5 de março de 2025
Versão alternativa de famoso soneto de Shakespeare é descoberta em
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Uma descoberta rara foi feita pela pesquisadora Leah Veronese, da Universidade de Oxford, na Inglaterra: uma cópia manuscrita do Soneto 116 de William Shakespeare, com adaptações significativas. 

O documento estava entre os papéis de Elias Ashmole, monarquista do século 17 e fundador do Museu Ashmolean. Relatado em um artigo publicado na revista Review of English Studies, o achado traz uma nova perspectiva sobre como o poema foi interpretado e reutilizado ao longo da história.

Veronese encontrou o manuscrito na Biblioteca Bodleian enquanto trabalhava em sua pesquisa de doutorado. O texto fazia parte de uma miscelânea, um tipo de coletânea que reúne diferentes obras literárias. Essas coleções eram comuns na época e muitas vezes refletiam debates políticos e religiosos do período.

Cópia manuscrita do Soneto 116 de William Shakespeare, com adaptações significativas, descoberta por pesquisadora inglesa. Crédito: Universidade de Oxford

O que chamou a atenção da pesquisadora foi que o soneto apresentava uma linha extra no início e não mencionava Shakespeare no catálogo da biblioteca. Esse detalhe pode ter feito com que o poema passasse despercebido por séculos. O catálogo descrevia o texto apenas como um poema “sobre constância no amor”, sem identificar sua origem.

Outro aspecto surpreendente é que essa versão do soneto foi adaptada como canção pelo compositor Henry Lawes. Embora o manuscrito encontrado traga apenas o texto, a partitura da música pode ser consultada em um livro de canções preservado na Biblioteca Pública de Nova York. Para adaptar o soneto à música, foram adicionadas sete linhas e alterados trechos do início e do final.

No texto original de Shakespeare, os versos iniciais dizem:

“Que eu não admita impedimentos para o casamento de mentes

verdadeiras; amor não é amor

Que se altera quando a alteração encontra”

Já na versão descoberta por Veronese, o poema começa de maneira diferente:

“O erro auto-cegante se apodera de todas aquelas mentes

Que com falsas denominações chamam aquele amor

Que se altera quando as alterações encontram”

Pesquisadora Leah Veronese, que encontrou o manuscrito raro de Shakespeare. Crédito: Universidade de Oxford

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Versos de Shakespeare têm significados que vão além do amor romântico

As mudanças podem ter sido feitas para ajustar a métrica da música, mas também permitem uma possível interpretação política e religiosa. Durante a Guerra Civil Inglesa, muitos artistas e escritores usavam metáforas para expressar opiniões sobre os conflitos entre monarquistas e republicanos.

O manuscrito encontrado estava entre outros textos carregados de significados políticos, como canções natalinas proibidas e poemas satíricos sobre a crise da década de 1640. No contexto monarquista de Ashmole, as mudanças no soneto podem ter transformado o poema em um apelo à lealdade ao rei e à constância na fé.

Segundo a professora Emma Smith, especialista em Shakespeare na Universidade de Oxford, o Soneto 116 é hoje um dos mais famosos do autor, mas não era amplamente conhecido na época. Essa nova versão mostra que os versos do escritor foram reinterpretados e politizados, ganhando significados que vão além do amor romântico.

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Fonte: https://olhardigital.com.br/2025/03/04/ciencia-e-espaco/versao-alternativa-de-famoso-soneto-de-shakespeare-e-descoberta-em-manuscrito-raro/