23 de novembro de 2024
“Não é preciso ter palavras para poder ter uma voz
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Marta Pereira da Costa/DR

Marta Pereira da Costa é a primeira mulher a tocar profissionalmente guitarra portuguesa em fado, mas sente que há mais mulheres interessadas e, consequentemente, o paradigma, de forma natural, está a mudar: por isso mesmo, relembra nomes como Mariana Martins, de Odemira, e Fernanda Maciel, entre outros. Começou a tocar piano com quatro anos e, aos oito, começou a tocar guitarra clássica. A guitarra portuguesa veio mais tarde, aos 18 anos, mas diz que o facto de ter começado a tocar guitarra clássica, antes, foi uma ajuda no processo de aprendizagem na guitarra portuguesa. O Sem Palavras, o seu novo disco a ser lançado dia 10 de maio, conta com a participação do pianista cubano Iván Melón Lewis, com forte influência jazzística e por quem Marta Pereira da Costa nutre uma grande admiração profissional. À CCA, relembrou que o pianista já conta com um Grammy Latino e referiu que “é um músico muito completo e com um nível mesmo muito alto a nível mundial, comparativamente com pianistas de topo que há pelo mundo. Arrisquei um pouco e fiz-lhe o convite porque acho que tinha muito a ganhar, a aprender com esta participação do Iván”, declarou.

Quanto ao Sem Palavras, contou também que se afirmou mais como compositora e explicou que escolheu, “então, quatro das composições novas para apresentar neste disco: uma surgiu da pandemia, que é O Tempo Parado, já o Memórias é uma música que compus em homenagem à minha avó materna. O Dia de Feira trata-se de um tema para simular as feiras, os mercados, os pregões, toda essa vida, cor e variedade que podemos encontrar nas feiras”, avançou. Quanto a Sem Palavras é sobre o amor incondicional que tem pelos seus filhos e os desafios de ser mãe. Trata-se também de um álbum que junta os dois instrumentos com os quais está mais à vontade, guitarra portuguesa e piano, o que a deixa particularmente feliz. O concerto de apresentação de Sem Palavras vai ser dia 11 de maio na Casa da Música, no Porto, e avança que tem “algumas surpresas preparadas, coreografias com os bailarinos incríveis. Portanto, vou juntar aqui várias artes e a ideia é que o público sinta e esteja no concerto com os sentidos todos muito despertos e, claro, que siga uma viagem connosco, do primeiro tema ao último.”

Começou a tocar guitarra portuguesa aos 18 anos, mas antes já tocava piano e guitarra clássica. Como foi passar de um instrumento com teclas — quer dizer, o piano é instrumento de cordas, mas acionado por teclas — para instrumentos puramente de cordas. Sentiu, no início, dificuldade?

Comecei a tocar piano com quatro e, com oito anos, tocava guitarra clássica: aí já foi a mudança. Depois, aos 18 anos, é que descobri a guitarra portuguesa e acho que o facto de ter aprendido guitarra clássica, antes, ajudou-me nos primeiros tempos em que tive contacto com a guitarra portuguesa por ser um instrumento de cordas, por ter a mão esquerda, que é a que pisa as cordas, já um pouco mais desembaraçada pelo tempo que tinha já tocado guitarra clássica. Portanto, o primeiro contacto com a guitarra portuguesa não foi assim tão difícil como se poderia esperar, se fosse uma pessoa a pegar na guitarra portuguesa sem ter qualquer outro contato com um instrumento de cordas. É, no entanto, um instrumento muito difícil. Tem uma técnica muito difícil pela questão de ter de usar as unhas postiças na mão direita, no polegar e no indicador, que é muito diferente da guitarra clássica em que usamos o polegar, o indicador, o dedo médio e o anelar. Mas acho que, realmente, o ter aprendido uns anos de guitarra clássica, antes, ajudou-me bastante nos primeiros tempos na guitarra portuguesa.

