Meu primeiro contato com O Imparcial foi ali pelos anos 1960. Rádio-escuta na Rádio Difusora, responsável pelo noticiário nacional e internacional, fui procurado por Cordeiro Filho, então diretor-comercial da Empresa Pacotilha para fornecer as matérias nacionais e internacionais para O Imparcial. Ainda relutei um pouco, mas aceitei a tarefa.
A redação de O Imparcial era chefiada pelo jornalista Miécio de Miranda Jorge e integrada por proeminentes jornalistas. Alfredo Galvão, Aurilio Vieira de Andrade, Baptista Lopes, Merval Melo, Bandeira de Moraes. No comando do colunismo social a jornalista Maria Inês Sabòia, a mais importante do Maranhão. Na direção-geral o Dr. José Pires de Sabóia, que a tudo acompanhava.
Não fiquei muito tempo na Empresa Pacotilha, onde tinha em Pedro Freire e Raimundo Murilo os companheiros de uma mesma faixa etária. Mas, o trabalho na Difusora e os estudos deixaram o tempo muito escasso e optei por deixar O Imparcial.
Nesse período a Empresa Pacotilha já passava por uma renovação administrativa com a ascensão de Adirson Vasconcelos à direção-geral tendo em vista as novas funções dadas a José Pires Sabóia. Adirson fez uma grande administração, fazendo mudanças inclusive na redação colocando Pedro Freire como secretário de redação e responsável por toda edição do jornal.
Segunda Fase
Lá pelo ano de 1979/80, (não guardo muito as datas), recebi a visita do amigo Pedro Freire, na Radio Difusora, já no bairro da Camboa. E Pedro me convidou para ajudá-lo na feitura do Imparcial, principalmente da primeira página. Argumentei que não estava por dentro da redação e diagramação de jornais, mas ele convenceu-me e prometeu ajudar no que fosse preciso. Aceitei a empreitada.
Nesse tempo, administrava a Empresa Pacotilha o professor Raimundo Melo, com quem tinha pouco ou quase nenhum contato, já que quando começava o meu horário no jornal ele já tinha saído. Bom, para enxugar o texto, o professor Melo durou pouco tempo tendo em vista o retorno do Dr. Adirson Vasconcelos ao comando do jornal.
A Revolução
Com o dr. Adirson Vasconcelos começou a ter uma verdadeira revolução no Imparcial com a mudança da impressão do jornal tendo em vista a implantação da off-set, saindo da impressora plana. Foi a primeira grande novidade no fazer jornal em São Luís. Com Pedro Freire assumindo a direção-executiva, passei a função de Chefe de Redação com a responsabilidade de editar todas as páginas do jornal, exceção da página de Esportes, com Neres Pinto e da página policial, com Douglas Cunha.
Ao longo desse tempo, O Imparcial sofreu novas transformações com a chegada dos estagiários da Universidade Federal do Maranhão, levados pela professora Vera Sales, supervisora de estágio. A redação deixou de ser um tanto quanto amadora para ser altamente profissional com os jovens jornalistas fazendo um grande trabalho.
A essas alturas, as linotipos já estavam sendo aposentadas, com a impressão a frio, vindo então, uma equipe de digitadores. Os linotipistas se aposentaram e, de todos, apenas Agenor Boaventura foi para a área de revisão. Adirson Vasconcelos e Pedro Freire começaram a investir em equipamentos, modernos para a época, como o telex, radiofoto e o fim do clichê. Ou seja, as fotos eram passadas para o alumínio num processo que envolvia uma mistura química com ácido. Os clichês eram feitos por Moacir Bueno, que também era zagueiro do Maranhão Atlético Clube.
A Semente
Dentro de todas renovações introduzidas no jornal, Adirson Vasconcelos e Pedro Freire tiveram a sacada de realizar um grande seminário, envolvendo cientistas, economistas, políticos para pensar São Luís do Futuro. Foi assim quer nasceu a SEMENTE, que durante cinco dias, no casarão da Rua Afonso Pena a cidade foi discutida e apontadas soluções para alguns problemas. O que foi discutido ali, até hoje está atual. Quem quiser é só pesquisar no Caderno SEMENTE que eu e o jornalista Almeida Pontes editamos.
Era Pedro Freire
Adirson Vasconcelos após a modernização implantada em O Imparcial, foi convocado pela alta direção dos Diários Associados para dirigir, em Brasília, a Fundação Assis Chateuabriand. Para substitui-lo foi indicado o jornalista Pedro Baptista Freire, cuja posse foi realizada em grande solenidade no salão nobre do casarão da Rua Afonso Pena.
Para revigorar e modernizar o Departamento Comercial de O Imparcial, Pedro Freire contratou em Brasília o publicitário Luciano Coutinho, que formou uma grande equipe de corretores. Com a credibilidade e circulação de O Imparcial, o jornal teve uma grande saúde financeira, tendo as verbas publicitárias oficiais apenas como complemento. Daí vindo toda sua independência editorial.
Sem Interrupção
Os jornais de São Luís, exceção do Jornal Pequeno, não circulavam na segunda-feira ou após os feriados. Quando o presidente Tancredo Neves morreu, em 21 de abril de 1985, tivemos que fazer uma edição extra de O Imparcial que deu o maior trabalho. Ir buscar todo o pessoal em casa, e mais outras coisas. No dia seguinte, conversando comigo, Pedro Freire, no seu jeito tranquilo e firme de falar, comentou: – Se não houvesse parada no feriado não teríamos todo aquele trabalho, hein Gojoba? O tempo passou e não falamos mais sobre o assunto.
Em maio de 1994. Quando Ayrton Sena morreu tragicamente, num primeiro de maio, não houve edição extra de O Imparcial, mas, no dia seguinte, Pedro Freire estava determinado a publicar o jornal todos os dias. E assim começou a publicação ininterrupta. Quando anunciei a decisão na redação, houve alguma resistência, principalmente dos jornalistas mais velhos. Não teve jeito, a decisçao estava tomada. Nas duas primeiras semanas foi um sufoco. Apenas Waldemir Neres Pinto estava a postos produzindo, com gosto, a sua página de esportes.
No setor industrial, que confecciona o jornal, Francisco Sampaio, também, jogou duro para convencer o pessoal a trabalhar no domingo e feriado. Em um domingo, tive que fechar o jornal sozinho, exceção, claro, do esporte. Pior foi ir para a rua fazer a tal ronda policial. Mas, fomos em frente e o jornal se consolidou. Duas semanas depois, O Estado do Maranhão também, começou a sair na segunda-feira, com a reclamação, para comigo, do saudoso amigo Ribamar França, que o editava.
Redação Elite
Quando se fala, hoje, de valorização da mulher, O Imparcial já tinha essa meta há muito tempo. Tanto é assim que teve uma redação com a maioria de mulheres. Jaqueline Heluy, Érika Rosa, Vânia Rodrigues, Telma Amarilis Borges, Zezé Gomes Arruda, Ester Sá Marques…
Diagramação de Ponta
Em 1990/91, aportou no Casarão da Afonso Pena o Mário Garcês e sua tropa, ai incluindo o jovem Célio Sérgio. Com Mari Doihara e Luís Carvalho (Bomsó), partiu para a diagramação estabelecida previamente, com as páginas tendo seu espaço paragonado. Os repórteres deveriam fazer matérias com 30 linhas. No início, durante a adaptação, haja Gojoba cortar matérias. Uma semana depois, todos já estavam adaptados. Assim é O Imparcial com suas renovações constantes.
Fonte: https://oimparcial.com.br/noticias/2024/05/o-imparcial-renovacao-constante/