
O menor é um festival de música eletrónica que assume o compromisso com o desconhecido, a diferença e a diversidade, manifestados num alinhamento em que os espetáculos são sempre de alguma forma inéditos, entre encomendas, estreias e concertos exclusivos. O programa centra-se no impulso inicial que deu origem à música eletrónica, um gesto futurista em defesa do novo e da procura de um espaço onde os artistas que não se reconhecem nos padrões dominantes encontram um lugar de expressão. Produzido pelo TAGV e com curadoria de Alexandre Lemos, o menor é um território de inquietude, pronto para ser habitado pelos amantes da música eletrónica mais vertiginosa.
Tiago Sousa é um pianista e compositor autodidata, desde 2006 a construir um caminho marcadamente minimalista e contemporâneo, especialmente a partir do momento em que começa a compor sob o signo da música orgânica.
Álbuns: Ripples on the Surface (Holuzam 2022); Organic Music Tapes (Sucata Tapes 2021-2025) e A Thousand Strings (Discrepant, 2024). Acostumado a compor com o desejo de pesquisa e descoberta, num processo de evolução constante que acontece de maneira aberta e partilhada, como um acontecimento relacionável, genuíno e honesto. As suas composições orgânicas formam nebulosas de sons com contornos indeterminados. Música que se desenvolve em processo gradual, onde a repetição e variação de pequenos motivos induzem percepções subtis e efeitos psico-acústicos, que, pela forma espontânea e natural como se cadenciam, aparece como se tecida pelo próprio tecido da vida – o mesmo que dá forma aos rios, aos veios da madeira, à fibra nos músculos ou às marcas numa pedra Jade.
Tem sido uma semana louca. Estou a preparar uma interpretação integral dos 4 volumes das Organic Music Tapes. É um acontecimento inesperado e pelo qual estou muito entusiasmado. Estamos a falar de um concerto com praticamente 3 horas.
Muitas vezes é a impaciência que governa a música. O papel que o compositor assume é o de gestor de expectativas. Quando assim é, sem um ponto de sustentação ou apoio na duração, perde-se o demorar. A música orgânica tem ensinado-me a cuidar de uma escuta demorada, do embelezamento da duração, que proteja da caducidade das coisas ao alimentar-se da lentidão e da perdurabilidade, da recordação e da memória.
Assim, quando recebi a proposta por parte do curador do Festival menor, Alexandre Lemos, para uma execução integral das Organic Music Tapes, percebi que tinha aqui uma oportunidade única para subverter as dinâmicas do tempo baseadas no consumismo. De certo que a economia de consumo sucumbiria se de súbito começássemos a cuidar da perdurabilidade e do sossego. — Tiago Sousa.
Tashi Wada, compositor e intérprete a viver em Los Angeles, Califórnia, cresceu cercado pelo avant-garde da cena Fluxus de Nova Iorque. Marilyn Bogerd, a sua mãe, é artista visual e o seu pai é o lendário compositor Yoshi Wada, uma figura-chave da música minimal.
Durante mais de uma década, pai e filho formaram uma das parcerias mais interessantes da música experimental e litúrgica, que culminou em Nue (2018), um disco que apresentaram um pouco por todo o mundo.
Concerto: Tiago Sousa Fotografia: Vera Marmelo Local: auditório TAGV Duração: 2H30 (c/2 intervalos) |
Interpretação integral dos 4 volumes das Organic Music Tapes M6 €10 — €7 |
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Tashi Wada regressa aos lançamentos com aquele que é o seu trabalho mais vulnerável e introspetivo até hoje. Escrito e gravado num período marcado pela morte do pai e pelo nascimento da filha com Julia Holter, What is not Strange? vê o compositor a refletir sobre a dicotomia do estar vivo e da mortalidade. Deixando a música guiar-se a ela mesma, este álbum tem uma paisagem quase surrealista, em que as formas densas e os contrastes prosperam.
Concerto: Tashi Wada Fotografia: Dicky Bahto Local: Capela Colégio das Artes Duração: 1H00 |
M6 €12 — €10 |
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Conteúdo patrocinado por Universidade de Coimbra.
Fonte: https://comunidadeculturaearte.com/terceira-edicao-do-menor-festival-de-musica-eletronica-com-tiago-sousa-e-tashi-wada-em-coimbra/