“Tradicionalmente, habituámo-nos a ver o a guitarra a ser acompanhada por homens e era preciso inverter isso, de uma forma natural. Na altura, com 18 anos, nem sequer pensava se havia mulheres, se não havia mulheres, queria era aprender a tocar guitarra. Queria era ir às casas de fado e aprender os fados. Depois, mais tarde, percebi que gostaria de ser uma referência para outras mulheres, meninas que, hoje em dia, tocam guitarra portuguesa, tocam nas casas de fado e aprendem guitarra.”

Marta Pereira da Costa

Mas, por exemplo, uma das diferenças da guitarra clássica para a guitarra portuguesa são as cordas. Na guitarra portuguesa as cordas estão dispostas aos pares, em dupla, na guitarra clássica não é assim. Houve dificuldade nesse sentido?

Sim, até porque as cordas são de material diferente: as cordas da guitarra portuguesa são cordas de aço, têm uma tensão muito grande, ou seja, estão muito esticadas, o que faz com que quando as pisamos com a mão esquerda, pelo facto das cordas serem muito fininhas e estarem muito esticadas, a pressão nos dedos é maior e provoca umas dores maiores do que se estivesse a pressionar as cordas de nylon numa guitarra clássica. Sim, lembro-me dos primeiros tempos em que fazia bolhas nos dedos e, ainda agora, há uns dias, estive em Viseu com uma menina de oito anos que toca guitarra portuguesa: coitadinha, tinha uma bolha branca nos dedos porque, realmente, é um instrumento duro — muito, muito duro — pelo facto das cordas serem muito fininhas e muito tensionadas quando as pressionamos. Quando, por exemplo, eu pressiono durante muito tempo, quando estou nas tournés, sinto que são agulhas que se estão a espetar nos meus dedos. Mas pronto, há formas de contornar um pouco isso, mas quando se toca ao vivo muitas vezes seguidas já sentimos, mesmo, aquela tensão das cordas na nossa carne.

Marta Pereira da Costa/DR

Mas o que é que, na altura, a impulsionou a tocar guitarra portuguesa e a ter curiosidade pelo instrumento?

Nos primeiros tempos foi o meu pai. O meu pai é o grande responsável para tocar guitarra portuguesa, hoje em dia. Não fez pressão, mas disse que gostava muito que eu aprendesse guitarra portuguesa porque gosta muito de fado, gosta muito do som da guitarra e eu, gostando tanto de música, porque não aprender também guitarra portuguesa? Decidi experimentar, ele foi procurar quem poderia ser o professor indicado para me dar aulas e chegou ao Carlos Gonçalves, foi o guitarrista da Amália e, a partir daí, da primeira vez, do primeiro contacto com a guitarra portuguesa e com o Carlos Gonçalves, fiquei apaixonada e quis continuar a saber mais, a aprender mais, a voltar às aulas. Trouxe uma guitarra para casa, logo na primeira aula, o meu pai começou-me a levar às casas de fado, já me levava antes, mas agora já era eu que pedia e que lhe fazia companhia nesses programas e pronto, depois foi uma vontade natural, uma aprendizagem natural de quem está a descobrir um instrumento novo.

Mas, de alguma forma, a sua família, o seu meio familiar também já era musical? Porque aprendeu a tocar piano muito cedo, também.

Aprendi muito cedo porque a minha educadora de infância comentou com os meus pais que eu tinha jeito e percebeu que tinha vontade e que a música despertava muita curiosidade em mim: percebeu que tinha jeito e que me podiam pôr a aprender um instrumento e, pronto, escolheu-se o piano. Era pequenina, mas gostava muito. A minha mãe conta-me que me ia buscar às aulas de piano e que eu me escondia em casa da minha professora de piano porque queria ficar lá, a continuar a tocar. Realmente, aquilo fazia-me muito feliz.

E quando começou a perceber que poderia trocar a área do seu curso por um percurso musical a sério?

