para os comerciantes, sendo uma alternativa mais econômica em relação às taxas cobradas por cartões de crédito e outros meios de pagamento.

Morales, da Belvo, acrescenta que, devido aos custos mais baixos, os lojistas podem dar descontos nos pagamentos com Pix.

— O débito não vai fazer mais sentido. Em relação ao crédito, vai depender muito dos incentivos dos estabelecimentos, em forma de descontos, por exemplo.

Em número de operações, o Pix já é, de longe, o meio de pagamento mais usado do País, com mais de 16 bilhões de transações no terceiro trimestre de 2024, último dado disponível, contra 5 bilhões do cartão de crédito.

A Associação Brasileira das Empresas de Cartões (Abecs) entende que o pagamento por aproximação é um caso de sucesso no Brasil, que se consolidou e continuará se expandindo junto ao consumidor brasileiro graças à usabilidade e segurança.

“Por sua vez, a tendência é que o Pix por aproximação, apesar de hoje estar limitado à tecnologia embarcada em smartphones, pode também ajudar a ampliar a digitalização da economia, o que gera benefícios para todo o mercado”, disse, em nota.

Com informações de O GLOBO.

Fonte: https://agendadopoder.com.br/pix-por-aproximacao-estreia-com-nova-funcao-do-sistema-do-banco-central-e-deve-impulsionar-pagamentos-no-comercio/