Então, fiz o curso de Engenharia Civil, ainda exerci oito anos. Sempre quis seguir música, isso é verdade, essa vontade esteve sempre presente ao longo da minha vida. Mas, nos primeiros tempos, optei por um caminho mais seguro, até por influência dos meus pais, porque viver da música é muito arriscado. Então, primeiro, ganhar a base de ter um curso e, depois, poder optar, se quiser, por outros caminhos: foi isso que fiz. A música esteve sempre presente, lado a lado da engenharia, e depois de ter tido a experiência que foi gravar o disco com Rodrigo Costa Félix — na altura, era o meu marido — gravei um disco com ele e essa experiência foi muito importante para mim, marcou-me muito. Esse disco ganhou o melhor disco do ano pela Fundação Amália Rodrigues, o que também foi um reconhecimento do esforço e todo o empenho que fizemos nesse disco. Achei que se tivesse tempo para voltar a estudar música e ter mais experiências deste género, que podia fazer alguma coisa, algo de especial com a guitarra, uma vez que não havia mulheres a tocar fado, na altura. Havia a Luísa Amaro a tocar guitarra de Coimbra — e que toca guitarra de Coimbra – mas nos fados e nas casas de fado, para acompanhar fado, não havia ninguém. Era, assim, por isso, uma novidade eu circular pelas casas de fado e pensei: “Vou estudar isto a sério, vou querer fazer isto bem feito.” Acho que esse reconhecimento no disco “Fados de Amor” foi uma prova de que poderia continuar por esse caminho.

Mas ouvi numa entrevista, já de algum tempo, que a Marta dizia que não se sentia muito confiante na altura.

Sem dúvida, não me sentia de todo. Aliás, até tinha dito ao Rodrigo que deveria falar com o melhor guitarrista possível para ter um melhor trabalho, um melhor disco. Mas encarámos esse desafio que me fez, apenas, como teste e, claro, se não corresse bem, se não estivéssemos todos de acordo de que poderia ir para a frente, o disco, não iria. Portanto, por um lado, dei tudo mas, também, sabia que não ia prejudicar o Rodrigo e que, se não estivesse bem, algum guitarrista, o Mário Pacheco, o Luís Guerreiro, poderiam ir gravar a guitarra de uma forma mais profissional. Mas quis ver até onde é que conseguia chegar. Também acho que o meu background de música clássica me ajudou: já levava muitos anos de formação clássica para os arranjos, para as introduções, para algumas frases que fiz nas gravações, e consegui aproveitar um bocadinho desse meu conhecimento e passar para a guitarra. Depois, faltava-me técnica, faltava-me experiência. Lembro-me, quando fizemos os primeiros concertos de promoção desse disco, estava uma pilha de nervos. Coitado do Rodrigo, merecia um guitarrista mais profissional nessa altura para tocar e fazer bem os concertos, mas também fomos crescendo. O caminho faz-se caminhando.

Focou aí o guitarrista Mário Pacheco. Foi uma grande influência e ajuda para si, certo?

O Mário Pacheco foi, sem dúvida. Passava todos os dias no Clube de Fado, o Mário era o dono do Clube de Fado e o guitarrista do Clube de Fado, e eu ficava por lá, aprendia os fados dos fadistas que cantavam nessa noite, pedia para ele me ensinar as guitarradas, e ele levou-me aos primeiros concertos: foi ele que me levou e que me convidou para participar nos primeiros concertos que fiz, e por isso, é uma pessoa muito marcante e a quem devo muito. Teve muita paciência para me ensinar e ensinou-me muito.

É a primeira mulher profissional na guitarra portuguesa nas cordas de fado. Mas porque acha que este instrumento é tão pouco tocado por mulheres?

Acho que foi uma tradição que nunca se mudou. É muito difícil mudar as tradições. Há sempre muita resistência até que se consegue fazer essas mudanças, em tudo na vida. Acho que, tradicionalmente, habituámo-nos a ver o a guitarra a ser acompanhada por homens e era preciso inverter isso, de uma forma natural. Na altura, com 18 anos, nem sequer pensava se havia mulheres, se não havia mulheres, queria era aprender a tocar guitarra. Queria era ir às casas de fado e aprender os fados. Depois, mais tarde, percebi que gostaria de ser uma referência para outras mulheres, meninas que, hoje em dia, tocam guitarra portuguesa, tocam nas casas de fado e aprendem guitarra. A história, naturalmente, está a ser alterada.

Então acha que o paradigma pode mudar porque, também, além da Marta, fala-se da Mafalda Lemos, do Porto, entre outras.

A Mariana Martins, de Odemira; a Fernanda Maciel, que toca na Tasca do Chico e em outras casas de fado, em Lisboa. As coisas estão a mudar e tenho contacto com várias miúdas guitarristas que estão a aprender e trocamos vídeos. Acho, portanto, que agora já é uma coisa bastante natural. É preciso dar tempo para estas mulheres, miúdas, crescerem e desenvolverem a sua técnica. Acredito que nos próximos anos teremos aí muitas opções femininas.

Em concertos seus já surgiu acompanhada ao piano, também tem uma influência jazzística. No seu último disco, teve a colaboração, também ao piano, do Iván Melón Lewis, de Cuba, também muito ligado ao jazz. É importante esta abertura da guitarra portuguesa?

Acho que é importante criar pontes e, com essas pontes, também enriquecemos a a nossa música. A ideia é levar a guitarra portuguesa o mais longe possível — nunca perdendo a sua essência e a tradição — mas levando, também, a guitarra portuguesa e o que faço para o mundo e trazer o mundo para o fado e para a guitarra portuguesa. Isso consegue-se através de pontes com outros músicos, com outros instrumentos, e tenho procurado fazer isso.

Como surgiu a ideia da colaboração com o Iván Melón Lewis?

Então, em 2016 gravei o meu disco e conheci a Tara Tiba. A Tara Tiba, que é uma cantora iraniana, depois gravou o disco dela e apresentou-me o Melón e gravámos juntos no disco dela. Já não sei bem em que ano, talvez em 2019 [em 2019, Tara Tiba lançou o álbum Omid], e desde aí que mantivemos contato e tivemos uma empatia musical, já nessa altura. Tenho uma admiração enorme pelo Mélon, já ganhou um Grammy Latino, já foi premiado não sei quantas vezes, é um músico, também, com background clássico mas, depois, com aquela alma cubana, o ritmo e as influências jazzísticas que ele tem. É um músico muito completo e com um nível mesmo muito alto a nível mundial, comparativamente com pianistas de topo que há pelo mundo. Arrisquei um pouco e fiz-lhe o convite porque acho que tinha muito a ganhar, a aprender com esta participação do Iván. Felizmente, ele gostou do projeto e aconteceu: gravámos o Sem Palavras em Madrid.

Marta Pereira da Costa /DR

Acha que a guitarra portuguesa também tem conseguido gerar curiosidade no exterior?

Bastante. Noto isso nos concertos que tenho feito agora. Acabei de dar a volta ao mundo, literalmente. Em 35 dias, passei pela Austrália, em Hong Kong, Macau, depois vim para São Francisco, Savannah, Nova Iorque, e como é que é possível, do outro lado do mundo, este interesse. Portugal, neste momento, está na moda, por isso, as pessoas já vão conhecendo Portugal, mesmo em sítios mais distantes. Mas a guitarra portuguesa ainda tem muito para dar a conhecer e as pessoas, não conhecendo o instrumento, senti que se renderam ao timbre da guitarra e, no final dos concertos, esgotei os discos todos. Por isso, é mais um sinal de que as pessoas realmente gostaram e queriam mais. O feedback das pessoas, no final, as perguntas, a curiosidade, tudo isso é muito bom. É muito bom sentir que estamos a levar um bocadinho de Portugal mais longe, mais além, cada vez que toco no estrangeiro e tenho essa reação do Público.

O título de disco é curioso, Sem Palavras. Acha que a música sem letra também tem a capacidade de transmitir algo e ser mais transversal?

Então, não? Temos a música clássica, temos música sinfónica, e guitarra portuguesa tem muita alma e toca mesmo nas pessoas. Não é preciso ter palavras para poder ter uma voz e sinto isso cada vez que estou em palco.

O concerto do Tiny Desk, da NPR, também gerou bastante curiosidade. Como aconteceu o convite e como o recebeu.

Então, o convite surgiu em 2019, na minha primeira turné aos Estados Unidos, devido à possibilidade que tive de ir atuar e fazer show cases no festival de música South by Southwest, que é uma grande montra a nível musical, e consegui que o programador do Tiny Desk fosse assistir ao meu concerto, gostou muito e, na altura, entregou-me o cartão e disse que queria o meu concerto no Tiny Desk. Nem queria acreditar, isto em 2019, e marcámos para 2020 a atuação. Meteu-se, depois, a pandemia e foi cancelado. Em 2021 voltei aos Estados Unidos, toquei em Washington, onde são os headquarters [a sede] da NPR, e voltei a convidar o programador para esse concerto. Ele veio ao concerto e reforçou, novamente, o convite para ir tocar, para ir tocar ao Tiny Desk. Aí, já não perdi a oportunidade e marcámos uma data. Fui em Outubro do ano passado e, depois, o showcase passou em Novembro. Desde aí, tem sido uma loucura de convites, de oportunidades porque, realmente, aquilo é uma montra muito grande. Já tem mais de 750 mil visualizações em menos de meio ano e foi uma grande oportunidade que me aconteceu: estou a tentar aproveitá-la e a agarrá-la ao máximo.

Vai, então, apresentar o seu álbum na Casa da Música, disco esse que também vai ser no início de Maio. Expectante?

Muito, muito expectante e ansiosa. Estou com muita vontade de voltar a apresentar um projeto em Portugal e apresentar este projeto. É um projeto muito diferente, onde junto os dois instrumentos que me são mais familiares e com os quais estou mais à vontade. É um projeto num ambiente muito mais intimista, onde a guitarra portuguesa está muito mais destacada, onde apresento as minhas composições e, por um lado, no qual me procuro afirmar mais como compositora e como intérprete. Estou com muitas saudades do público português e de sentir a reação do público português a um projeto novo. Poder apresentar este disco com a presença do Iván Melón Lewis, no Porto, é incrível. Tenho algumas surpresas preparadas, coreografias com os bailarinos incríveis. Portanto, vou juntar aqui várias artes e a ideia é que o público sinta e esteja no concerto com os sentidos todos muito despertos e, claro, que siga uma viagem connosco, do primeiro tema ao último.

Então, este acabou mesmo por ser um disco em que acabou por se afirmar mais enquanto compositora, certo? Houve desafios nesse sentido?

Acho que não, porque as composições, à medida que vamos conhecendo melhor um instrumento, vão surgindo naturalmente, ou por desafios ou por estímulos que vamos tendo, e as músicas vão saindo. Escolhi, então, quatro das composições novas para apresentar neste disco: uma surgiu da pandemia, que é “O Tempo Parado”, já o “Memórias” é uma música que compus em homenagem à minha avó materna. “O Dia de Feira” trata-se de um tema para simular as feiras, os mercados, os pregões, toda essa vida, cor e variedade que podemos encontrar nas feiras. O “Sem Palavras”, que é no nome do novo disco, foi o último tema a ser composto e é difícil de explicar. O “Sem Palavras” tem muito a ver com os meus filhos e com o amor incondicional que lhes tenho; todos os desafios que há quando somos mães e, portanto, é sem palavras.

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Fonte: https://comunidadeculturaearte.com/marta-pereira-da-costa-nao-e-preciso-ter-palavras-para-poder-ter-uma-voz-e-sinto-isso-cada-vez-que-estou-em-palco/